O novo esquema vacinal para a prevenção da poliomielite (antigamente conhecida como paralisia infantil) já está em vigor em todo o Brasil. A tradicional vacina oral contra a poliomielite (VOP), popularmente conhecida como “gotinha”, foi substituída desde o dia 4 de novembro pela vacina inativada injetável (VIP), que é considerada mais segura e eficaz.
É importante seguirmos todas as orientações das autoridades de saúde, porque vai ser sempre melhor para nossos filhos”, disse Luana Leite Siqueira, de 42 anos, que levou o pequeno Maike Siqueira Cardoi, de 2 anos, para receber a nova vacina injetável em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A cidade tem apostado na imunização coletiva para barrar a volta de doenças como a pólio. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a vacina VOP foi aplicada como reforço somente até o dia 27 de setembro, depois disso todas as doses dessa vacina foram recolhidas.
A secretária de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, reforça a importância dos responsáveis em manter a caderneta de vacinação das crianças atualizada. “Não deixe de procurar a unidade de saúde mais próxima e proteja o seu pequeno contra a poliomielite. A vacinação é um ato de amor e responsabilidade”.
Mais eficácia e segurança na imunização
De acordo com médico pediatra Antonio Condino-Neto, alergista e imunologista pela USP, a substituição da vacina oral (VOP) pela injetável (VIP) foi motivada por critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais.
A VIP, contendo o vírus inativado, oferece maior segurança, eliminando o risco, embora raro, de poliomielite associada à vacina, que poderia ocorrer com a VOP, que utilizava vírus atenuados.
Além disso, países como Estados Unidos e nações europeias já adotaram esquemas vacinais exclusivos com a VIP, portanto essa mudança na vacinação da polio alinha o Brasil às práticas internacionais”, explica o especialista em Imunologia, que também é diretor científico na Clínica Alergológica.
Segundo ele, a adoção exclusiva da VIP visa aumentar a eficácia e a segurança da imunização contra a poliomielite. Isso porque a vacina inativada injetável induz uma resposta imunológica robusta sem o risco de reativação viral presente na vacina oral.
Essa mudança fortalece a proteção das crianças e contribui para a manutenção do status do Brasil como país livre da poliomielite há mais de três décadas”, esclarece.
Leia mais
Vacina da pólio passa a ser injetável: será o fim do Zé Gotinha?
Não estão faltando vacinas no Brasil, diz Ministério da Saúde
Você sabe o que é a poliomielite e o que pode provocar nas crianças?
Entenda o novo esquema de vacinação contra a pólio
A VIP já faz parte do calendário de vacinação das crianças aos 2, 4 e 6 meses de vida. No entanto, agora com o novo esquema, o reforço que antes era feito com a gotinha com um ano e três meses (15 meses) e aos quatro anos foi substituído por apenas um reforço da vacina injetável aos 15 meses.
As doses recomendadas da vacina contra poliomielite injetável devem ser:
- 2 meses – 1ª dose (VIP injetável)
- 4 meses – 2ª dose (VIP injetável)
- 6 meses – 3ª dose (VIP injetável)
- 15 meses – dose de reforço (VIP injetável)
E quem já tomou a gotinha?
A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói esclarece que as crianças que já iniciaram o esquema vacinal com a vacina oral (VOP) e tomaram o 1º reforço com a gotinha, deverão tomar uma dose da VIP, respeitando o intervalo de 30 dias após a última dose da VOP (excepcionalmente nesta situação). Quem já recebeu as três doses da vacina VIP e dois reforços com a vacina VOP, não precisará tomar nenhuma dose e o esquema é considerado completo.
Efeitos colaterais e cuidados pós-vacinação
Dr. Condino-Neto explica que há diferenças nos perfis de efeitos colaterais entre as vacinas. A VOP, por conter vírus vivos atenuados, pode apresentar um risco – ainda que muito raro – de causar poliomielite associada à vacina.
Já a VIP, por ser composta de vírus inativados, não apresenta esse risco, e os seus efeitos colaterais são geralmente leves: podem incluir dor ou vermelhidão no local da injeção, febre moderada, dor de cabeça ou dores no corpo, desaparecendo entre 24 a 48 horas.
Após a vacinação, é comum que a criança apresente reações leves, como dor ou vermelhidão no local da injeção e febre moderada. Por isso, minha recomendação é manter a área da aplicação limpa e seca e observar se a criança apresenta qualquer reação adversa. Em caso de dúvidas ou reações intensas, os pais devem procurar orientação médica”, alerta o especialista.
Com Assessorias
[…] Pólio: o que você precisa saber sobre a nova vacina injetável […]