Muito já falamos por aqui sobre diabetes. Mas essa é realmente nova. De acordo com a Sociedade Brasileira do Ombro e Cotovelo, os ombros podem indicar o surgimento dessa doença que traz diversas complicações, com “ombro congelado” ou capsulite adesiva.
A condição consiste em inflamação e contratura da cápsula articular do ombro, resultando em progressiva rigidez articular, com grande perda dos movimentos locais. estudos apontaram uma relação entre ambos os tipos de diabetes. Os cientistas acreditam que possa ter alguma relação com o excesso de glicose acumulado nessa região do corpo, o que faz com que as fibras de colágeno fiquem “coladas”, restringindo os movimentos.
No mês de junho, o dia 26 é marcado como Dia Nacional do Diabetes. As torres e as cúpulas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal estarão iluminadas de azul nesta quarta e quinta-feira (dias 25 e 26), em referência à data.

Conforme definição do Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos.

A insulina é produzida pelo pâncreas e é responsável por processar a glicose. A falta desse hormônio, ou sua insuficiência, provoca déficit na metabolização da glicose e, consequentemente, diabetes. A doença se caracteriza por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente.

De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), entidade ligada à ONU, existem no mundo mais de 380 milhões de diabéticos. A doença deve impactar 1,5 bilhão de pessoas até 2050, segundo a revista científica Lancet.

O Brasil é o quinto país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões no Brasil. A IDF estima que, até 2045, esse número crescerá 50%, e a doença atingirá 49 milhões de pessoas no país.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), na maioria dos casos, a doença está associada a condições como obesidade e sedentarismo – ou seja, pode ser evitada. É possível reduzir a taxa de glicose no sangue com medidas simples. A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os principais fatores para o controle da doença.

Perder de 5% a 10% do peso por meio de alimentação saudável e exercícios faz uma grande diferença na qualidade de vida. No entanto, para 60% dos pacientes, a dieta é o passo mais difícil de ser incorporado à rotina. Ao todo, 95% têm dificuldades com o controle de peso, dieta saudável e exercícios regulares.

Diabetes pode acontecer com qualquer um! Saiba como detectar

No imaginário coletivo, a diabetes pode parecer uma doença restrita a quem tem histórico familiar ou um quadro muito específico. Não é bem assim. E as pessoas estão manifestando a doença cada vez mais cedo. Endocrinologista mapeia a condição e dá o caminho para captar um eventual diagnóstico precoce

Quem não tem diabéticos na família pode até pensar que está livre de adquirir a doença, mas fatores como hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo, excesso de peso e um dia a dia estressante têm gerado diagnósticos cada vez mais cedo – até mesmo em crianças.

Thais Mussi, endocrinologista e netabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), lembra, por exemplo, que a American Diabetes Association (ADA) recomenda que as pessoas comecem o rastreio do diabetes aos 35 anos. “Principalmente quem está com excesso de peso e tem fatores de risco adicionais”, complementa a médica.

No geral, segundo ela, o diabetes tipo 1, a versão autoimune da doença, pode ter início em qualquer idade, mas geralmente se manifesta durante a infância ou adolescência. O diabetes tipo 2, mais comum, pode se desenvolver em qualquer idade, com maior incidência em pessoas com mais de 40 anos. “O DM2 está frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento”, informa a médica.

Diagnóstico: quanto antes, melhor

Na intenção de rastrear um possível início de diabetes, a Dra. Thais indica que as pessoas não hesitem em fazer testes, caso observem sintomas parecidos com os iniciais do diabetes. “Esses sintomas nem sempre são fáceis de perceber e podem se desenvolver tão lentamente, que a pessoa pode ter diabetes tipo 2 durante anos, antes de ser diagnosticada”, alerta.

O quadro a ser observado, segundo a médica, envolve:

  • Sede excessiva
  • Urinar com frequência elevada
  • Cansaço maior que o normal
  • Visão embaçada
  • Perda de peso involuntária

 

O reconhecimento de possíveis sintomas do diabetes pode levar ao diagnóstico e tratamento precoces. Isso pode ajudar a prevenir complicações e levar a uma melhor condição de saúde”, diz a médica.

A visão da Dra. Thais Mussi, corrobora com a detecção precoce, “o primeiro motivo de estarmos atentos a esse diagnóstico é poder dar início ao acompanhamento e tratamento o quanto antes, já que se trata de uma doença de alta morbidade e mortalidade”, alarma a médica.

