Os dias mais frios do ano chegaram, e com eles o aumento de doenças respiratórias. Gotículas permanecem no ar por mais tempo em períodos de temperatura mais baixa e clima mais seco, o que aumenta a possibilidade transmissão dos vírus da gripe e do resfriado pelo ar, por exemplo.
A concentração de poluentes no ar também é mais alta nas estações mais frias, cenário ideal para o aumento de problemas que afetam as vias aéreas superiores. As temperaturas mais amenas mantêm a poluição nas camadas mais baixas da atmosfera, mais próximas, portanto, da população. É época, então, de redobrar os cuidados com a saúde nasal, que precisam ser diários, não apenas durante o outono e o inverno.
Esses cuidados passam muito por uma rotina que vai além apenas com o nariz. Os primeiros cuidados que todos podem tomar para manter o sistema respiratório saudável e evitar as infecções das vias aéreas é tentar manter a imunidade alta”, informa Luiz Patrial Neto, otorrinolaringologista do Hospital IPO.
Segundo ele, é necessário fazer refeições saudáveis e balanceadas, ter uma boa noite de sono e sempre tomar muito líquido, principalmente água, para manter-se hidratado. São cuidados fundamentais para evitar prejuízos ao nariz e fugir das doenças da estação.
O organismo bem hidratado permite que o muco mantenha o nariz umidificado ao repor a água que o órgão perde enquanto faz o recebimento do ar. O nariz trabalha 24 horas diárias umidificando o ar respirado. A ingestão de água, sobretudo em locais com maior incidência de poluição, ajuda nessa função fundamental para a boa respiração e a saúde das vias aéreas”, explica o especialista.
A baixa umidade do ar no ambiente pode ressecar as vias nasais, o que causa também a sensação de obstrução. Ardor e até eventuais sangramentos são sintomas que acompanham o nariz ressecado. Assim, a lavagem nasal precisa ser diária, se possível, duas vezes por dia. Soro fisiológico 0,9% é o ideal para o procedimento, sobretudo para quem já tem rinite alérgica. É uma maneira de manter o problema controlado.
Além da rinite alérgica, a asma brônquica também exige controle com medicamentos ou cuidados ambientais, acrescenta o otorrino. “É preciso manter a casa arejada, limpa e seca, evitar contato muito próximo com animais de estimação que podem desencadear a alergia e evitar também cobertores ou bichos de pelúcia”, orienta.
Cuidado com descongestionantes nasais
Acordar em meio a uma madrugada com o nariz completamente tampado é angustiante. O alívio é quase instantâneo com o uso de descongestionantes nasais. Mas esse alívio não vem sem riscos. Os itens a base de nafazolina podem acarretar problemas de curto e longo prazo, explica o médico.
“O paciente pode desenvolver rinite química devido ao componente do medicamento, fazendo efeito rebote nos sintomas e piorando a obstrução nasal”, informa. Mais: o uso crônico pode dar origem a complicações mais sérias, como cardiopatias, arritmias, aumento da pressão arterial e alterações renais (nefropatias).
Se o nariz obstruído é uma constante, a melhor orientação é procurar um médico otorrinolaringologista para o diagnóstico correto e o início do tratamento adequado, que pode envolver o uso de corticosteroides tópicos nasais e, em alguns casos, cirurgias.
Quando o problema pode se agravar
Em caso de secreção espessa e purulenta, sintomas que não melhoram com os tratamentos comuns, febre alta e outros sintomas sistêmicos como dores no corpo (mialgia), dores nas articulações (artralgia) ou lesões na pele, é preciso procurar o médico para uma avaliação mais criteriosa e o tratamento correto. “É preciso lembrar que, em algumas situações, essas inflamações de vias aéreas podem levar a complicações sérias se não forem tratadas corretamente”, afirma.
Resfriado e rinite alérgica contam com sintomas bastante parecidos com os da Covid-19, o que pode assustar quem, nesse período de dias mais frios, for acometido pelas doenças. Congestão nasal, coriza, espirros e irritação na garganta são os sintomas mais comuns. Já a gripe por influenza e a Covid-19 registram sintomas de via aérea superiores e também sistêmicos, como febre, dor no corpo e falta de ar. Há ainda a perda completa do olfato, ou anosmia, sintoma clássico do novo coronavírus.
A recomendação é que os pacientes procurem o médico para, além de fazer o diagnóstico adequado, seja solicitado também o exame de PCR para Sars Cov 2, já que esse é um dos métodos mais confiáveis que temos”, sinaliza Patrial.