Não há quem já não tenha notado o surgimento de inchaço nas pernas, principalmente nos pés, ao chegar em casa após um longo dia. E durante o verão e as altas temperaturas muitas pessoas costumam notar mais inchaço e retenção de líquidos.

“Por serem responsáveis por sustentar o peso do corpo e devido ao efeito da própria gravidade, os pés, automaticamente, são o local de maior acúmulo de líquido do organismo, sendo os primeiros a demonstrar inchaço independentemente da causa”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

A médica explica que, no geral, o inchaço é benigno e regride rapidamente.  Por mais que esses sintomas sejam comuns nesta época do ano e, normalmente, se resolvam sozinhos com hidratação e alimentação, alguns casos podem evoluir para problemas circulatórios mais sérios. Por isso, é preciso ter atenção redobrada na temporada de calor para evitar possíveis complicações. Observar os pés pode ser uma boa estratégia para identificar que algo não vai bem com o organismo.

Quando o inchaço pode ser sintoma do lifedema

Braços e pernas inchados podem ser sintomas, por exemplo, de linfedema, uma doença crônica causada por uma alteração no sistema linfático, que não consegue absorver completamente as linfas, líquido presente em todo o corpo. Quando ele não funciona corretamente, ocorre um acúmulo deste líquido, causando inchaço excessivo dos membros, de acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular.

“Muitas vezes, o inchaço que aparece em uma região específica do corpo, como braços e pernas, pode ser confundido com inchaço por conta do calor, lesões ou outros problemas passageiros. Quando isso acontece, acabamos não dando a devida atenção ao sintoma”, declara  Renata Taylor, fisioterapeuta e consultora da HTM Eletrônica, especializada em equipamentos eletromédicos e estéticos.

As consequências do inchaço anormal incluem fadiga na região, sensação de peso, dificuldade ao se movimentar, dor incômoda na área afetada e mudanças na pele, como descoloração, bolhas, vazamento de fluido e infecções. O linfedema não tem cura, mas existem tratamentos que auxiliam na melhora da qualidade de vida do paciente.

Uma opção eficiente e recomendada é a pressoterapia, massagem pneumática realizada por um equipamento que envolve a região a ser tratada, estimulando o fluxo ideal do sistema linfático. O aparelho em questão é chamado de Beauty Dermo Maxx; ele possui botas e luvas compostas por vários compartimentos independentes entre si, programados para inflar e desinflar com a ajuda de um compressor pneumático, gerando os estímulos circulatórios necessários para aliviar os sintomas.

“A pressoterapia pode proporcionar benefícios terapêuticos, como favorecer a circulação de retorno tanto linfática quanto venosa. A terapia de compressão é um método que exerce pressão no membro de fora para dentro, o que aumenta a drenagem das veias e da linfa, evitando, assim, o acúmulo de fluidos e os consequentes inchaços e incômodos”, afirma Renata.

Exercícios específicos, fisioterapia, drenagem linfática, cuidados com a pele e o uso de bandagens elásticas também são indicações muito comuns para o linfedema, mas podem também envolver o uso de medicamentos associados a terapias localizadas.

Causas comuns do inchaço nas pernas

Para ajudar aqueles que sofrem com o problema recorrentemente, a especialista apontou algumas causas comuns do inchaço na região. Confira:

Calor: Após um dia puxado e quente, é comum que algumas pessoas notem o surgimento de inchaço nas duas pernas. “No calor, todo sistema circulatório, tanto arterial como venoso, sofre com um processo de vasodilatação, no qual os vasos sanguíneos se alargam. Isso faz com que o sangue circule mais lentamente no sistema venoso, com consequente retenção de líquido e sensação de aquecimento no local. Além disso, as veias ficam mais aparentes e há um aumento na predisposição à vasinhos e varizes”, diz a médica.

