Mais um Outubro Rosa chegou e uma série de ações são anunciadas por diversas empresas e instituições para incentivar a prevenção ao câncer de mama – e mais recentemente também do câncer de cólo do útero. Um estudo brasileiro publicado este mês no periódico internacional Public Health in Practice fez uma avaliação do impacto das ações de conscientização realizadas durante o Outubro Rosa e o número de mamografias realizadas no Brasil.

A médica Vivian Antunes, oncologista do Grupo SOnHe – Oncologia e Hematologia, formado por 11 médicos que fazem atendimentos nos mais importantes centros de tratamento do câncer de Campinas-SP, explica que de acordo com a publicação, o impacto durante o próprio mês de outubro e os dois meses subsequentes é extremamente positivo. Há um aumento significativo na realização das mamografias quando comparada aos três trimestres anteriores do ano.

Durante o Outubro Rosa, o aumento chega a 33% em novembro e dezembro. Os exames também têm alta, representando respectivamente 39% e 22%, quando comparados à média de mamografias realizadas nos primeiros nove meses do ano. Assim, os números reforçam a importância de desenvolvermos ações de conscientização com a população.

Para André Sasse, fundador e CEO do Grupo SOnHe, diante dos resultados deste estudo, é possível afirmar enfaticamente que as ações do Outubro Rosa são eficazes.

“Podemos afirmar que há um reflexo direto das ações do Outubro Rosa e as mamografias realizadas no Brasil devido às campanhas, o que mostra que a conscientização sobre o câncer de mama e a educação em saúde são necessárias e devem ser incentivadas não apenas pelas sociedades médicas, mas por toda a sociedade”, afirma.

No entanto, ressalta o médico, é preciso enfatizar que as campanhas devem seguir constantes, o ano todo, e não somente em outubro já que se observa uma queda no número médio de exames em até 20% de janeiro a setembro.

Em Campinas, de acordo com relatório do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), publicado no ano passado, 45,3% das mulheres com câncer de mama estão em um tratamento paliativo, pois já estão na chamada fase metastática da doença, considerada avançada e com menos chances de cura.

“Nos chama a atenção a estatística de Campinas, que possui o Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 195 bilhões, o quinto maior do país, e 97% da população vive em zona urbana. A cidade deveria ter números melhores, ainda mais sabendo que mais de 40% da sua população possui planos de saúde. Por isso temos a certeza de que é preciso mais conscientização da população feminina sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce”, ressalta André Sasse.

Chance de cura sobe para 95% com diagnóstico precoce

Mamografia em dia significa grande probabilidade de descobrir o câncer de mama em estágios iniciais, o que significa uma chance de cura perto dos 95%. Lembrando que o autoexame é um aliado das mulheres para que conheçam seu corpo, aprendam a sentir suas mamas, suas peculiaridades. Mas não é suficiente.

Segundo André Sasse, a comunidade médica, empresas ligadas ao segmento de saúde e o setor público precisam oferecer excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento para a população, além de investir o ano inteiro em ações de conscientização sobre câncer.

“Não há mais espaço para menções como ‘aquela doença’. Precisamos falar abertamente com a população sobre prevenção, sinais de alerta, opções de tratamento e finitude de vida com dignidade, clareza e transparência, pois uma população bem informada poderá colaborar para melhorias no contexto geral do cuidado de sua saúde”, destaca o médico.

*André Sasse é oncologista e professor de pós-graduação na FCM-Unicamp, coordenador do Departamento de Cancerologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO) e do Grupo Cooperativo Latino-Americano de Pesquisa (LACOG).

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