Tradicional marco comemorativo do calendário cristão, o Domingo de Páscoa é o ponto alto da programação que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, encerrando a Semana Santa após o fim da Quaresma, iniciada na Quarta-feira de Cinzas, que termina no Sábado de Aleluia.

Segundo a tradição cristã, Jesus passou 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério público. Neste período, muitos cristãos, especialmente católicos, praticam a penitência, a oração e o jejum (principalmente de carne vermelha) como uma preparação espiritual.

Ao longo desse período, o peixe se torna a principal proteína para muitas famílias. A preferência pelo consumo de peixes, ao invés de carnes, na Sexta-feira Santa ou da Paixão, que antecede o Domingo de Páscoa, é uma tradição que muitos não entendem a origem. Esse momento é destinado à privação e ao sacrifício, por isso, a restrição ao consumo de frango e carne seria associada a uma “penitência” pela morte de Cristo para os religiosos.

Para além da tradição da Quaresma e, principalmente, da Semana Santa, marcada por receitas saborosas com peixes, indispensáveis no cardápio da comemoração, este é um dos alimentos mais consumidos pela população brasileira o ano todo, por ser uma opção saudável, de alto valor biológico e excelente fonte de proteínas, minerais e rico em nutrientes e gorduras boas.

Além do bacalhau – o peixe mais consumido nesta época do ano – o consumo de pescado fresco em diversas preparações é sempre recomendado por nutricionistas. O consumo de pescado ao menos uma ou duas vezes por semana é sempre muito bem vindo.

Vantagens de comer peixe: quais são os mais saudáveis?

Nem todos sabem dos reais benefícios que esse alimento traz para a saúde. Meydson Souza, nutricionista e professor da Uninassau – Centro Universitário Maurício de Nassau Paulista, explica quais são as vantagens do consumo do peixe.

“Por conter proteína de alto valor biológico, os peixes constituem fontes de aminoácidos essenciais, assim como retinol, ferro, zinco, vitamina D, vitamina E, cálcio, iodo, selênio e elevadas quantidades de ômega 3. O peixe também pode prevenir o surgimento de doenças cardiovasculares, fortalecer os ossos e dentes e melhorar a memória.”

Entre os tipos de peixes, existem os classificados como gordos e magros. Todos podem ser consumidos, não trazendo prejuízos a saúde. Eles são ricos em ômega 3, que atuam como anti-inflamatórios potentes, podendo reduzir o surgimento da aterosclerose (acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas artérias) e evitar complicações cardíacas, como o infarto.

Pescados na Brasa: Peixes e frutos do mar são opções mais buscadas em restaurante na Semana Santa (Foto: Berg Silva / Divulgação)

“Por isso, o indicado é comer pescado, pelo menos, três vezes na semana, pois é uma maneira de fortalecer o sistema imunológico”, indica o nutricionista. Fazem parte do primeiro grupo atum, salmão, sardinha, arenque, dourado e cavala. Em relação aos magros, há bacalhau, linguado, corvina, pescada, merluza e robalo.

“Presente também no pintado, na anchova, na tainha, no bacalhau e na truta, o ômega 3 auxilia na manutenção de níveis adequados de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e a hábitos de vida saudáveis”, ressalta a nutricionista Jacqueline Toledo Hosken, mestre em Saúde Coletiva.

Camarões, siris, mariscos, lulas e polvos também fazem parte de uma alimentação saudável e são fontes naturais de proteínas, ferro, zinco, cálcio, magnésio, selênio, fósforo, iodo, cobre, e vitamina B12. Uma outra opção é o sushi. É muito comum encontrarmos nos sushis o atum, o salmão e o arenque, dentre outros frutos do mar.

Para evitar complicações, o sushi precisa ser consumido em temperatura ideal e armazenado de forma correta. Caso contrário, a proteína perde seu valor nutricional, além de acumular microorganismos nocivos à saúde.

“No momento de consumir o peixe, adicione legumes e verduras, aumentando o valor nutricional da sua refeição. Alguns vegetais que podem ser utilizados na preparação dos pescados são brócolis, couve-flor, abóbora e abobrinha”, lembra o nutricionista.

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Atenção para a qualidade do pescado na hora da compra

É chegada a hora das compras para o feriado da Páscoa. A tradição de comer peixe nesta época do ano deve contribuir significativamente para movimentar a economia do Estado do Rio, que tem o terceiro maior litoral do país.

No Mercado São Pedro, em Niterói, um dos principais pontos de venda da Região Metropolitana, a expectativa é que a data aumente em 50% o volume comercializado de pescado. A previsão da Associação dos Comerciantes do Mercado São Pedro é que sejam vendidas 30 toneladas de peixes, como linguado, sardinha e salmão, além de camarões e outros crustáceos.