Com o diagnóstico precoce, ela entende que se previnem complicações futuras envolvendo problemas de visão, doenças renais, efeitos nos nervos periféricos – o que acarreta os chamados “pés diabéticos”- e até cetoacidose diabética. “Este último é mais comum no diabetes tipo 1. É um processo bastante complexo, mas, resumidamente, é uma espécie de acidez anormal no sangue, que causa vômitos, náuseas, dor no abdômen e até uma modificação no hálito”, informa a Dra. Thais.

Métodos de detecção do diabetes

“Quando falamos em diagnóstico (e mesmo durante o tratamento), nenhum exame é tão importante quanto o de glicemia em jejum, que é um exame laboratorial, de sangue, simples de fazer”, afirma a Dra. Thais.

Para confirmar o diagnóstico, ela cita como comuns também o exame de hemoglobina glicada e o teste de tolerância à glicose. “Mas o mais importante é entender que o diabetes pode ser rapidamente identificado se a pessoa fizer um acompanhamento médico rotineiro, repetindo os exames sempre que solicitado por seu médico”, orienta a profissional.

A Dra. Thais detalha que, em pacientes que não apresentam sintomas há um processo a ser seguido. “É recomendado utilizar como critério de diagnóstico glicemia plasmática de jejum maior ou igual a 126 mg/dl, a glicemia duas horas após uma sobrecarga de 75 g de glicose igual ou superior a 200 mg/dl ou a HbA1c maior ou igual a 6,5%. É necessário que dois exames estejam alterados. Se somente um exame estiver alterado, ele deverá ser repetido para confirmação”, explica a endocrinologista.

Os sintomas e suas razões

A seguir, a endocrinologista aprofunda a característica e as razões que desencadeiam certos sintomas do diabetes:

Maior sede e mais micção – Nas pessoas que têm diabetes, o açúcar extra se acumula no sangue, forçando os rins a trabalharem horas a mais para filtrar e absorver o excesso de açúcar. Quando os rins não conseguem acompanhar, o açúcar extra vai para a urina e leva consigo fluidos dos tecidos do corpo. Isso causa desidratação, gerando mais sede, que leva a mais micção.

Fadiga – O nível elevado de açúcar no sangue perturba a capacidade do corpo de usar o açúcar como energia.

Perda de peso – O açúcar perdido no excesso de urina também leva à perda de calorias. Junto com a desidratação, isso pode causar rápida perda de peso. Isso é especialmente verdadeiro em pessoas que têm diabetes tipo 1, mas também pode acontecer em algumas pessoas com tipo 2.

Visão embaçada – Altos níveis de açúcar no sangue retiram fluido dos tecidos do corpo, incluindo o cristalino dos olhos. Isso afeta a capacidade de foco dos olhos.

Feridas de cicatrização lenta ou infecções frequentes – Níveis elevados de açúcar no sangue podem causar fluxo sanguíneo deficiente e prejudicar o processo natural de cura do corpo. Por isso, as pessoas com diabetes podem notar feridas de cicatrização lenta, especialmente nos pés. Em mulheres com diabetes, infecções fúngicas na bexiga e vaginais podem ocorrer com mais frequência.

Formigamento e dormência nas mãos e pés – Embora sejam menos comuns, ocorrem porque muito açúcar no sangue pode afetar o funcionamento dos nervos.

Remissão é uma possibilidade no tipo 2

diabetes é uma doença crônica e, portanto, incurável. Mas, em alguns casos, sua remissão é uma possibilidade, segundo a Dra. Thais. “A remissão é quando a doença está silenciada. Ou seja, o paciente, mesmo sem tomar os medicamentos, não tem sinal, sintoma ou alteração laboratorial que indique o desenvolvimento da doença”, explica ela. A remissão, contudo, não representa cura, já que na retomada de hábitos que “acordam” a doença, o paciente voltará a apresentar o diabetes.

Para atingir o estágio de remissão, o ideal, segundo a Dra. Thais, é que o paciente foque em perder peso de forma saudável, nutrindo bons hábitos, como alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.

Alguns estudos recentes apontam que, em pacientes com menos de 6 anos de doença, dietas de baixa calorias por três meses, acompanhadas de uma reintrodução calórica progressiva e uma fase de acompanhamento de manutenção de peso perdido, podem fazer o paciente atingir o estágio de remissão sem a necessidade de medicamentos”, exemplifica a especialista, a reforçar que qualquer medida de cuidado deve ser orientada por médicos especialistas.

A notícia é boa, mas engloba apenas pacientes com diabetes tipo 2, já que no tipo 1, como explica Dra. Thais, “o corpo trabalha contra si próprio, atacando as células beta, tornando impossível chegar à remissão”. Ela conta que existem estudos com células-tronco em andamento, mas ainda estão em fase inicial.

Com Assessorias

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