Juliana Ribeiro Adão, de apenas 6 anos, foi a nona vítima das chuvas que voltaram a castigar o Estado do Rio de Janeiro esta semana. Ela estava desaparecida após o deslizamento de terra no bairro Grotão, em Mendes, no Sul Fluminense. Mais de 70 militares trabalharam durante 48 horas nas buscas pela menina, com a ajuda de cães farejadores e alunos do curso de operações de salvamento em desastres da corporação.

Ao todo, o temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro  na última quarta-feira (21) deixou nove mortos.Em Barra do Piraí, também no sul do estado, quatro pessoas de uma mesma família morreram no Morro do Gama, depois que um deslizamento de terra atingiu uma casa de três andares. Quatro pessoas foram retiradas com vida dos escombros.

A Baixada Fluminense, região com muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social vivendo em áreas de risco, registrou as outras quatro mortes. De acordo com a Defesa Civil de Japeri, houve duas mortes no município: um menino de 2 anos e uma mulher de 24 anos, em desabamentos em locais diferentes. Em Nova Iguaçu, também na Baixada, dois homens adultos morreram por causa das chuvas nos bairros Ipiranga e Jardim Pernambuco.

Para tentar amenizar os prejuízos materiais, Secretários de Governo e Defesa Civil do Estado se reuniram nessa sexta-feira (23), na Câmara Municipal de Japeri, na Baixada Fluminense, com representantes do governo federal e prefeitos de cidades atingidas pelas fortes chuvas desta semana, para ouvir as demandas e tentar agilizar a redução dos impactos causado pelos temporais.

Foi anunciado um investimento de R$ 4,3 bilhões em obras, dinheiro que vem do Pacto-RJ, lançado em 2021 para financiar a retomada econômica e social do estado. O programa prevê ao todo R$ 17 bilhões para garantir o crescimento sustentável em todos os 92 municípios do Rio, nas áreas de infraestrutura, desenvolvimento social, saúde, educação, segurança, desenvolvimento econômico, meio ambiente, cultura e lazer.

Para além de prejuízos materiais, como reduzir a perda de vidas humanas?

No entanto, diante do volume crescente de chuvas, causado pelo calor extremo no Brasil, o que é possível fazer para evitar as perdas humanas em novas tragédias que, infelizmente, estão por vir?

A maior frequência de eventos decorrentes das mudanças climáticas, como as tempestades que têm atingido o Rio de Janeiro e outros estados brasileiros neste verão de calor atípico, devem servir de alerta. Chuvas fortes, enchentes e calor excessivo estão se tornando eventos climáticos cada vez mais repentinos em diversas regiões do Brasil.

Conforme a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), 2023 foi o ano mais quente de todos os tempos, com vários recordes de temperatura regionais. E 2024 deverá bater novos recordes, conforme já antecipamos aqui.

Estudo realizado pelo Instituto Pólis apontou que sete de cada dez brasileiros já sofreram com eventos climáticos. Entre eles, 20% foi causado pelas chuvas fortes, 20% a seca e escassez de água, 18% a alagamentos, inundações e enchentes, 10% a temperaturas extremas, 7% a apagões de energia, 6% aos ciclones e tempestades de eventos e 5% a queimadas e incêndios.

Mudanças climáticas trazem infecções e traumas psicológicos

Para o geólogo PhD Marco Moraes, autor de Planeta Hostil, publicado pela Matrix Editora, talvez a principal vítima dos efeitos das mudanças climáticas e das outras transformações do planeta, pode não ser a economia, mas os nossos corpos.

Tempestades deixam um rastro de emergências de saúde, ligadas à acumulação de lixo, matéria orgânica e até corpos de animais e, mais tragicamente, seres humanos. Por isso, não é raro que esses eventos sejam seguidos de surtos de doenças infecciosas, como as hepatites A e E, infecções bacterianas, leptospirose e até cólera. Além disso, podem surgir traumas psicológicos diversos na população afetada, e o desenvolvimento de doença do pânico e distúrbios de ansiedade“, afirma.

“Sabemos que esses episódios aconteceram com mais frequência devido ao aquecimento global, portanto, é de extrema importância agirmos o mais rápido possível. Realizamos diversas pesquisas para entender a necessidade de cada região e quais estão sendo mais impactadas por conta dos eventos. Nosso objetivo é auxiliar ao máximo as pessoas”, explica Renata Cavalcanti, diretora de Operações da Visão Mundial.

Degradação do planeta é pior do que imaginamos, alerta geólogo em novo livro

Pesquisador especialista em mudanças climáticas explica como as ações humanas transformaram a Terra em um lugar imprevisível e perigoso

Aquecimento global, efeito estufa, degelo das calotas polares, ondas de calor extremo, secas, morte dos oceanos e destruição dos ecossistemas. Essas são algumas das ocorrências que muitos acreditam se tratar de problemas do futuro, sem impacto real no agora.

Porém, segundo o geólogo Marco Moraes, distúrbios assim já fazem parte da realidade no presente e são indicadores claros da degradação ambiental. Em Planeta Hostil, publicado pela Matrix Editora, o especialista em mudanças climáticas descreve como a humanidade tem transformado a Terra em um lugar inóspito.

Sem eufemismos e tentativas de minimizar a situação, Moraes mostra de maneira arrepiante como estamos à beira de uma catástrofe por conta de ações do homem que geraram mudanças irreversíveis. Cada capítulo revela de que forma o uso de combustíveis fósseis, as atividades das indústrias do cimento e do plástico, a pesca predatória e a criação indiscriminada de pastos destroem ecossistemas e, por consequência, toda a cadeia de vida do planeta.

A obra chama atenção para os efeitos visíveis do aquecimento global como as tempestades cada vez mais destruidoras, os recordes seguidos de altas temperaturas, a avanço acelerado do mar nas cidades litorâneas e a falta de água em locais onde ela sempre foi abundante. Também traz luz para os sinais que passam desapercebidos, como a ingestão de microplásticos por meio da alimentação, o desaparecimento de espécies inteiras de insetos e da progressiva intoxicação química da população mundial.

Apesar do tom de alerta, o autor não incentiva o cinismo e nem alimenta a desesperança. As exposições de Planeta Hostil deixam claro que as consequências do que fizemos à Terra são amplas e graves, a ponto de ameaçar a própria existência humana, mas servem também como um apelo à ação e convidam o leitor a se unir a um movimento urgente para evitar mais devastação.

“Tempos difíceis virão. No entanto, com boa informação, realismo e pragmatismo, podemos vencer o nosso maior inimigo, que, você já sabe, somos nós mesmos”, declara o geólogo Marco Moraes.

Ficha técnica

Livro: Planeta Hostil
Autoria:
 Marco Moraes
Editora:
Matrix Editora
Páginas: 336
Preço: 
R$ 79,00
Onde encontrar: Matrix Editora e Amazon

Sobre o autor

Marco Moraes é geólogo formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA/UFRGS) e Ph.D. pela Universidade de Wyoming (EUA). Atuou durante maior parte de sua carreira profissional, de mais de 37 anos, como pesquisador do Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES). Desde 2017, quando deixou a vida corporativa, dedica-se a estudar os problemas do planeta.

Com informações de agências e Assessoria

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