Junto com São Paulo, Bahia e Ceará, o Rio de Janeiro aparece entre os cinco primeiros estados com mais assassinatos de pessoas trans desde 2017. O estado ocupa a terceira posição nesse triste ranking, aumentando de 10 para 12 o número de casos de homicídio entre a população trans nos anos de 2020 e 2021. É o que mostra o ‘Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021′, divulgado este ano pela Antra – Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

No ano de 2021, o Brasil registrou pelo menos 140 assassinatos de pessoas trans, sendo 135 travestis e mulheres transexuais, e 5 casos de homens trans e pessoas transmasculinas. O número total (140) está bem acima da média de 123,8 assassinatos/ano registrada desde 2008 no levantamento feito pela entidade em termos  absolutos. O resultado de 2021 revelou ainda um aumento de 141% em relação a 2008, o ano que a ONG Transgender Europe (TGEU) inicia o monitoramento global e que apresentou o número mais baixo de casos relatados, saindo de 58 assassinatos em 2008 para 140 em 2021.

Para lutar pelo direito à vida dessa população – e também o direito à saúde, à qualidade de vida e à cidadania – , acontece nesta sexta-feira, dia 25 de novembro de 2022, a Marcha Trans e Travesti do Rio de Janeiro, com o tema “Transcendendo a política”, repetindo o trajeto de 27 anos atrás. A concentração começará às 14h na Candelária e, às 16h terá início a caminhada rumo à Cinelândia, no Centro da cidade.

Durante a concentração, enquanto acontecem as apresentações culturais e falas políticas na Candelária, na Cinelândia terão tendas fixas com parceiros da Marcha, como o Pela Vidda RJ, que levará testes rápidos de HIV e distribuirá autotestes, além de promover ações educativas sobre HIV/Aids, e a Defensoria Pública, que oferecerá orientações jurídicas específicas para a população trans e fará o processo de requalificação civil gratuitamente.

O evento está sendo realizado pelo braço carioca do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negros e Negras (Fonatrans RJ) e coordenado pelo ativista e consultor de Diversidade e Inclusão, Gab Van, em parceria com organizações referências do movimento social trans e travesti, como Fonatrans nacional, Fórum TT, Casa Nem, Liga Transmasculina
João W. Nery, Antra, entre outros.

História da Marcha pela Diversidade Sexual

Precursora das manifestações em favor das pautas da população LGBTI+ por direitos e visibilidade, em 1993 aconteceu a Marcha pela Diversidade Sexual, idealizada e impulsionada por mulheres trans e travestis. Já em 1994, mudou de nome para Marcha das Travestis; nessa época o termo travesti era a forma que se apresentavam aquelas que estavam politicamente organizadas dentro do movimento social.

Com o passar dos anos entendeu-se que era necessário incluir outras identidades da comunidade T na luta, que, apesar do não protagonismo, estavam nas ruas em resistência. Para além das travestis, então, entraram homens e mulheres trans, pessoas intersexos e não-binárias.

“Ter a retomada de um marco histórico da luta política de pessoas trans e travestis no ano de uma das eleições mais importantes dos últimos 30 anos, é uma tentativa de chamar a sociedade civil, parlamentares, candidatos eleitos e movimentos sociais à responsabilidade com a população mais vulnerável quando se trata de políticas públicas e segurança social, contra a transfobia, na construção de um país democrático de fato”, afirmam os organizadores.

Mais sobre assassinatos de pessoas trans

Em números absolutos, São Paulo foi o estado que mais matou a população trans em 2021, com 25 assassinatos, se mantendo no topo do ranking pelo terceiro ano consecutivo; seguido da Bahia, que saiu da terceira posição para a segunda, com 13 casos. Já o Ceará teve 11 assassinatos, ficando na quarta posição. Pernambuco aparece em quinto, com 11 casos, subindo duas posições em relação ao ano anterior quando teve 7 casos. Minas Gerais registrou 9 assassinatos; Goiás e Paraná tiveram 7, e o Pará, 6 notificações.

Os estados de Amazonas, Maranhão e Rio Grande do Sul registraram 4 casos cada. Já Espirito Santo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso tiveram 3 casos cada um, enquanto  Alagoas, Amapá, Paraíba, Piauí e Distrito Federal, dois casos cada. Acre, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe tiveram, cada qual, um assassinato de pessoa trans. Não foram reportados casos em Roraima e Tocantins.

Veja o ‘Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021’ completo aqui.

Serviço

Marcha Trans/Travesti Rio de Janeiro
Tema: Transcendendo a Política
Trajeto: Concentração na Candelária, subir toda Rio Branco, até a Cinelândia.
Horário: 14h às 20h
Organizações/Movimentos que apoiam a marcha:
CasaNem
FONATRANS – Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros
Fórum Estadual de Travestis e Transsexuais do Rio de Janeiro
Liga Transmasculina João W. Nery
Grupo TransRevolução
Coletivo Trans Goytacá / Campos dos Goytacazes
Rede Capacitrans RJ
Instituto Trans da Maré
Casa de acolhimento LGBT+ – Dulce Seixas
Coletivo TransPoetas RJ
Assessorias Parlamentares Trans do RJ
Frente LGBT+ RJ
Frente Nacional TransPolítica – Brasil
Mandato Vereadora Tainá de Paula – Câmara Municipal do Rio
Coletivo TRANSitar – Itaperuna/RJ
ASTRA-RIO
Associação Brasileira de gays, Lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e Intersexos
(ABGLT)
Grupo Diversidade Niteroi (GDN)
Conselho LGBTQIA+ de Niteroi
Grupo Transdiversidade Niterói (GTN)
PrelaraNem Niteroi

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