A morte do Papa Francisco, de 88 anos, nesta segunda-feira (21), em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) fulminante, abre espaço para uma discussão importante sobre saúde cardiovascular em pessoas idosas, diagnóstico precoce e cuidados preventivos.
O Papa enfrentava um histórico clínico delicado, com pneumonia bilateral, bronquiectasias, hipertensão arterial e diabetes tipo II — fatores que elevam consideravelmente o risco de um AVC“, diz Miguel Antônio Moretti, coordenador da Cardiologia do Hospital Vitória Anália Franco, autor de seis livros e com diversos trabalhos publicados.
Um dos maiores problemas globais de saúde pública, o AVC, também conhecido como derrame cerebral, é a segunda maior causa de morte e o terceiro fator mais incapacitante do mundo. É o que indica dados da World Stroke Organization (WSO) ou Organização Mundial do AVC. Pior: a entidade calcula que últimos 10 anos o risco global de AVC entre adultos acima dos 25 anos passou de 1 para 4 no mundo.
No Brasil não é diferente. Só em 2024 foram 110 mil casos de AVC com crescente participação de jovens segundo o Ministério da Saúde. Se nada for feito para conter este avanço, a estimativa da WSO é de que em 2050 o custo global dos acidentes vasculares cerebrais atinja US$ 1,6 trilhão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% das doenças que afetam o coração são ocasionadas por fatores que podem ser controlados e modificados com uma rotina mais saudável. A medicina tem avançado, melhorado o tempo do diagnóstico e tratamentos, mas a prevenção para a doença passa por um estilo de vida saudável, focado na boa alimentação e prática de atividade física.
O AVC é uma doença grave que pode levar à morte. E o estilo de vida saudável é fundamental para salvarmos vidas, com atividade física regular, alimentação adequada, controle da pressão arterial, diabetes e obesidade”, reforça o neurorradiologista intervencionista, Gelson Koppe, que atua no Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR).
AVC: confira seis sintomas iniciais da doença
Conhecer os sinais e buscar ajuda rápido previnem sequelas motoras e cognitivas graves, que podem complicar a qualidade de vida da pessoa afetada pela comorbidade
Você sabe identificar os sintomas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC)? Essa doença, que em 2023 vitimou 112.052 mil pessoas no país e até agosto de 2024 causou a morte de 50.133 brasileiros, segundo dados do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil e da Sociedade Brasileira de AVC (SBACV), faz com que o nosso corpo emita sinais de alerta.
O AVC acontece quando os vasos que levam o sangue e oxigênio ao cérebro se rompem ou entopem, fazendo a morte desta região cerebral e muitas vezes causando danos e sequelas irreversíveis. Por isso o tempo é primordial, já que a estimativa é que a cada minuto que o cérebro fica sem receber sangue, 2 milhões de neurônios morrem.
Entre os principais sintomas que podem indicar que alguém está tendo um AVC, estão a fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna; confusão mental; fala enrolada ou dificuldade em entender o que é falado; alteração na visão; perda de equilíbrio, coordenação ou tontura e dor de cabeça súbita e intensa.
Entre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares que aumentam a chance de desenvolver AVC estão a hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, sedentarismo e histórico familiar.
Leia mais
Papa Francisco, 88 anos, morre de AVC após complicações da pneumonia
Cada segundo conta: socorro no AVC mais rápido em Niterói
Pós-AVC: como lidar com as sequelas e melhorar a qualidade de vida
Remédio injetável para emagrecer reduz o risco de infarto e AVC
SUS inclui novo tratamento para AVC isquêmico grave
Os principais sintomas do AVC
- Fraqueza e formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo;
- Confusão mental, alteração da fala ou compreensão;
- Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
- Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
- Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
A conscientização sobre os sintomas do AVC e o conhecimento sobre como buscar ajuda ao identificar os primeiros sinais da doença é o que fará total diferença na futura qualidade de vida do paciente”, explica Carisi Polanczyk, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS).