O Brasil está em nível de alerta e risco para aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).  Nas últimas semanas o Brasil tem enfrentado um aumento considerável nos casos de gripe, especialmente em diversas regiões do país, o que leva o Ministério da Saúde a reforça o alerta à população para a importância da vacinação anual contra a gripe.

O último Boletim InfoGripe divulgado pela Fiocruz na última sexta-feira (25), mostrou que 13 das 27 unidades federativas do país apresentaram incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco com tendência de crescimento no longo prazo, especialmente por influenza A (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR).

Dados mais recentes apontam que houve um crescimento nas internações hospitalares devido à influenza, com maior incidência entre grupos de risco, como crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Além da influenza A, circulam os subtipos do vírus Influenza, como o H1N1 e o H3N2, tem gerado preocupação, já que essas cepas podem levar a complicações graves, como pneumonia.

Segundo o DataSUS, em 2024, foram mais de 25 mil internações hospitalares – só na rede pública – em todo o Brasil em decorrência do vírus influenza (gripe).  Crianças de 1 a 4 anos e idosos com mais de 80 foram os mais vulneráveis ao agravamento dos quadros respiratórios, representando 18% e 13% das hospitalizações, respectivamente.

Além do alto número de hospitalizações, as infecções por vírus respiratórios têm um potencial significativo de mortalidade. Todas as faixas etárias são suscetíveis a doenças do trato respiratório e podem evoluir com quadros graves, mas algumas pessoas – como crianças e idosos – são mais propensas a complicações, como pneumonias, descompensação de quadros crônicos e até mesmo óbito.

De acordo com o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) em 2024 as hospitalizações por SRAG causadas pela gripe em pessoas com 60 anos ou mais subiram 189%, com crescimento de 157% nas mortes e taxa de letalidade de 21,7%. Em média, um em cada cinco idosos internados por gripe não resistiu.
Além disso, a pressão sobre os sistemas de saúde tem sido crescente, com hospitais registrando um aumento no número de pacientes em busca de tratamento.  A vacinação, apesar de ser uma medida crucial para prevenir a doença, ainda encontra desafios em termos de adesão em algumas regiões do Brasil, o que eleva os riscos de transmissão.
gripe é uma infecção respiratória transmissível que costuma provocar sintomas como coriza, febre, dor de cabeça, dores no corpo, tosse e mal-estar. Em geral, os casos leves duram de três a cinco dias, mas não é possível prever como cada pessoa irá evoluir.

Para a geriatra Maisa Kairalla, presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatra e Gerontologia (SBGG), o médico precisa explicar de uma maneira mais simples para que as pessoas entendam realmente a importância da vacinação e os sérios riscos da gripe, uma vez que a população tende a tratar essa doença como uma “simples gripezinha”.

É importante ficar claro que gripe não é resfriado. Os resfriados são outros vírus e a gripe não é ‘simples’ de tratar como o resfriado. A gripe é grave e provoca o aumento da incidência de internações hospitalares, inclusive problemas cardiovasculares e infecções bacterianas”, ressalta Dra. Maísa

Segundo Filipe Piastrelli, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em grupos mais vulneráveis, como os idosos ou pessoas com doenças crônicas, isso pode levar a complicações sérias, como pneumonia viral, e favorecer eventos cardiovasculares, como infarto e AVC, devido à resposta inflamatória e às alterações na coagulação sanguínea.
É um erro subestimar a gripe como uma simples indisposição. O vírus Influenza pode desencadear um processo inflamatório sistêmico no organismo”, pontua o médico infectologista.
Fábio Argenta, sócio-fundador e diretor médico da Saúde Livre Vacinas, lembra que todos os anos, o vírus influenza é responsável por milhões de internações e milhares de óbitos em todo o mundo, e a vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a gripe e suas complicações.
Há quem pense que a gripe é apenas um simples resfriado quando, na verdade, trata-se de uma infecção viral aguda causada pelos vírus da influenza que afeta o sistema respiratório, especialmente em grupos de risco como crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. Ela é altamente contagiosa e se espalha principalmente por meio de gotículas respiratórias”, explica.

