Após oito tentativas em três anos tentando engravidar, os empresários André Tonanni e Helio Heluane são finalmente dois papais por processo de fertilização in vitro (FIV) e barriga solidária, com o auxílio de uma amiga que se prontificou a gerar o bebê. A felicidade do casal se completou finalmente nesta sexta-feira (6), no hospital e maternidade Santa Joana, em São Paulo, onde nasceu o filho Filippo.
Mas, além de todas as dificuldades encontradas para ter um filho no Brasil, o casal homoafetivo ainda passou por mais um desafio nessa fase final, com a recusa do pagamento do parto do bebê por parte do convênio médico Omint.
“No momento em que precisamos do convênio, nos deparamos com situações desagradáveis justo em uma hora de fragilidade. Estamos com nosso filho em um apartamento que deveria ser arcado pelo convênio, mas não teremos essa assistência. Somos um casal gay e só podemos ter esse benefício se a “mãe” fizer parte do plano. Mas nosso filho não tem mãe. Somos dois papais”, contaram eles ao ViDA & Ação.
Entenda o imbróglio
Após a confirmação da gravidez e próximos à data do parto, o convênio médico de André e Helio informou que não faria o reembolso do parto e da hospedagem no hospital.
Eles não estavam contando com essa despesa integral, pois já tinham investido em oito tentativas anteriores para engravidar, realizando um processo de fertilização in vitro com alto custo no país.
Após entrarem com uma liminar na justiça, o pedido foi negado em primeira e segunda instância ao casal gay. Um casal heterossexual, amigos de Helio e Tonanni, entrou com o mesmo pedido e teve o reembolso aprovado.
De acordo com a advogada de André e Helio, Ana Paula Calouro, o entendimento do juiz de primeira instâancia, Guilherme Fervoglia Gomes Dias, e do desembargador Cláudio Marques, plantonista que analisou a liminar em agravo de Instrumento, foi que pelo fato de a doadora temporária de útero ter convênio médico, não se vislumbrou urgência na análise dos pedidos liminares e, dessa forma, o mérito não foi apreciado.
“Se o casal paga dois convênios médicos (da barriga solidária e dos próprios pais), os empresários entendem que ambos os convênios deveriam estender as mesmas condições de cobertura ao filho do casal homoafetivo, mediante filiação pelos dois papais, independente da sexualidade ou configuração familiar”, explica a advogada.
“É uma emoção indescritível”, diz Hélio
“E começou a mais nova aventura das nossas vidas. A chegada do Filippo veio para consolidar a nossa familia e provar que casais gays também podem ter filhos.
Nosso processo foi demorado, árduo e difícil, mas a persistência e desejo de ser pais foi mais forte e conseguimos vencer todas as batalhas juntos.
Filippo nasceu com 2.990kgs e 48cm (a comprovar, porque acho que eh maior kkkk) Já está mamando bem sua fórmula e super tranquilo. Capricorniano ❤️
É uma emoção indescritível segurar e sentir o cheirinho de recém-nascido . Quem disse que não existe amor à primeira vista? Agora cada dia é uma novidade, uma aventura, com novas histórias para contarmos!”.
Chegada do bebê celebra união de 12 anos do casal
História virou projeto para inspirar outros casais gays
“Estamos realizando um sonho com a chegada do nosso filho, nós sabemos o quanto é difícil o processo de FIV no Brasil para casais gays. Por isso, nossa luta está só começando, queremos dividir nossas experiências, erros e acertos para ajudar outras famílias que sonham em ter filhos”, ressalta Tonanni.