Longos períodos sentado: inchaço também pode ser resultado de que passarmos muito tempo sentados por causa do trabalho ou de uma viagem. “A musculatura da panturrilha, responsável por bombear o sangue e ativar a circulação, fica parada quando estamos sentados, dificultando a circulação, o que pode causar retenção de líquido e, consequentemente, inchaço e sensação de pernas pesadas e cansadas”, afirma a cirurgiã vascular.

Gestação: Há várias causas para o edema fisiológico que surge na gravidez. “O problema pode estar relacionado, por exemplo, a fatores hormonais, visto que, durante a gestação, a progesterona é liberada em excesso, aumentando a dilatação das veias do organismo e tornando-as flácidas, o que pode levar ao inchaço”, explica a Dra. Aline Lamaita. “Além disso, o inchaço pode estar relacionado a pressão no útero exercida pelo bebê, já que, conforme cresce, o feto passa a comprimir a Veia Cava, que fica dentro da barriga, elevando assim a pressão nas veias das pernas e prejudicando terrivelmente o retorno do sangue das pernas para o coração.”

Uso de medicamentos: Existem algumas medicações que também estão envolvidas no inchaço dos pés e tornozelos, por aumentarem a vasodilatação. “Essas medicações utilizadas como anti-hipertensivos podem causar o inchaço, principalmente na população mais idosa. E a própria hipertensão arterial também pode favorecer o surgimento dessa alteração nas pernas quando não está devidamente controlada”, acrescenta a especialista.

Lipedema: Maior tendência ao acúmulo de líquido também é um sinal de lipedema. “Trata-se de uma condição caracterizada pelo acúmulo de tecido gorduroso com aumento desproporcional no tamanho principalmente das pernas e quadris, apesar de também afetar os braços em um menor número de casos”, explica a cirurgiã vascular. Outros sintomas da doença incluem aumento simétrico do tamanho dos membros, sensação dolorosa ao toque e aumento da frequência de hematomas espontâneos.

Outros problemas circulatórios: Condições circulatórias também têm relação com o acúmulo de líquidos, como a trombose. “A insuficiência venosa, as famosas varizes e a síndrome pós-trombótica também têm como consequência o inchaço crônico nas fases mais avançadas, geralmente associado a dermatites, escurecimento da pele no local e até aparecimento de feridas”, explica a Dra. Aline Lamaita.

O linfedema, por causar alterações no sistema linfático, frequentemente também leva a um inchaço crônico e pode evoluir para deformidade do membro. “Porém, é importante não confundir o linfedema com o lipedema. Ao contrário do lipedema, o linfedema não é simétrico e não causa sensação dolorosa ao toque. Mas vale ressaltar que o lipedema, em seus estágios mais avançados, pode levar ao surgimento de linfedema.”

Causas sistêmicas: inchaço nos pés e pernas também pode ocorrer por problemas mais generalizados no organismo, como alterações na tireoide e nos hormônios femininos, na menopausa por exemplo, pois levam a uma vasodilatação que favorece o acúmulo de líquidos. “Outra causa sistêmica do inchaço é o mau funcionamento dos rins, que está relacionada a um acúmulo de líquido importante em todo o corpo, pois, em quadros de insuficiência renal, os rins deixam de filtrar e expelir a urina, gerando um desequilíbrio hídrico que também se manifesta nas pernas”, conta a médica.

A Dra. Aline reforça que, se o inchaço regredir facilmente com o repouso ou após uma noite de sono, não é preciso se preocupar. “Nesses casos, é possível adotar medidas para melhorar o desconforto e ajudar a reduzir o inchaço, como elevar as pernas no final do dia, fazer compressas frias com chá de camomila, evitar o consumo de sal, beber bastante água e praticar exercícios físicos”, aconselha a especialista.

Porém, se o edema é frequente, persistente, unilateral ou associado a outros sintomas, como dor, coceira e vermelhidão, é fundamental procurar um cirurgião vascular. “O médico poderá realizar uma avaliação para verificar a existência de algum problema mais sério, além de indicar estratégias para ajudar a diminuir o acúmulo de líquidos, como o uso de medicações e meias elásticas de compressão”, finaliza.

Com Assessorias

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