Estima-se que a doença afete mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo, segundo a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, sendo cerca de 40 mil no Brasil, segundo o Ministério da Saúde,esclerose múltipla é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, afetando 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo.

A maioria dos diagnósticos ocorre entre mulheres entre os 20 e 40 anos, período em que as pessoas estão construindo carreiras, formando famílias e projetando o futuro. Neste contexto, o diagnóstico pode impactar também a autoestima e bem-estar emocional, o planejamento de vida e mesmo a aceitação da sua condição.

A necessidade de amenizar o estigma sobre doenças neurológicas e ampliar o conhecimento sobre os sinais de alerta da Esclerose Múltipla através de iniciativas de conscientização tornam-se ainda mais importantes. Celebrado em 30 de maio, o Dia Mundial da Esclerose Múltipla é um alerta global sobre uma das condições neurológicas mais desafiadoras da atualidade.

Criada pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF), a data destaca a luta de milhões de pessoas em todo o mundo que convivem com essa condição neurológica crônica e autoimune e tem como objetivo conscientizar a população sobre a doença e reforçar a importância do diagnóstico e do tratamento precoces.

esclerose múltipla é uma condição neurodegenerativa e autoimune que afeta cronicamente o sistema nervoso central. Ela ocorre quando o sistema imunológico ataca a mielina, substância que reveste e protege as fibras nervosas, provocando falhas na comunicação entre o cérebro e o restante do corpo. Durante os períodos de atividade da doença — conhecidos como crises ou surtos — as células de defesa do próprio organismo atacam a bainha de mielina, um componente essencial do sistema nervoso.

A bainha de mielina é uma espécie de ‘capa de gordura’ que envolve os nervos e funciona como um isolante elétrico que acelera a transmissão dos sinais entre o sistema nervoso e o restante do corpo. Quando essa estrutura é danificada, há prejuízo na condução dos impulsos nervosos entre os neurônios e outras células, o que está diretamente relacionado ao surgimento dos sintomas da doença. Esses sintomas podem variar bastante, dependendo da região comprometida”, explica Rafaela Silva, médica da Lundbeck Brasil, empresa global especializada em saúde do cérebro.

Os principais sintomas da esclerose múltipla

Caracterizada por surtos e remissões, a esclerose múltipla apresenta uma ampla gama de sintomas que impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A esclerose múltipla pode se manifestar de forma variada, com sintomas que vão desde alterações visuais, fadiga intensa, dormências e desequilíbrio até dificuldades cognitivas. As manifestações clínicas mais comuns são:

  • fadiga com cansaço intenso, sobretudo após exposição ao calor ou esforço físico intenso;
  • alterações na fala como palavras arrastadas,
  • voz trêmula, dificuldade em pronunciar palavras ou sílabas;
  • distúrbios visuais como visão embaçada e dupla;
  • problemas de equilíbrio e coordenação motora como instabilidade ao caminhar, vertigens, rigidez dos membros ao movimentar-se;
  • sensações não definidas como dores musculares e queimação ou formigamento em partes do corpo.

O paciente pode apresentar também sintomas do humor e cognitivos em qualquer momento da doença, independentemente da presença de sintomas físicos ou motores, como depressão, ansiedade e prejuízo na memória.

Os sintomas iniciais podem ser mais alarmantes, como perda temporária da visão, o que costuma levar o paciente a buscar ajuda médica com maior urgência. No entanto, outros sinais podem passar despercebidos como algo corriqueiro, por exemplo uma fraqueza geral inespecífica, o que pode atrasar o diagnóstico em meses ou até anos.”, comenta Dra. Rafaela.

Um alerta para conscientização e diagnóstico precoce

Por se tratar de uma enfermidade com sintomas flutuantes e inespecíficos, o diagnóstico pode ser desafiador e, em muitos casos, demorado.

Não existe um exame único para identificar a EM. O diagnóstico é clínico, baseado em exames de imagem, como a ressonância magnética, além de análise do líquor e testes neurológicos”, explica Flávio Sallem, neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz.

Embora a esclerose não tenha cura, existe tratamento para minimizar os sintomas. Os tratamentos medicamentosos disponíveis para Esclerose Múltipla buscam reduzir a agudização da doença ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente.

Aliada à terapia medicamentosa, suporte multidisciplinar e terapias de reabilitação e apoio contribuem para um plano de cuidado verdadeiramente humanizado e completo. Não há cura, mas o tratamento pode modificar o curso da doença”, completa a médica.

Segundo Flávio Sallem, o acompanhamento médico contínuo é essencial. Com o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem manter uma vida ativa e produtiva.  Para isso, o suporte emocional é fundamental.

É importante oferecer suporte psicológico, além de acompanhamento multidisciplinar com fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, quando necessário”, complementa o neurologista.

Atualmente, há diversas terapias modificadoras da doença que visam reduzir a frequência e a intensidade das crises, além de retardar a progressão da incapacidade.

Primeira terapia oral de curta duração para esclerose múltipla chega ao SUS

O medicamento poderá beneficiar pacientes diagnosticados com a forma remitente recorrente altamente ativa da doença

Os brasileiros com esclerose múltipla recorrente altamente ativa já podem ter acesso via Sistema Único de Saúde à cladribina oral, primeira terapia oral de curta duração para tratamento da doença.

