Estomia é a comunicação entre um órgão interno com o ambiente externo. A cirurgia de confecção da estomia é o procedimento pelo qual um indivíduo, seja adulto ou criança, necessita passar para criar uma abertura, um orifício, de um órgão para o meio externo do corpo no corpo, que vai funcionar como um caminho alternativo para seu funcionamento, como a eliminação das fezes e urina ou para auxiliar na respiração.
Segundo o Ministério da Saúde, existem cerca de 400 mil pessoas com algum tipo de estomia no Brasil. As ostomias podem ser temporárias ou definitivas e entre suas causas estão enfermidades como câncer, Doença de Chagas, doenças inflamatórias, malformações congênitas, traumas abdominoperineais e doenças neurológicas, entre outras. Por necessitar de cuidados específicos, os ostomizados são considerados pessoas com deficiência física.
Existem vários tipos de estomias como a traqueostomia, que é a estomia respiratória, a gastrostomia, que é a estomia de alimentação, e as estomias de eliminação, como a colostomia, a ileostomia e a urostomia. No caso das estomias de eliminação, a partir da cirurgia de ostomização, o indivíduo passa a armazenar os fluidos corpóreos em uma bolsa coletora externa, que fica presa ao abdômen.
O Congresso Nacional recebe iluminação verde na noite desta quarta-feira (19/11) em referência ao Dia Nacional dos Ostomizados. Criada pela Lei nº 11.506/2007, em homenagem a fundação da Sociedade Brasileira dos Ostomizados (Abraso), a data, que é celebrada em 16 de novembro, tem o objetivo de combater o preconceito contra as pessoas com estomia por meio da disseminação de informações a respeito da condição.
Nova vida após a doença de Chron graças à estomia
Pessoas com ostomia enfrentam o desafio de lidar com a necessidade de uma bolsa externa para a eliminação de resíduos corporais. Diagnosticada em 2003 com Doença de Crohn, doença inflamatória crônica que afeta o trato gastrointestinal, a enfermeira Manie de Andrade vive com uma estomia desde 2015.
Fiz diversos tratamentos que tiveram sucesso apenas por um tempo determinado. Então, no intervalo entre os ciclos de medicamentos tive um quadro mais grave com abscessos, estenose e perfuração intestinal. Foi nesse momento que a estomia chegou na minha vida”, descreve Manie.
Um dos principais sintomas da doença de Crohn são a cólica abdominal e a diarreia, que podem começar de forma súbita ou gradual. Mesmo tendo que passar por uma adaptação, a estomia foi essencial para que ela voltasse a ter qualidade de vida.
Tenho o diagnóstico de uma forma grave da Doença de Crohn. Quando passei pela cirurgia, eu estava em uma crise muito difícil. Estava tendo dias de dores, depressão e crises de ansiedade. Mal saía de casa. Então, a estomia me proporcionou viver. Nos últimos anos eu sobrevivi”, admite.
Manie concorda e conta que tem uma rotina normal, faz musculação, dança, além de sair com amigos e construir relacionamentos como qualquer pessoa. “Uso uma bolsa que tem o tamanho perfeito para mim, com o fechamento em velcro. Por ser super flexível, ela contribui na facilitação de atividades simples como amarrar um tênis, por exemplo”.
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Cada tipo da estomia pode apresentar uma dificuldade diferente
A estomaterapeuta Maria Angela Boccara de Paula, mestre e doutora em enfermagem e membro titular emérito da Sociedade Brasileira de Estomaterapia, presidente do Comitê de Educação do WCET (World Council of Enterostomal Therapist), conscientizar as pessoas é fundamental, porque a estomia impõe muitos desafios para a vida de quem é acometido pela condição. Segundo ela, cada tipo da estomia pode apresentar uma dificuldade diferente.
Uma estomia de eliminação, por exemplo, implica na utilização de um equipamento coletor, que precisa estar aderido a pele. Por isso, é importante que a bolsa seja adequada ao perfil corporal da pessoa, para prevenir intercorrências como a dermatite de contato irritativa, causada por vazamentos ou adesivos não amigáveis à pele”, esclarece.
Maria Angela explica que o processo de adaptação pode levar um tempo, já que se trata de uma situação muito delicada. “São necessidades íntimas que fazemos de forma privativa e ter que utilizar um equipamento coletor que fica a mostra pode ser bastante constrangedor, até para adaptar as vestimentas e evitar que o equipamento apareça”.
A estomaterapeuta afirma que é possível ter uma vida normal, seja no trabalho, na família, no convívio social. As pessoas com estomia podem viajar, nadar, praticar esportes, ter vida sexual, pois hoje em dia as bolsas coletoras são muito boas.
O uso correto do equipamento adequado ao perfil de cada um determinará mais qualidade de vida porque transmitirá mais confiança. É sobre ter a certeza de que será possível sair com segurança, pois seu equipamento não vai vazar”, destaca.
Cordão de girassol ajuda a combater o preconceito
A especialista acredita que o uso do cordão de girassol proporciona mais autonomia, segurança e qualidade de vida para quem convive com doenças ocultas.
O estigma em torno de condições como a ostomia muitas vezes resulta em um sofrimento silencioso. Por isso a conscientização e a educação são vitais para romper o ciclo de desconhecimento e preconceito. O Cordão de Girassol, ao oferecer um sinal discreto de identificação, atua como ponte para respeito e compreensão”, destaca.
Para a enfermeira Manie de Andrade, o Dia Nacional dos Ostomizados é importante para conscientizar o público a respeito da condição. “Por mais que você não veja, algumas deficiências existem. É preciso aprender a lidar e falar com as pessoas com mais educação e respeito”. E deixa uma mensagem otimista para quem está passando pelo problema agora:
Eu sei que alguns momentos podem ser bem difíceis. A adaptação leva um tempo. Se você fez cirurgia recentemente, espero que seus dias melhorem mais e mais. Lembre-se de viver! A vida é passageira. E nem sempre nos damos conta disso. Converse com seu médico, busque o equipamento mais adequado para você. Informe-se sobre seus direitos, busque-os e seja feliz”, conclui.
Com Assessorias