Leia mais

Saúde planeja ‘Dia D’ para aumentar a vacinação contra a gripe
Aumentam as internações pelo vírus da gripe em todo o país
Vacina é segura e não causa a gripe: veja outras verdades

Vacina contém vírus inativo que não tem capacidade de causar gripe

infectologista Filipe Piastrelli explica que a vacina contra a gripe é composta por vírus inativo, ou seja, não tem capacidade de causar a doença. “O que pode acontecer é a pessoa se vacinar e nesse intervalo ser exposta a outro vírus respiratório que esteja em circulação. Mas a gripe não é causada pela vacina”, esclarece.

Os efeitos adversos da vacina são leves e passageiros, como dor no local da aplicação, febre baixa, dor de cabeça e no corpo, e afetam cerca de 1% das pessoas vacinadas. As contraindicações são raras e incluem reações alérgicas graves a doses anteriores ou ao ovo.

Apesar da segurança e eficácia da vacina, a adesão entre adultos ainda é afetada pela desinformação. Sites como o do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) oferecem as informações mais precisas.

Além disso, profissionais de saúde bem-informados têm maior probabilidade de recomendar vacinas da forma correta e combater a desinformação entre seus pacientes”, conclui o Dr. Filipe Piastrelli.

Como a vacina da gripe de 2025 se diferencia do imunizante do ano passado?

A imunização é segura e tem um papel muito importante na proteção individual contra a doença. Segundo Luísa Chebabo, infectologista dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein, da Dasa, a imunização é a forma mais eficaz de se proteger da nova cepa da doença.

Vale ressaltar que as chances de agravamento e complicações não se restringem apenas aos grupos de risco. Toda a população deve tomar a vacina, exceto menores de seis meses e pessoas com histórico de reação alérgica grave após doses anteriores.

Ela explica que a vacina da gripe é atualizada anualmente, para aumentar sua eficácia contra novas cepas que se modificam a cada ano. “A composição da vacina contra a gripe precisa ser atualizada anualmente para cobrir as cepas do vírus que estarão em circulação naquele período”, afirma a infectologista.

De acordo com Luísa Chebabo, a influenza sofre pequenas e graduais mudanças genéticas durante a sua replicação. Essa transformação faz com que o sistema imunológico de uma pessoa que foi infectada ou vacinada para uma cepa anterior não reconheça mais o vírus mutado, dificultando a imunização contra a nova versão.
As doses trivalentes contra a influenza protegem os pacientes de dois subtipos do vírus influenza A (uma linhagem H1N1 e uma H3N2) e um subtipo do vírus influenza B. Em 2025, a única alteração foi no subtipo do vírus influenza A H3N2, que, em 2024, correspondia à linhagem A/Thailand/8/2022 (H3N2) e, em 2025, passou a ser a linhagem A/Croatia/10136RV/2023 (H3N2)”, explica a especialista.

Proteção contra o vírus gripal também facilita diagnóstico de Covid-19

O coordenador do curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera, Bruno Henrique Mendonça, explica que nos períodos mais frios há um aumento na circulação do vírus influenza e a vacina é capaz de promover uma barreira de proteção.

Importante frisar que a gripe e o coronavírus possuem sintomas semelhantes. Ou seja, se nos protegemos do vírus gripal, fica mais fácil o diagnóstico de Covid-19”, ressalta o especialista.

Segundo Mendonça, a vacinação contra a gripe é essencial para proteger cada indivíduo contra o vírus influenza, sendo capaz de prevenir contra o surgimento de complicações decorrentes da gripe.

A gripe pode causar sintomas graves, como febre alta, dores musculares, tosse e cansaço extremo. Em alguns casos, pode evoluir para complicações sérias, como pneumonia, que podem ser fatais, especialmente em grupos de risco como idosos, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas”, ressalta.

O especialista ainda destaca informações importantes:

  • Não há intervalo entre a vacina contra a gripe e as vacinas de rotina.
  • Caso esteja com sintomas gripais ou de dengue, procure uma unidade para ser avaliado pelo profissional de saúde e adie a vacinação contra a gripe até a recuperação clínica total.
  • Pessoas que tiveram covid-19 devem aguardar a melhora clínica para se vacinar.

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *