O tema veio à tona em Concussion (‘Um homem entre gigantes’), que estreou em março no Brasil. O filme que deu o prêmio de melhor ator no Hollywood Film Awards ao norte-americano Will Smith conta a história, baseada em fatos reais, da briga entre o Dr. Bennet Omalu e a NFL (Liga Nacional de Futebol Americano) pela descoberta de uma doença cerebral nos jogadores, causada pelos traumas na cabeça, sofridos com a prática do esporte.
Mas a concussão aflige não apenas técnicos, treinadores e atletas, principalmente aqueles que se preparam para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio. Muitos atletas amadores e até pessoas comuns no ambiente doméstico, principalmente pais, cuidadores e familiares, não sabem como lidar com o problema.
Afinal, toda batida na cabeça é uma concussão? Em todos os casos assim é preciso ir ao pronto atendimento? O que a pessoa pode sentir quanto tem uma concussão?. Estas são algumas das questões respondidas no livro ‘Concussão cerebral, mais que uma simples batida na cabeça’, lançado nesta quinta-feira (23), em São Paulo.
Em linguagem direcionada para leigos, o neurologista e neurofisiologista clínico Renato Anghinah e o neurocirurgião Jorge Pagura respondem a todas estas perguntas. O livro também traz estudos e exames mais modernos disponíveis na atualidade para socorrer e tratar batidas na cabeça.
No Rio, o fisioterapeuta André Luis dos Santos, diretor do Instituto Brasileiro de Fisioterapia Vestibular e Equilíbrio (Ibrafive),alerta que os frequentes traumas cranianos podem causar confusão, problemas de memória, tremores, falta de coordenação motora, depressão, declínio na capacidade mental e demência progressiva.
A Encefalopatia Traumática Crônica, antes conhecida como Demência Pugilística, foi descoberta por Dr. Benner Omalu. A doença cerebral degenerativa afeta, especialmente, pessoas que sofrem repetidas lesões na cabeça (ainda que de diferentes intensidades), sendo muito comum em jogadores de futebol americano.
Doença é confundida com Alzheimer
Rodrigo Freitas, especializado em medicina esportiva, diz que sintomas que alguns ex-atletas e praticantes de determinados esportes apresentam, como tontura, perda temporária da memória, alucinações e depressão, são característicos de quem sofre traumas repetitivos no crânio em esportes como futebol, boxe e lutas em geral e podem facilmente ser confundidos com mal de Alzheimer.
“O que muita gente pensa ser Alzheimer ou alguma outra doença degenerativa, na verdade é esta patologia chamada Encefalopatia Traumática Crônica, que acontece devido às pancadas recebidas repetidamente no crânio, ao qual chamamos de concussão e são comuns principalmente em esportes como luta e futebol”, explica.
Ele cita como exemplo recente o caso do volante da seleção alemã, Kramer, que na Copa do mundo em 2015, após levar uma pancada da cabeça ainda no primeiro tempo da decisão contra a Argentina, teve um “branco” na memória e não se recordava de nenhum momento daquela partida.