Policiais civis e promotores públicos deflagraram uma operação para desmantelar um forte esquema de comercialização ilegal de anabolizantes, sem autorização ou fiscalização de órgãos de vigilância sanitária do Rio de Janeiro, que vendia para todo o Brasil. Desde abril de 2013, a prescrição médica de anabolizantes é proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) devido aos riscos potenciais à saúde dos usuários, podendo levar a diversos problemas graves, inclusive à morte.

A Polícia Civil informou que vai aprofundar as investigações sobre o financiamento de empresas da quadrilha que produzia anabolizantes clandestinos no Rio de Janeiro para influenciadores e organizações de fisiculturismo. Até a atriz pornô Elisa Sanches (foto) já fez propaganda para as fórmulas vendidas ilegalmente. As substâncias eram produzidas de forma caseira e clandestina, sem fiscalização das autoridades sanitárias.

Os criminosos ainda usavam nas suas fórmulas substâncias tóxicas e nocivas para seres humanos, até mesmo repelentes de insetos. remédios contra sarna e piolho. Os produtos eram promovidos e comercializados por meio de sites e redes sociais, sem informações sobre os riscos à saúde, induzindo os consumidores a comportamentos prejudiciais.

Na Operação Kairós, o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ) e a Polícia Civil, por meio da 76ª Delegacia de Polícia (Niterói), prenderam 15 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema, em 18 endereços para busca e apreensão, no Rio de Janeiro e Brasília.

As investigações do GAECO/MPRJ identificaram as marcas Next Pharmaceutic, Thunder e Plus Suplementos como parte do “conglomerado” envolvido na venda de anabolizantes. Segundo os promotores, os criminosos vendiam, expunham à venda e distribuíam produtos sem registro no órgão de vigilância sanitária competente, de procedência desconhecida e adquiridos de empresas sem autorização das autoridades sanitárias.

A operação é resultado de denúncia do GAECO/MPRJ à Justiça contra 23 pessoas pelos crimes de associação criminosa, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais e crimes contra as relações de consumo.

As investigações tiveram início em junho de 2024, após uma parceria do Setor de Inteligência da Polícia Civil com os Correios, o que possibilitou identificar grandes quantidades de remessas de substâncias anabolizantes enviadas diariamente por encomenda para diversos locais do Rio de Janeiro, bem como destinatários em outros estados.

 

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Prejuízo de mais de R$ 500 mil

No decorrer da investigação, a Polícia Civil identificou, com vendas em plataformas online e redes sociais, uma movimentação de mais de R$ 80 milhões pelas contas bancárias de alguns dos investigados. Ainda neste período, foram apreendidas mais de duas mil substâncias ilícitas que seriam remetidas, o que gerou um prejuízo de mais de R$ 500 mil ao grupo criminoso.

Segundo a polícia, os investigados são responsáveis por diversas marcas. Como estratégia para maximizar as vendas, o grupo investigado patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais, além de remunerar influenciadores digitais para alavancar as vendas.

Também foram identificados diversos operadores financeiros do bando. Eles pulverizavam a entrada e saída de quantias milionárias para dificultar possíveis investigações. A Justiça determinou o bloqueio das contas bancárias de todos os envolvidos.

Os denunciados responderão por associação criminosa, crime contra a saúde pública e crimes contra o consumidor. As investigações prosseguem para identificar os revendedores, influenciadores e atletas patrocinados para multiplicar as vendas do grupo criminoso. Eles chegavam a receber mais de R$ 10 mil mensais para promoção da marca.

 

Saiba mais sobre a operação do MPRJ

Os mandados obtidos pelo GAECO/MPRJ junto à 5ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo são cumpridos em endereços localizados na Capital (Irajá, Vicente de Carvalho, Guadalupe, Méier e Olaria) e mais três municípios: Niterói, São Gonçalo, e Maricá. Também há um mandado de busca e apreensão no Distrito Federal. O GAECO/MPRJ também obteve ordem judicial de bloqueio de R$ 82.062.506,00 da conta dos denunciados.

As investigações tiveram início em meados de 2024, a partir de postagens identificadas pelo setor de Segurança dos Correios e comunicadas à Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Decon). Estima-se que, desde o início das investigações, tenham sido apreendidos 1.150 frascos contendo substâncias anabolizantes e que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 82 milhões no período.

O GAECO/MPRJ ressalta que, apesar de expressivo, o número de encomendas identificadas e retidas pelos Correios representa apenas cerca de 10% do total efetivamente distribuído pelo grupo. Os denunciados comercializavam as substâncias para clientes localizados em 26 estados brasileiros.

Fonte:  MPRJ

 

 

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