amizade

“A amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir… Somos verdade… Nem mesmo este samba de amor pode nos resumir”. O icônico samba do grupo Fundo de Quintal é mais um dos milhares criados para homenagear a amizade.  O tema é tão importante na vida da gente que ganhou até um dia especial no calendário, o 20 de julho. O Dia Internacional da Amizade partiu da necessidade de cultivar as relações humanas como forma de construir um mundo melhor. Mas será mesmo possível?

Um verdadeiro amigo é capaz de nos tirar do sério – para o bem ou para o mal – e muitas vezes nos ajuda a sair de situações de tristeza e angústia. Mas o que a gente sabe na prática, cientistas apontam em pesquisas que relacionam os benefícios da amizade em nossas vidas. “Muitas apontam inclusive a uma maior longevidade. Ainda, nota-se que, no momento em que se dividem experiências com algum amigo, há uma troca de sentimentos e confiança, capazes de gerar otimismo e alegria”, afirma a psicóloga do São Cristóvão Saúde, Aline Melo. Ela explica que toda relação social é importante, mas que existem diferenças entre amigos e colegas.

“A amizade é uma relação mais profunda e que geralmente você escolhe, seja por afinidades ou experiências, e pode se manter independente do tempo ou distância. Já o coleguismo normalmente acontece com as pessoas que convivem com você no trabalho, cursos, academia, e outros locais em que frequenta. Costuma ser uma relação harmoniosa, porém, que não forma laços tão fortes e nem duradouros. No entanto, nada impede que um colega possa se tornar amigo conforme o tempo e as afinidades de cada um”.

É comum caminhos e escolhas opostas acabarem distanciando quem antes era tão presente. “Assim como o amor, a amizade também precisa ser cultivada e fortalecida”, aconselha. Ainda conforme se amadurece, começa a se selecionar melhor as relações e se aprende a lidar de maneira menos angustiante com a solidão, diminuindo a necessidade de sempre estar com alguém ao lado. Contudo, há pessoas que, mesmo não conversando com um amigo diariamente, ao encontrá-lo sente o mesmo carinho e proximidade de sempre.

O risco de frustrações sempre presente

No entanto, a psicóloga alerta ao cuidado necessário para não depositar muitas expectativas em uma amizade, pois há o risco da frustração, assim como nas relações com pais, filhos e cônjuges. “Embora um amigo represente um profundo companheirismo, ele pode desapontar você e você pode fazer o mesmo com ele, sem intenção de machucá-lo. É importante compreender que as pessoas erram e têm falhas, inclusive nós mesmos”. Porém, caso realmente haja uma intenção de ferir ou causar tristezas, é preciso reconhecer que esta relação não está fazendo bem e romper os laços que trazem angústias.

Segundo a profissional, as amizades têm papéis diferentes de acordo com cada fase da vida. Na infância, é voltada em aprender com o outro.  “Na relação com os amiguinhos, começamos a fazer um reconhecimento de nossa identidade e personalidade fora da proteção e cautela dos pais. A imitação de trejeitos, gestos e palavras faz parte do processo de constituição do nosso eu”, esclarece.

Já na adolescência, os jovens buscam pertencer a um grupo, é uma forma de identificação com o outro depois que a personalidade já está formada.  Na fase adulta, continuamos buscando essa identificação, mas em situações diversas, como afinidades profissionais ou maternidade. Para os idosos, o contato com amigos ajuda no enfrentamento das mudanças desta fase em companhia, podendo compartilhar suas experiências. “O cultivo e incentivo das relações sociais são muito importantes para esta faixa etária”, finaliza.

Relacionamentos: a base da realização pessoal

Sem dúvida, os relacionamentos que construímos no dia a dia, não apenas com amigos, mas também com o parceiro, filhos, pais, chefes, formam a base de nossos pensamentos e ditam o ritmo da felicidade em nossas vidas. No artigo abaixo, a coach e especialista em relacionamentos Hilda Medeiros fala sobre como eles interferem e auxiliam para uma vida plena e realizada. Confira:

“Existem coisas na vida que não são palpáveis. Surgem em nossa mente através das recordações do passado. É assim quando refletimos sobre a felicidade. Costumamos mensurar o nosso nível de satisfação em relação à vida pela quantidade de boas lembranças que possuímos. Nesses momentos de reflexão que recorremos às lembranças. Algumas mais vívidas não demoram em se manifestar presentes e coloridas. E geralmente essas lembranças não são coisas materiais que construímos, nem mesmo grandes cargos que conquistamos, e sim momentos de felicidade partilhados com outras pessoas.

Em um exercício singelo, fechando os olhos por poucos segundos, a imagem de um abraço, de boas gargalhadas em grupo, de um olhar afetuoso, das mãos entrelaçadas, de um beijo, da conexão do corpo e da mente na hora de um encontro maior, surgem à mente rapidamente, nos fazendo suspirar, nos enchendo de humanidade. A vida é feita a partir dos relacionamentos, e quanto maior a excelência nesse quesito, maior é a satisfação do indivíduo em relação a sua própria experiência de vida. Essa foi a conclusão de uma longa pesquisa efetuada pela Universidade de Harvard que acompanhou a vida de 724 homens, durante cerca de sete décadas, e que concluiu que os participantes que nutriram e cultivaram boas relações durante a vida, envelheceram mais felizes e saudáveis. A pesquisa também concluiu que no tocante aos relacionamentos, o que vale mesmo é a qualidade e não a quantidade de relações.

Nessa hora, aquelas relações de amizade, que dizemos ser “à prova de fogo”, são na verdade as relações que trazem segurança e conforto, e que protegem quanto ao envelhecimento. As relações sociais são boas para o homem, e ao contrário, a solidão mata. Boas relações protegem o corpo e o cérebro do indivíduo. Viver em um universo de conflitos nas relações é prejudicial à saúde humana e afeta todas as áreas da vida.

Quando vivenciamos um relacionamento conturbado com o nosso parceiro ou parceira, quando não conseguimos nos entender com o nosso chefe ou colaboradores, quando não temos êxito em nos comunicar, quando estamos repletos de sentimentos limitantes, como a raiva, a culpa, o medo ou a tristeza por conta de um relacionamento, as áreas da nossa vida, como o trabalho, a saúde, o sexo, o lazer etc., são afetadas também.

A arte da comunicação, do relacionar-se com o outro, é uma das habilidades mais poderosas desenvolvida pelos seres humanos. A boa notícia é que muitas áreas do desenvolvimento humano, nas últimas décadas, desenvolveram ferramentas e recursos que podem ajudar qualquer pessoa que tenha como intenção se relacionar melhor com outros indivíduos. Ferramentas que elevam o padrão dos relacionamentos introduzindo recursos que auxiliam na comunicação, nas linguagens interna e externa, na escuta, nos estados emocionais, no poder da criação de empatia e na percepção da realidade em relação a si e ao outro.

As relações duram a vida toda, é um exercício longo e diário, não é efêmero, não tem apelos instantâneos como os do consumo ou dos pequenos prazeres que o dinheiro pode oferecer. No entanto, é no ciclo das relações que criamos, que estão guardadas as nossas mais preciosas joias, aquelas que quando fechamos os olhos num instante, em qualquer etapa de nossa jornada, surgem fortes e reluzentes nos dizendo da vitalidade da vida, da força do amor”.

Hilda Medeiros – Transformando Realidades. Coach e terapeuta, realiza atendimento presencial e on-line. Ministra palestras, workshops e treinamentos em todo o Brasil – www.sucessonorelacionamento.com.br

 

 

 

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