O tratamento demonstrou eficácia na redução da frequência dos surtos clínicos, pois a cladribina atua principalmente nos linfócitos, células do sistema imunológico envolvidas no processo inflamatório da doença.

Lançado no Brasil em 2020 o medicamento possui posologia de curta duração, com 20 dias de administração ao longo de dois anos de tratamento, eficácia sustentada por pelo menos quatro anos e perfil de segurança favorável.  Em setembro de 2023, a comunidade de Esclerose Múltipla celebrou a recomendação final favorável da Conitec para a inclusão dessa terapia no SUS.

Agora, em 2025, os pacientes com a prescrição médica têm acesso à medicação, um marco que demonstra a importância da participação ativa da sociedade civil, associações de pacientes, comunidade médica e demais envolvidos nos processos de consulta pública para a incorporação de novas tecnologias.

7 fatos sobre esclerose múltipla que você precisa saber

Incidência da doença varia de acordo com as regiões do Brasil. Avaliações clínicas e exames de imagem são utilizados para o diagnóstico. Tratamentos visam controlar os surtos da doença e ampliar a qualidade de vida 

Esclerose Múltipla é uma condição complexa que requer uma abordagem multidisciplinar para seu manejo eficaz. Com o apoio adequado, incluindo diagnóstico precoce, tratamento específico e suporte contínuo, os pacientes podem enfrentar os desafios impostos pela doença e manter uma boa qualidade de vida. Abaixo, confira as sete principais informações que todos devem saber sobre a EM, desde sua incidência até opções de tratamento e desafios enfrentados pelos pacientes.

  1. No Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com Esclerose Múltipla

Estima-se que aproximadamente 40 mil pessoas vivam com EM no Brasil, com uma prevalência média de 8,69 casos por 100.000 habitantes – podendo chegar a 27,2/100 mil na região sul. A maioria dos diagnósticos ocorre entre os 20 e 50 anos, embora a doença possa afetar pessoas de qualquer idade. Pessoas brancas e do sexo feminino apresentam maior probabilidade de serem diagnosticadas com EM. A maior incidência é observada nas regiões sul do país.

  1. Sintomas comuns incluem fadiga, alterações na fala, transtornos visuais e fraqueza muscular 

Esclerose Múltipla pode manifestar-se de várias formas no sistema nervoso central, resultando em sintomas neurológicos diversos. Entre os sintomas mais frequentes estão neurite óptica, diplopia, paresia ou alterações sensitivas e motoras de membros. Os pacientes podem experienciar ainda disfunções de coordenação e equilíbrio, dor neuropática, espasticidade, fadiga, disfunções esfincterianas e cognitivo-comportamentais.

A doença é caracterizada por surtos agudos de novos sintomas ou intensificação dos existentes, seguidos por períodos de remissão parcial ou total. Esses surtos podem variar em intensidade e frequência entre os indivíduos, com a progressão da doença sendo altamente variável.

  1. Diagnóstico da EM envolve exames clínicos detalhados e de imagem

O diagnóstico da EM é complexo e baseia-se em exames clínicos detalhados – documentação de dois ou mais episódios sintomáticos, que devem durar mais de 24 horas e ocorrer de forma distinta, separados por período de no mínimo um mês – além de exames de imagem como ressonância magnética e análise do líquido cefalorraquidiano.

  1. Medicamentos e suporte multidisciplinar controlam frequência e intensidade dos surtos e ampliam qualidade de vida

Embora ainda não haja cura, os tratamentos aprovados para a doença visam a melhora clínica e aumento da capacidade funcional ao reduzir a ocorrência dos surtos ao longo dos anos, em face da diminuição da atividade inflamatória. O tratamento pode envolver o trabalho conjunto de neurologista, enfermeiros, psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, conforme as necessidades de reabilitação de cada paciente.

  1. Pacientes de esclerose múltipla precisam atentar à qualidade da saúde mental 

Transtornos do humor, como depressão e ansiedade, são frequentes em pacientes com esclerose múltipla (EM) e muitas vezes são desencadeados ou exacerbados pela dificuldade em enfrentar a doença. A depressão, por exemplo, afeta entre 36% e 54% dos pacientes e está correlacionada com piora na qualidade de vida, perda de dias de trabalho, redução na adesão ao tratamento e aumento do risco cumulativo de suicídio. Além disso, o funcionamento cognitivo, que envolve memória, concentração, raciocínio e julgamento, também pode ser comprometido.

  1. Suporte e informação podem contribuir para os desafios de viver com EM

Organizações como a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM desempenham papeis de destaque ao oferecerem suporte emocional, informação e advocacy para pacientes e familiares. Elas ajudam a ampliar a conscientização sobre a esclerose múltipla, promovendo melhores condições de vida para os afetados pela doença.

  1. Ferramentas tecnológicas têm o potencial de amparar a rotina de pacientes e familiares que convivem com esclerose múltipla

Soluções digitais, como o aplicativo Cleo podem contribuir na orientação e organização da rotina. A plataforma gratuita apresenta conteúdo para ajudar pacientes que convivem com EM, fornecendo informações gerais sobre a doença, aconselhamento sobre dietas, bem-estar, exercícios e possíveis sintomas. Desenvolvida pela Biogen, a plataforma contou com uma equipe de elaboração formada por mais de 30 neurologistas e enfermeiros e mais de 100 pacientes.

Com Assessorias

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