No último dia 27 de dezembro, o influenciador e youtuber PC Siqueira foi encontrado morto em seu apartamento na zona sul de São Paulo. Segundo sua ex-namorada, Siqueira sofria de depressão e já havia tentado tirar a própria vida anteriormente. O tema volta à cena, especialmente neste Janeiro Branco, dedicado a conscientização sobre a saúde mental e emocional.

PC Siqueira se matou na frente da namorada – ele sofria de depressão, segundo ela (Fotos: Reprodução de internet)

“Apesar do tema ainda ser considerado um tabu, o debate sobre suicídio precisa ganhar cada vez amplitude na sociedade, exatamente para que sejam disseminadas informações sobre a prevenção do ato”, diz Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.

Segundo o especialista, o suicídio é um fenômeno multifatorial, que está intimamente ligado a questões familiares, ambientais e do momento de vida. Estudo realizado pela Unicamp aponta que 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.

“De forma geral, pessoas com pensamentos suicidas costumam estar sob estimulação aversiva, ou seja, se sentem frequentemente envolvidas em sentimentos e situações que causam sofrimento físico, mental ou ambos”, explica o especialista.

É importante observar os fatores de risco

Os gatilhos que podem levar ao suicídio são, muitas vezes, silenciosos, por isso, é importante que a rede de apoio esteja atenta a alguns sinais que indicam que alguém possa estar cultivando pensamentos suicidas.

“Muitas vezes a pessoa dá sinais de desesperança e extrema tristeza, podendo até verbalizar a vontade de atentar contra a própria vida. Nesses casos, é importante que os familiares e pessoas próximas tenham um cuidado mais intenso, buscando ajuda profissional”, aconselha.

Em tempo: pessoas que já tentaram previamente tirar a própria vida, como era o caso de PC Siqueira, têm entre cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.

“Por isso, é importante que estes pacientes contem com a ajuda contínua de um psicólogo, que irá atuar junto com seus familiares e pessoas próximas e, nos casos mais críticos, a internação pode ser uma alternativa”, diz o psicólogo.

É preciso também estar atento a presença de algum transtorno mental, como depressão, transtorno bipolar ou abuso de substâncias, pois esse fator está presente na maioria dos suicídios.

Como ajudar uma pessoa sob risco de suicídio?

É fundamental contar com o apoio de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. “Além de tratar a pessoa que está passando por problemas, esta ajuda é importante para orientar a família e os amigos sobre como lidar com a situação da melhor forma”, afirma Colombini.

“Cada caso tem suas particularidades, mas de forma geral, quem fornece apoio a alguém que tem ideação suicida deve evitar julgamentos, praticar a escuta ativa e empática e não deixar a pessoa sozinha, além de sempre manter contato com profissionais de saúde mental”, conclui.

5 sinais que podem identificar a depressão

Lutar contra a depressão não é algo fácil, por isso deve se buscar ajuda o quanto antes. Gesika Amorim, neuropsiquiatra, especialista em saúde mental e neurodesenvolvimento, apresenta cinco sinais que podem indicar a depressão:

  1. Sentimentos de tristeza e desesperança: A tristeza é um sentimento normal, mas se ela persistir por mais de duas semanas e interferir nas atividades diárias, pode ser um sinal de depressão.
  2. Perda de interesse em atividades: Uma pessoa com depressão pode perder o interesse em atividades que antes eram prazerosas, como hobbies, esportes ou sair com amigos.
  3. Alterações no apetite: A depressão pode causar alterações no apetite, levando a uma perda ou ganho de peso significativo.
  4. Fadiga: A depressão pode causar fadiga, mesmo depois de uma boa noite de sono.
  5. Pensamentos suicidas: Em casos graves, a depressão pode levar a pensamentos suicidas.

Se você ou alguém que você conhece está sofrendo de depressão, é importante buscar ajuda profissional.

O tratamento para depressão deve ser feito com o uso de medicamentos antidepressivos, associados com sessões de psicoterapia como uma ajuda imprescindível no lidar melhor com as emoções e no resolver conflitos – alerta a Dra. Gesika Amorim.

O tratamento pode ser complementado com terapias alternativas e naturais, como atividades de lazer, passeios ao ar livre, ler ou meditar, também com o objetivo de aumentar o bem-estar e o auto cuidado.

É imprescindível que o tratamento para depressão seja feito com a orientação do psiquiatra, e o tempo deste varia de acordo com a causa, gravidade e intensidade dos sintomas, além da possibilidade e do empenho do indivíduo em seguir o tratamento. É preciso desmistificar o tratamento da depressão e vencer o preconceito. Procure um profissional da saúde mental; todos merecemos sermos felizes!”, conclui a Dra. Gesika.

5 passos para enfrentar depressão e ansiedade

Depressão, ansiedade, crises de pânico, estresse, burnout e outros é o que mais tem atingido hoje a nossa sociedade.  Gesika Amorim, Mestre em Educação Médica, pediatra pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Tratamento Integral do Autismo, Saúde Mental e Neurodesenvolvimento, apresenta 5 sugestões básicas, porém, essenciais para os que estão passando por isso agora:

 

Procure ajuda médica: Um médico poderá avaliar sua condição e recomendar um tratamento adequado, como terapia e/ou medicação, se necessário.

Compartilhe com alguém de confiança: Conversar com amigos ou familiares sobre o que você está passando pode trazer algum alívio emocional.

Busque apoio emocional: Participar de grupos de apoio ou conversar com um terapeuta pode fornecer um ambiente seguro para compartilhar suas experiências e obter apoio de pessoas que entendem o que você está passando.

Cuide de si mesmo: Priorize seu bem-estar físico, praticando exercícios, mantendo uma alimentação saudável e dormindo adequadamente.

Evite o isolamento: Mantenha-se conectado com outras pessoas e participe de atividades sociais que lhe tragam prazer, mesmo que pareça difícil no momento.

“Lembre-se de que essas são apenas sugestões gerais e cada pessoa é única, então é importante buscar ajuda profissional para um tratamento adequado. Não hesite em entrar em contato com um profissional de saúde para obter o apoio necessário durante esse período. Afinal de contas, cuidar de sua saúde mental é o primeiro passo para diminuir as taxas de suicídio. E que possamos sempre lembrar disso sempre”, diz a especialista.

Com Assessorias

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