Atenção na hora da escolha do pescado (Foto: Lissandra Silva / Divulgação SES-RJ)

O período também alerta sobre os cuidados que os consumidores devem ter ao adquirir os principais itens que fazem parte da lista de insumos, como o tradicional pescado da Sexta-Feira da Paixão. Especialistas da Superintendência de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) orientam sobre os cuidados, que passam desde a escolha, no mercado ou peixaria, a conservação e o preparo.

“A refrigeração é muito importante. O pescado deve ficar sobre o gelo. A carne deve estar úmida, firme e sem manchas, com as escamas aderidas ao corpo. As guelras devem estar vermelhas, os olhos brilhantes e salientes, e as nadadeiras endurecidas”, orienta a nutricionista da SES-RJ Jacqueline Toledo Hosken.

Um teste eficiente é fazer uma leve pressão com o dedo no peixe. “Se for fresco, ao retirar o dedo, a musculatura volta ao normal. Se não, a marca fica na carne. No caso da compra de filé de peixe, peça para que seja cortado na hora”, recomenda.

Quem opta pela compra do peixe fresco deve seguir alguns cuidados durante a compra, segundo a presidente do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio), Aline Borges.

“Os olhos dos peixes têm que ocupar toda a órbita, com as guelras avermelhadas, as escamas com aderência e a textura firme. O consumidor só deve comprar peixes com o ventre íntegro, pois quando esta parte se rompe, é um alerta de estágio avançado de alteração. É preciso tirar as vísceras antes de armazená-lo, para que tenha uma validade mais extensa”, recomenda Aline.

Sanitarista alerta para cuidados no transporte de pescados


Jussara de Moura Salgado, sanitarista da Coordenação de Vigilância e Fiscalização de Alimentos da secretaria, explica que o pescado de tipos diferentes não devem estar uns sobre os outros no local de venda. “Polvos e lulas devem ter a carne consistente e elástica. Mariscos frescos só podem ser vendidos vivos”, acrescentou.

Cuidados com relação à conservação e ao transporte do pescado também são observados por especialistas. Peixes congelados devem estar devidamente embalados e conservados em temperaturas adequadas.

“Seja que tipo de pescado for, o ideal é, logo após a compra, transportá-lo de forma rápida e, se possível, em caixa isotérmica com gelo, no caso dos frescos. O peixe refrigerado ou congelado deve ser imediatamente armazenado na geladeira ou freezer. No local de preparo, deve-se acondicionar em recipiente limpo e com tampa, mantendo na refrigeração até o momento de cozinhar”, orienta Jussara.

Alerta para o falso bacalhau

Já os secos, com o bacalhau e outras variações, devem ser armazenados em local limpo. O bacalhau salgado deve estar em local limpo e protegido de poeira e insetos. “Verifique se não há presença de mofo, ovos ou larvas de moscas, manchas escuras ou avermelhadas, limosidade e odor desagradável”, recomenda a sanitarista Jussara.

Quem não abre mão do preparo de um saboroso bacalhau deve prestar atenção na aparência do produto, conferindo se tem manchas avermelhadas e pontos pretos, que indicam a presença de bactérias e/ou fungos. O sal desse pescado deve ser grosso, pois o fino é proibido”, completa a sanitarista da SES-RJ, Jussara de Moura Salgado.

O consumidor também deve ficar de olho nos peixes comercializados como bacalhau, mas que na verdade não são da espécie. Somente os tipos Gadus morhua e Gadus macrocephalus são considerados legítimos. O primeiro é conhecido no Brasil como Porto ou Porto Mohua; o segundo, como Portinho ou Codinho.

Aline Borges, presidente do Ivisa-Rio, lembra que os consumidores devem desconfiar do chamado bacalhau do Porto com preço muito baixo e espessura fina.

“É preciso deixar claro que os peixes Saithe, Ling e Zarbo, muito consumidos entre os brasileiros e com custo mais baixo, não são bacalhau e devem ser comercializados como pescados salgado ou salgado e seco”, destaca.

Atenção para o preparo dos pescados na Semana Santa

Um dos pescados mais consumidos nesta época o bacalhau tem várias formas de preparo saudáveis, como grelhado (Foto:
Freepik)

Tradicionalmente tratado como um bom alimento, a nutricionista Yumi Kuramoto, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca que tudo vai depender de como o pescado é preparado e servido na mesa.

“Embora os estudos científicos respaldem os benefícios do consumo de peixe, a qualidade nutricional da refeição também é influenciada pelo preparo e pelos acompanhamentos selecionados. Optar por métodos de cozimento saudáveis e acompanhamentos nutritivos pode maximizar os benefícios para a saúde associados ao consumo de peixe”, ressalta.

