No dia 18 de setembro, celebra-se o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma, uma data que reforça a importância de consultas oftalmológicas desde os primeiros meses de vida e de exames capazes de identificar alterações visuais silenciosas em crianças.

O retinoblastoma é um tipo raro de câncer ocular que afeta crianças, principalmente até os 5 anos. A doença representa de 3% a 4% dos casos de câncer infantil, com uma média de 400 diagnósticos por ano no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

Apesar da gravidade, quando descoberto e tratado no início, o retinoblastoma pode garantir mais de 90% de chances de cura, além de possibilitar a preservação da visão da criança. Os sinais iniciais, no entanto, costumam passar despercebidos, entre eles, o reflexo esbranquiçado na pupila em fotos com flash (“olho de gato”) e o estrabismo.

Paula Delegrego, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da Rede Vision One, alerta que “um dos sinais da doença é o reflexo branco que fica visível na pupila em fotos tiradas com flash, em vez do reflexo vermelho normal. A criança também pode apresentar estrabismo, o chamado olho “torto” que aparece de repente.

Outros indícios que podem levantar suspeita são diferença no tamanho das pupilas, baixa visão, olhos vermelhos frequentes ou inflamação ao redor dos olhos.  Embora esses sintomas nem sempre signifiquem câncer, é fundamental que os pais levem a criança ao oftalmologista para uma avaliação”.

De acordo com a médica, “o Retinoblastoma acontece por causa de uma alteração em um gene chamado RB1, que normalmente funciona como um “freio” para evitar que surjam tumores no corpo. Essa alteração pode ser herdada de um dos pais e se manifestar antes do primeiro ano de vida, muitas vezes nos dois olhos, podendo ser transmitida para os descendentes no futuro.

No entanto, na maioria dos casos, a alteração acontece depois que a criança nasceu e a doença surge somente após o primeiro ou o segundo ano de vida, atingindo geralmente apenas um dos olhos”.

O retinoblastoma pode se apresentar de três maneiras. De acordo com a A.C. Camargo Cancer Center, a forma mais comum é a unilateral, que atinge apenas um olho e representa entre 60% e 75% dos casos, sendo geralmente esporádica.

A forma bilateral, que acomete os dois olhos, é quase sempre hereditária e costuma ser diagnosticada em idades mais precoces. Já a forma trilateral, mais rara e agressiva, ocorre apenas em casos hereditários bilaterais e envolve o surgimento de um tumor adicional no cérebro, conhecido como PNET (tumor neuroectodérmico primitivo).

Teste do Olhinho ainda na maternidade

A prevenção do Retinoblastoma começa ainda na maternidade, com a realização do Teste do Olhinho no recém-nascido, exame que também auxilia no diagnóstico de outras doenças oculares. O teste consiste em direcionar um feixe de luz para os olhos do bebê a fim de observar se o reflexo é vermelho e simétrico. Em caso de reflexo esbranquiçado ou ausência de reflexo, ele deverá ser encaminhado a um oftalmologista para exames mais detalhados.

O Teste do Olhinho deve ser realizado três vezes por ano, até os três anos de idade e, periodicamente, até os cinco anos. Além disso, é muito importante que a criança faça seu primeiro exame oftalmológico entre os seis meses e o primeiro ano de vida, ou o quanto antes, se houver histórico de Retinoblastoma na família.

O principal exame para confirmar a doença é o mapeamento de retina, em que o médico dilata a pupila da criança e visualiza toda a parte interna do olho. Podem ser solicitados ainda exames oculares mais específicos e testes genéticos para confirmar a alteração no gene. De acordo com a Dra. Paula Delegrego, o tratamento depende do tamanho e da localização do tumor, se a doença está em um olho ou nos dois.

O objetivo é sempre salvar a vida da criança, preservar o olho quando possível e manter a visão. Quando o tumor é muito grande e o olho já não enxerga, pode ser necessário retirar o globo ocular, em uma cirurgia chamada enucleação. Já quando o tumor é menor, temos mais opções de tratamentos”.

A especialista cita alguns dos procedimentos adotados para tumores menores:

-laser, que destrói as células do tumor;

-crioterapia, que congela o tumor até eliminá-lo;

-quimioterapia, para diminuir ou eliminar o tumor e ajudar o laser e a crioterapia a funcionarem melhor;

-radioterapia localizada (braquiterapia), em que uma pequena placa com material radioativo é colocada próxima ao olho para destruir as células do câncer.

Quando descoberto cedo, as chances de cura do Retinoblastoma são muito altas. Mas é essencial que a criança faça acompanhamento regular com o oftalmologista e com o oncologista, para poder tratar possíveis recidivas assim que elas apareçam. Principalmente nos primeiros anos após o fim do tratamento existe o risco de o câncer ocular ressurgir no olho tratado.

Outra medida importante é fazer testes genéticos e aconselhamento para a família, porque em alguns casos os irmãos ou filhos do paciente podem ter risco de desenvolver a doença.

