A pandemia da covid-19 não foi inventada, a Terra não é plana e a cloroquina não é eficaz no tratamento de câncer. O conteúdo dito ao contrário parece até brincadeira do Dia da Mentira, celebrado em diversas partes do mundo em 1º de abril, mas não é. Para lembrar sobre os perigos da desinformação na área da saúde e saber como identificá-la, vamos aproveitar a data e entender que com saúde não se brinca, nem no Dia da Mentira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca a desinformação como uma das principais ameaças à saúde global e faz um alerta: a disseminação de conteúdos falsos durante emergências de saúde é um problema muito grave, também conhecido como infodemia. Um exemplo claro é o impacto causado pela desinformação durante a pandemia da covid-19. O uso de drogas ineficazes, como a cloroquina e a ivermectina, por exemplo, foi amplamente divulgado no período.

Outra narrativa enganosa e extremamente perigosa é sobre o perigo das vacinas. Os conteúdos circulam constantemente nas redes sociais e nos grupos de mensageria e ajudam a desestimular a procura da população pelos imunizantes no Brasil, país que sempre foi referência mundial em vacinação. É importante lembrar que vacinas salvam vidas. Elas são eficazes e figuram entre os medicamentos mais seguros para uso humano. Além disso, continuam sendo a estratégia mais segura para a proteção de diversas doenças.

Confira algumas Fake News identificadas e já esclarecidas pelo programa Saúde com Ciência:

  1. Não existe planejamento de nova pandemia
  2. Mamografia é segura e ajuda no diagnóstico precoce de câncer de mama
  3. Vacinas infantis não causam autismo
  4. Uso de remédios naturais contra covid-19 não tem eficácia comprovada
  5. Vacina contra covid-19 não causa tumores
  6. É falso afirmar que vacinas contra a covid-19 causam herpes-zóster

 Como identificar uma fake news

As narrativas falsas estão cada vez mais elaboradas e com “aparência” de verdadeiras. Uso de sites que parecem confiáveis, citação de renomados médicos, imagens de personagens reais em situações distorcidas e muitos outros artifícios. Mesmo assim, é possível, com cuidado e atenção, identificar conteúdos falsos. Confira a cartilhaComo identificar uma desinformação em saúde e veja abaixo algumas dicas:

  • Confira se a fonte é confiável: procure sites oficiais e mais conhecidos sobre os assuntos divulgados, em especial sobre saúde. Faça pesquisas em sites de busca e veja se há outras fontes falando sobre o mesmo tema.
  • Verifique a data de publicação do conteúdo: uma estratégia de grupos de desinformação é usar informações verdadeiras, mas fora do contexto. Publicações antigas como se fossem do momento atual, fotos reais, mas sobre outro assunto, falas verdadeiras, mas editadas e tiradas do contexto. A checagem é a melhor análise.
  • Leia toda a notícia e não apenas o título: em geral, as Fake News usam títulos chamativos e que já colocam dúvida sobre algum tema. Leia a matéria completa e siga as orientações de checagem de fonte, data, etc.
  • Desconfie de narrativas muito apelativas, sensacionalistas e com excesso de adjetivos: a desinformação adora um tom mais “dramático”. O uso de adjetivos e a intenção de levar o leitor para uma zona de “medo”, “dúvida” ou indignação estão sempre presentes. Perceba se querem desacreditar algo que, geralmente, a ciência já comprovou com fatos e dados.
  • Pesquise os fatos e números citados: muitas vezes podem aparecer dados que parecem reais, mas só existem dentro daquela informação. Pesquise em sites oficiais sobre o assunto. A internet possibilita a divulgação de diversos dados públicos. Aproveite!
  • Citação de fontes: ao ler uma notícia falsa, sempre há a citação de um renomado médico que ninguém ouviu falar, ou de uma pesquisa de uma famosa universidade internacional que só quem divulga tem acesso. Novamente, faça a pesquisa dessas fontes em sites de busca e confira quem são e se há citações dessas pessoas em outros sites de confiança.

E LEMBRE-SE! Não repasse conteúdos sem ter certeza da veracidade!

Quer uma fonte confiável?

Saúde com Ciência é uma iniciativa interministerial que promove e fortalece as políticas públicas de saúde e valoriza a ciência. O  objetivo da ação é divulgar informações responsáveis e verificadas para combater os efeitos negativos da desinformação.

O programa é coordenado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) e conta com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), da Controladoria-Geral da União (CGU), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

A ação já conseguiu, por exemplo, desmentir criadores de conteúdos enganosos e provar que a ivermectina não é um medicamento eficaz no combate à dengue. Diversos jornais usaram o Saúde com Ciência como fonte primária e divulgaram a informação aos leitores.

Toda semana o portal do programa divulga diversas informações que desmentem notícias falsas e tiram dúvidas da população com base em evidências científicas. Os destaques também são publicados nas redes sociais oficiais do Ministério da Saúde. O combate à desinformação é um compromisso de todas as cidadãs e cidadãos!

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SAMU-RJ recebe mais de 27 mil ligações falsas ao longo de um ano

De 1.670 ligações de trotes no mês de fevereiro em 2025, 1.010 chamadas foram realizadas por menores, aproximadamente 60,5% das ligações

Funcionando 24h por dia, durante os sete dias da semana, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-RJ) da capital do Rio de Janeiro recebeu 669 mil ligações no período de março de 2024 a fevereiro de 2025.  Um dos desafios diários da equipe é lidar com a falsa comunicação de demandas, mais conhecidas como trotes.

Após trabalho educativo realizado no ano passado, os trotes tiveram uma queda de 32,7%. No entanto, ainda representam 4% do total de ligações recebidas, ou seja, mais de 27 mil ligações ocuparam as linhas de emergência por motivos simulados.

O perfil dos trotes passa por palavras obscenas, ocorrências com crianças, além de falsos pedidos de socorro. De 1.670  ligações de trotes no mês de fevereiro deste ano, 1.010 foram realizadas por menores, aproximadamente 60,5% das ligações. Como cada trote dura, em média, 35 segundos, durante um ano inteiro, ocuparam as linhas por 11 dias. Em cada ligação para a Central 192, o atendente tem uma média de 30 segundos a um minuto para tomar decisões que poderão salvar vidas.

O nosso trabalho diário depende do menor tempo de resposta no atendimento ao cidadão. A maior preocupação é empenhar um recurso para uma ocorrência que não existe de fato, deixando de atender o paciente que realmente precisa de socorro. Os treinamentos diários ajudam na identificação da falsa ligação e evitam o acionamento desnecessário das equipes, mas também contamos com a conscientização da população e o apoio dos pais na sensibilização das crianças e adolescentes”, disse a coordenadora geral do SAMU-RJ, Bárbara Alcantara.

SAMU-RJ conta com o Núcleo de Educação Permanente (NEP) que oferece palestras de primeiros socorros nas escolas públicas, além de conscientização sobre a importância de evitar os trotes. “Tivemos um declínio significativo em um ano graças ao trabalho educativo. No entanto, o objetivo de qualquer serviço de atendimento pré-hospitalar móvel de urgência é o trote zero”, ressalta a coordenadora geral.

Números de atendimento

Somente em 2024, o SAMU-RJ realizou mais de 219 mil atendimentos, superando o ano de 2023, que fechou com 194.5 mil atendimentos. A frota tem 73 ambulâncias, entre Unidades de Saúde Básica (USB), Unidades de Saúde Avançada (USA), Unidades de Saúde Intermediária (USI) e Unidades de Suporte a Desastres (USD). Além disso, 30 motolâncias estão a serviço da população.

Fonte: Ministério da Saúde e SES-RJ

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