Difundido no Brasil pelos portugueses, o bacalhau é um pescado muito consumido nessa época do ano e a especialista destaca as formas de preparo mais saudáveis.

“Assado, pois não requer a adição excessiva de gordura; grelhado, pois permite que a gordura escorra durante o processo de cozimento; cozido no vapor preserva os nutrientes e o sabor natural do peixe; estufado ou ainda como salada”, destaca.

Independentemente do método escolhido, lembre-se de priorizar ingredientes frescos e de alta qualidade, como o azeite de oliva extravirgem, ervas frescas e vegetais coloridos. “Além disso, modere no consumo de sal, dessalgue-o muito bem, e evite adições excessivas de gordura durante o preparo”, recomenda.

Sábado de Aleluia: volte a comer carne vermelha aos poucos

Na hora de escolher as carnes para o churrasco do Sábado de Aleluia, outra tradição em muitas famílias brasileiras, a orientação da Ivisa-Rio é verificar a cor, a textura e o odor, assim como a data de validade. Qualquer alteração nessas características significa que o produto não está próprio para consumo.

Quem guarda o jejum de carne vermelha ao longo da Quaresma, nada de cair de boca naquela churrascada no Sábado de Aleluia. A nutricionista recomenda que deve-se voltar a consumir o alimento com cuidado.

“Nesses casos  é importante dar um pouco mais de atenção para a digestão e colaborar com ela, com uma introdução gradual. Comece com porções menores e vá aumentando para permitir que o sistema digestivo se ajuste. Opte por cortes magros como contrafilé ou patinho e evite os muito gordurosos, como picanha ou costela. Mastigue bem a carne para facilitar a digestão e reduzir o desconforto gastrointestinal”, explica.

Ela também lembra de não esquecer de equilibrar o prato com uma variedade de saladas, legumes grelhados e opções ricas em fibras, como feijão e cereais integrais. “Beba bastante água durante o dia todo para ajudar na digestão e evitar a desidratação”, afirma. Se optar por consumir álcool, faça-o com moderação e intercale com água para manter-se hidratado.

“Limite o consumo de bebidas alcoólicas, optando por alternativas mais saudáveis, como água com limão ou chás gelados sem açúcar. Tenha em mente que as confraternizações tem um objetivo muito além da comida, foque na socialização e conversas”.

Escolha e compartilhamento de chocolates

Em diferentes formatos e sabores, os ovos de chocolate são uma tradição da Páscoa (Foto: Freepik)

Em relação aos chocolates, os produtos pré-embalados, como ovos e bombons, devem ser armazenados e expostos segundo orientação do fabricante. O ideal, segundo a Vigilância Sanitária, é que estejam em local fresco e arejado, sem umidade, longe de produtos de limpeza ou com intenso odor, e sem contato direto com a luz solar.

As condições dos produtos devem ser observadas e os chocolates amolecidos devem ser evitados. Além disso, é importante verificar se os produtos têm rotulagem com as informações nutricionais, ingredientes, data de fabricação e validade. Outra informação obrigatória é a de presença (ou não) de glúten, lactose e demais ingredientes alergênicos.

No tradicional almoço do domingo de Páscoa, onde as pessoas costumam comer em excesso, a nutricionista orienta os mesmos cuidados na hora da celebração à mesa. Não tem como falar de páscoa sem considerar os ovos e sobremesas de chocolate. Mas a especialista salienta que é possível, sim, aproveitar as gostosuras dessa época.

“Em vez de se privar completamente, faça escolhas conscientes e opte por porções moderadas. Escolha chocolates com maior teor de cacau, que tendem a ser mais ricos em antioxidantes e têm menos açúcar. Desfrute de pequenas porções com moderação, saboreando cada mordida, apreciando o sabor e a textura. Ao receber ou comprar ovos de chocolate, compartilhe com amigos e familiares. Dividir os doces com outras pessoas não apenas reduz a quantidade de consumo individual, mas também promove momentos de convívio e socialização”.

CuriosidadeS da páscoa

Diferente do que muitos pensam, a Páscoa é considerada uma “festa móvel”, pois não possui um dia fixo no calendário civil para ser comemorada. Neste ano, por exemplo, a Páscoa será em 31 de março, mas ano passado, foi em 9 de abril.

Os principais símbolos da Páscoa costumam gerar dúvidas nas pessoas: por que coelhos e ovos representariam a data se eles não possuem nenhuma relação? Para os cristãos, o ovo remete à vida e ao renascimento, fazendo jus à ressureição de Cristo.

Já a associação ao coelho, surgiu no século XVI, na Alemanha, pois o animal se reproduz rapidamente, simbolizando a fertilidade e a nova vida.

Com Assessorias

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