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Retinoblastoma: um tumor que dá sinais claros – e pode ser 100% curado

O retinoblastoma é o câncer ocular mais comum na infância e atinge cerca de 400 crianças por ano no Brasil, a maioria com menos de cinco anos de idade. Apesar de ser 100% curável quando diagnosticado precocemente, ainda provoca cegueira e até a morte em casos de diagnóstico tardio ou falta de acesso a tratamento especializado.

O principal sintoma é o chamado “olhinho de gato” – um reflexo branco que aparece na pupila, especialmente em fotos com flash. Estrabismo, vermelhidão ocular e baixa visão também são sinais de alerta. Mais de 90% dos casos são percebidos primeiro pelos pais ou cuidadores, mas muitas vezes os sinais são subestimados por profissionais de saúde.

Não podemos aceitar que metade dos casos no Brasil ainda chega tardiamente ao diagnóstico. Estamos falando de uma doença curável, desde que reconhecida cedo e tratada em centros especializados”, alerta o oncologista pediátrico Sidnei Epelman, diretor do Serviço de Oncologia Pediátrica do Santa Marcelina Saúde e presidente da Associação TUCCA.

Agenda Positiva

Monumentos pelo Brasil serão apagados em ato simbólico por câncer ocular infantil

Santuário Cristo Redentor, Theatro Municipal e Sala São Paulo já confirmaram apoio à campanha nacional

Um gesto simples, mas de enorme impacto: apagar as luzes. Nessa quinta-feira, 18 de setembro, às 19h30, monumentos em diferentes cidades brasileiras – entre eles o Cristo Redentor (RJ), a Igreja da Pampulha (Belo Horizonte), o Theatro Municipal de São Paulo e a Sala São Paulo, na capital paulista – ficarão às escuras em uma ação coordenada que simboliza a cegueira causada pelo retinoblastoma, tipo de câncer ocular que afeta crianças desde os primeiros anos de vida.

A iniciativa faz parte de uma mobilização nacional da TUCCA – Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer, entidade referência no tratamento da doença, que lidera o movimento de conscientização sobre a doença há mais de 20 anos.

Desde 2001, a TUCCA promove ações públicas e campanhas educativas que ajudaram a instituir o 18 de setembro como o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. Neste ano, a campanha será divulgada em múltiplas frentes – redes sociais, televisão, rádio, imprensa, além da mobilização de monumentos e espaços históricos.

O lema “Olhinho diferente, pediatra urgente” segue reforçando a mensagem central: atenção aos primeiros sinais pode salvar a visão e a vida das crianças.

Mobilização crescente pelo Brasil

A mobilização se fortalece a cada ano. Além do Santuário Cristo Redentor – parceiro da causa há mais de uma década – novos monumentos e edifícios históricos se unem à campanha em diferentes regiões do país. A ideia é simples e poderosa: quanto mais luzes se apagarem, mais olhos se abrirão para os sinais da doença.

Queremos transformar cada monumento apagado em um farol de informação. Quando a sociedade entender que o retinoblastoma é curável se diagnosticado precocemente, podemos mudar a realidade de muitas famílias todos os anos”, destaca Eliana Cardinali, diretora institucional da TUCCA.

Tecnologia, tratamento integral e impacto social

Centro de Atenção Integral à Criança com Retinoblastoma, mantido pela TUCCA em parceria com o Hospital Santa Marcelina Saúde, em Itaquera (SP), é referência nacional. O espaço reúne equipe multidisciplinar e tecnologias de ponta – como a RetCam, equipamento que permite diagnóstico precoce e preciso – além de terapias modernas, como a quimioterapia intra-arterial, que já têm salvado não apenas vidas, mas também a visão de muitas crianças.

O impacto vai além da saúde: ao preservar a visão e oferecer cuidado integral, a TUCCA ajuda crianças a manterem qualidade de vida, desenvolvimento educacional e integração social.

Campanha ‘De Olho nos Olhinhos’ já alcançou mais de 100 milhões de brasileiros

A campanha ‘De Olho nos Olhinhos’ foi idealizada pelo casal Daiana Garbin e Tiago Leifert (Foto: Danilo Borges) 

A campanha “De Olho nos Olhinhos”, criada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, visa conscientizar a população e a classe médica sobre a importância do diagnóstico precoce de retinoblastoma. Pais da pequena Lua, diagnosticada aos 11 meses com retinoblastoma, eles decidiram usar sua experiência pessoal e visibilidade para alertar outras famílias.

O diagnóstico tardio da doença de sua filha os motivou a lutar para que outras crianças tenham um final diferente. A campanha, que já alcançou mais de 100 milhões de brasileiros, é um chamado para que pais e responsáveis fiquem atentos aos sinais da doença e procurem ajuda profissional.

