O câncer epitelial de ovário é o sexto tumor mais frequente e é a quinta causa de morte por câncer, em mulheres, nos Estados Unidos. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, para cada ano do, sejam diagnosticados no Brasil aproximadamente 6.650 novos casos de câncer de ovário, com um risco estimado de 6,18 casos a cada 100 mil mulheres.
Segundo tipo de câncer ginecológico mais comum – só fica atrás do câncer de colo de útero, que pode ser facilmente identificável através do exame de Papanicolau – o câncer de ovário é de difícil detecção. A média de idade para o diagnóstico é 63 anos e 70% das pacientes são diagnosticadas já em estádio avançado.
Neste domingo, 8 de maio, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Ovário, a segunda patologia ginecológica mais comum de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O maior desafio do tratamento desse tipo de câncer é o diagnóstico tardio, o que eleva em 70% a mortalidade de mulheres diagnosticadas com câncer de ovário. Dentro desse cenário, o avanço do mapeamento genético é um grande diferencial na prevenção da doença.
Pela ausência de sintomas iniciais, o diagnóstico tardio é o grande desafio no tratamento de pacientes com a doença, elevando as taxas de mortalidade para até 70% entre as mulheres afetadas. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes da Silva Filho, destaca, no entanto, que o avanço no mapeamento genético abre caminho para um controle com enfoque em outra abordagem: a prevenção.
“Hoje sabemos que a genética é um fator de risco predominante para o desenvolvimento do câncer de ovário e ter avanços para o seu mapeamento, além de contar com uma avaliação do histórico familiar das pacientes, permite que atuemos com mais efetividade na prevenção”, enfatiza o especialista. “Nesses casos, o tratamento ambulatorial com uso de anticoncepcionais orais se mostra como um eficiente fator de proteção”, acrescenta.
Para mulheres que já apresentam a doença, Lopes ressalta a importância do acompanhamento adequado para um melhor prognóstico. “Temos como princípio o encaminhamento dessas pacientes para Centros de Referência (CRs) com profissionais especializados, que são os ginecologistas oncológicos”, orienta.
Segundo documento referenciado pela Febrasgo, ausência de gravidez anterior, ciclo menstrual precoce, menopausa tardia, raça caucasiana, infertilidade primária e endometriose também integram os fatores que contribuem para maior risco de câncer ovariano. “Por ser silencioso, o câncer de ovário é uma doença de difícil diagnóstico. Identificar os fatores de risco e atuar com um tratamento antes do desenvolvimento da doença apresenta-se como uma forma promissora no abrandamento de sua incidência”, finaliza o especialista.
PL para acesso ao mapeamento genético pelo SUS
Está em trâmite na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 265/20, de autoria da deputada Rejane Dias (PT-PI), que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a oferecer gratuitamente o exame de detecção de mutação nos genes BRCA1 e BRCA2 – responsáveis pela predisposição genética no desenvolvimento da doença – para mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou de ovário.
A proposta foi aprovada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara em meados de 2021 e segue em análise para apreciação do plenário desde dezembro. Em caso de aprovação final, a lei democratiza o acesso ao mapeamento genético, que atualmente é oferecido apenas pela rede de saúde privada no país.
Maio azul: conheça os principais sintomas do câncer de ovário
Inchaço abdominal, indigestão frequente, prisão de ventre ou, ao contrário, diarreia: que mulher nunca passou por estes desconfortos? Mas, atenção, se eles forem recorrentes, é preciso desconfiar e procurar atendimento médico. Esses sintomas podem ser um indicativo de câncer de ovário, doença cuja campanha de conscientização é celebrada este mês, no Maio Azul.
“Como tem sinais pouco específicos, que podem ser confundidos com os de várias outras doenças, ele é considerado silencioso. Geralmente, quando descoberto, o tumor já está em estágio avançado, dificultando o tratamento”, diz o oncologista Gustavo Bretas, do Hospital Marcos Moraes e do Grupo Oncoclínicas.
Por isso, é importante alertar as mulheres para a importância do diagnóstico precoce e reforçar a importância da conscientização. Para ajudar, o oncologista responde as principais dúvidas sobre o assunto.
Confira a seguir:
Quais são os principais sintomas?
Entre os sinais possíveis estão inchaço abdominal, dores, indigestão, sensação permanente de saciedade e perda de apetite. O sangramento vaginal ocorre apenas em alguns casos. Sintomas intestinais, que podem ser desde prisão de ventre a diarreia, também costumam acontecer.
Existe uma faixa etária mais atingida?
Normalmente, são mulheres acima de 60 anos, na pós-menopausa, as mais acometidas. Quanto mais idosa, maiores são as chances de desenvolver câncer de ovário. Não são comuns, mas há casos da doença também em pacientes com 40 ou 50 anos.
Felizmente, o câncer de ovário é muito raro em idade reprodutiva. Quando ele ocorre em mulheres jovens que desejam engravidar, a paciente deve ser encaminhada para um especialista em reprodução, que discutirá as opções existentes. Em casos muito específicos, pode ser feita a retirada do ovário doente e manutenção do outro ovário e do útero. Cada caso deve ser analisado individualmente.
É possível detectar precocemente o câncer de ovário?
Este é um dos maiores desafios da doença. Como os sinais podem ser confundidos com os de muitas outras patologias, geralmente o câncer de ovário só é descoberto quando está em estágio mais avançado.
Muitas mulheres pensam que o Papanicolau, o exame que costuma ser realizado anualmente pelo ginecologista, é capaz de detectar tumores no ovário, mas não é verdade. Ele é voltado apenas para descoberta de câncer de colo de útero e cervical.
Quando há a suspeita de um tumor no ovário, a avaliação inicial pode ser realizada por um ultrassom do abdômen e pelve ou através de uma tomografia computadorizada dos dois órgãos.
A medição do marcador tumoral 125 é outro auxiliar. Em cerca de 80% das mulheres com câncer, ele se encontra elevado. Para confirmar o diagnóstico, pode ser feita uma biópsia do tecido ovariano.
Há fatores de risco? É possível evitar o câncer de ovário?
São vários os fatores de risco. Ele é aumentado em mulheres que nunca tiveram filho ou cujas gestações ocorrem após os 30 anos.
A menstruação precoce, antes dos 12 anos, e a menopausa tardia, depois dos 52 anos, também podem estar associadas a risco aumentado de câncer de ovário.
O histórico familiar de cânceres de ovário, de mama ou colorretal também tem um impacto, assim como a obesidade a partir do Grau 1. Por isso, é recomendada a prática de exercícios para combater esta doença, entre outras.
Outros fatores que podem contribuir para o surgimento de câncer de ovário são genéticos, quando ocorrem mutações em genes como o BRCA1 e BRCA2, que estão relacionados também ao risco elevado de câncer de mama.
Quais os tratamentos mais indicados?
Cada caso é analisado individualmente. Em estágios iniciais, recomenda-se normalmente a cirurgia para retirada do tumor. Se o câncer estiver mais avançado, pode-se aliar cirurgia e quimioterapia ou, em casos mais graves, já com metástase, se optar apenas pela quimioterapia.
Nos casos em que forem identificadas mutações genéticas, uma opção é o tratamento com Inibidores PARP, medicamentos via oral que matam as células de câncer sem comprometer as demais.
Quais as chances de sucesso do tratamento?
Na maior parte das vezes, o câncer de ovário já é detectado no estágio 3 ou 4. Neste último, a sobrevida costuma ser de 20% dos pacientes em 5 anos. Já no estágio 1, é de 80%, uma diferença considerável.
Com Assessorias