Um novo esquema terapêutico definido pelo Ministério da Saúde que começa a ser adotado a partir de quinta-feira (1º de julho) traz mais esperança a pessoas diagnosticadas como portadoras de hanseníase paucibacilar (PB), ou seja, com baixa presença de bacilos causadores da doença no organismo. Denominada poliquimioterapia (PQT-U), a terapia compreende a administração de três medicamentos (Rifampicina + Clofazimina + Dapsona)
A implementação da poliquimioterapia (PQT), em 1982, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reduziu o tempo de tratamento, com a consequente redução da prevalência da doença. No entanto, a taxa anual de detecção de novos casos sofreu pouco impacto. Índia, Brasil e Indonésia registram a imensa maioria de casos novos no mundo. No total, são mais de 200 mil notificações ao ano, sendo que 30 mil delas entre os brasileiros. Desses, aproximadamente 7% já foram diagnosticados com grau de incapacidade física, ou seja, deficiências visíveis causadas pela doença.
A inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) do novo esquema terapêutico, acrescido da Clofazimina estava atrasada há um ano. O Ministério da Saúde chegou a emitir uma nota técnica para implantação do novo esquema em 2020, mas sua implementação teve que ser adiada por conta do desabastecimento de medicamentos ocasionados pela pandemia de Covid-19, que foi superado no início deste ano.
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Nova terapia reduz necessidade de baciloscopia
Na avaliação da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a mudança traz benefícios ao combate à hanseníase no Brasil, pois com a prescrição desse esquema terapêutico se fortalece o enfrentamento de dificuldades neste processo. Entre os problemas que poderão ser equacionados está a baixa disponibilidade de exames de baciloscopia, a insuficiente acurácia das equipes de saúde no diagnóstico e classificação da hanseníase e a alta rotatividade dos profissionais.
Esses fatores podem concorrer para erros de diagnóstico e de classificação e pacientes MB, com maior presença de bacilos no organismo, podem ser erroneamente tratados como hanseníase paucibacilar (PB). Portanto, a unificação do tratamento da hanseníase utilizando as três drogas para todos os pacientes possibilita equacionar esse problema e aumenta as chances de êxito.
A abordagem denominada PQT-U compreende a administração de três medicamentos (Rifampicina + Clofazimina + Dapsona) para todos os pacientes (adultos e crianças), por seis meses, em doses administradas sob supervisão. No caso dos pacientes multibacilares (MB), esse tempo de administração se mantém em 12 meses.
Atenção aos efeitos esperados pelo uso da medicação
A SBD lançou um nota oficial nesta quinta (1/7) para informar médicos, equipe de saúde e pacientes sobe a mudança. Durante essa fase de transição, a SBD lembra que até a atualização do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), alimentado por registros de casos de doenças e agravos de notificação compulsória, as equipes de saúde devem manter as rotinas atuais de preenchimento recomendadas para os pacientes PB nas fichas e boletins mensais de acompanhamento.
As equipes estão sendo orientadas sobre o manejo de informações. Os documentos da unidade de atendimento e do paciente em que constam as informações de acompanhamento, tais como cartões de aprazamento, prontuário, receitas devem ser preenchidos com as informações claras com relação às novas atualizações (tempo de início, drogas que estão sendo usadas no tratamento, número de doses supervisionadas etc.).
Os efeitos esperados pelo uso da Clofazimina nos pacientes classificados como PB devem ser informados na primeira consulta, com recomendação de evitar tomada em jejum destacando a reversão da pigmentação cutânea após o término do tratamento (que deve ocorrer mais rápido do que nos pacientes em uso de 12 doses) e orientações que minimizem estes efeitos, como hidratação cutânea e proteção solar adequados.
O detalhamento desse ajuste de conduta consta de comunicado elaborado pela entidade. ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA TÉCNICA DA SBD