Queremos que os pais estejam cada vez mais atentos, que saibam identificar os sinais e possam buscar ajuda rapidamente. Nossa missão é fazer a informação circular, antecipar a ajuda no diagnóstico e trazer essa condição para o debate social”, destaca Daiana Garbin, mãe de Lua, hoje com 4 anos de idade.

Segundo ela, a campanha não tem o intuito de alarmar, pois muitos desses sinais podem ser provocados por outras condições clínicas. Por isso, é essencial consultar um médico se a criança apresentar qualquer alteração nos olhinhos para que a causa seja devidamente investigada.

Novo app apoia famílias de crianças com câncer do GRAACC

Objetivo da tecnologia é oferecer mais autonomia aos pacientes em tratamento contra o câncer infantil

No dia 12 de setembro, durante o lançamento da campanha “De Olho nos Olhinhos”, Tiago Leifert e Daiana Garbin anunciaram a doação de uma nova tecnologia que promete melhorar a experiência de pacientes e familiares atendidos pelo Hospital do GRAACC. O anúncio do app Meu GRAACC acontece no mês dedicado à conscientização do retinoblastoma, tumor ocular mais comum na infância, geralmente diagnosticado em crianças de até 5 anos.

Mais do que uma ferramenta digital, o Meu GRAACC nasce para acolher famílias e oferecer mais autonomia durante o tratamento oncológico de seus filhos. Nele, pais e responsáveis terão acesso rápido a informações importantes sobre a jornada de tratamento. Tudo com o objetivo de diminuir possíveis dúvidas e agilizar atendimentos.

O aplicativo foi desenvolvido voluntariamente pela empresa de tecnologia Vockan e entre as principais funcionalidades estão: agendamento de consultas e procedimentos, acesso a resultados e orientações sobre exames, como preparo e cuidados antes da sua realização. Inicialmente, o uso será destinado para os pacientes em tratamento de retinoblastoma e, posteriormente, será ampliado, gradualmente, para todos os atendidos do hospital.

O Meu GRAACC é mais do que um aplicativo, é um recurso que traz praticidade, promovendo o envolvimento do paciente e de sua família no cuidado da saúde. Quando os pais têm as informações claras sobre os cuidados necessários, os pacientes ficam mais protegidos e preparados para cada etapa da jornada”, afirma Carla Macedo, médica oncologista do GRAACC.

O aplicativo Meu GRAACC é gratuito e pode ser baixado nas lojas virtuais Google Play e App Store.

Shoppings também abraçam a campanha De Olho nos Olhinhos

A campanha ‘De Olho nos Olhinhos’ acontece simultaneamente em diversos shoppings do Brasil, unindo forças para levar a informação a um público amplo e diversificado. Para as crianças, o ambiente é acolhedor e divertido, com atividades de colorir, pipoca e brindes, tudo oferecido gratuitamente.  A ação ocorre na semana do Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma (18 de setembro).

Dez shoppings do grupo ALLOS recebem equipes de apoio e conscientização para ampliar o debate sobre a doença. O Plaza Sul Shopping recebeu no dia 13 a embaixadora da campanha “De Olho nos Olhinhos com sua equipe, para tirar as dúvidas e conversas sobre o tema. No estande da campanha foram realizadas atividades lúdicas, como oficinas de pintura, brincadeiras interativas e a presença de mascotes, enquanto médicos conversam com os pais, trazem informações e realizam até um teste rápido.

Shopping de Uberlândia recebe ação para conscientizar sobre o retinoblastoma

O Center Shopping Uberlândia também recebeu no dia 13 a edição da campanha “De Olho Nos Olhinhos”, como parte do Setembro Dourado, que chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil.

Promovida pelo Grupo Luta Pela Vida, em parceria com o setor de Oncopediatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh), a iniciativa tem como objetivo disseminar informações sobre a doença e reforçar os sinais de alerta que devem ser observados nas crianças.

Participaram da ação oncologistas e oftalmologistas pediátricos, além de residentes, pesquisadores e voluntários do Grupo Luta Pela Vida. Embora não sejam realizados exames oftalmológicos no local, os profissionais esclareceram dúvidas de cuidadores sobre o retinoblastoma, além de distribuir materiais informativos.

Rede de apoio

A divulgação da campanha De Olho nos Olhinhos é coordenada nacionalmente pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e tem o apoio das mais importantes entidades médicas do Brasil: Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB),  Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia (SBOO) e Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP).

Também são apoiadores o Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Hospital do GRAACC, St. Jude Children’s Research Hospital, Aliança Amarte, Coniacc- Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer, a Associação Brasileira das Ligas Acadêmicas de Oftalmologia (Ablao) e Associação Acadêmica de Pediatria (AAP).

Neste ano a campanha recebeu apoio internacional com o suporte da International Society of Ocular Oncology (ISOO), da Sociedade Latino-Americana de Oncologia Pediátrica (SLAOP) e da Childhood Cancer International (CCI).

Com Assessorias

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