Alerta para a comunidade médica e famílias brasileiras: o excesso de peso na infância já é uma realidade no Brasil. Em pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em 2021, estima-se que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso e 3,1 milhões já evoluíram para obesidade. A doença, considerada uma epidemia mundial do século 21, pode atingir inclusive bebês.

E a curva só tende a subir: pesquisas da Organização Mundial de Saúde mais recentes corroboram com o cenário alarmante de obesidade infantil. Atualmente, 44 milhões de crianças convivem com a obesidade em todo o mundo. Em quatro anos, esse número deve subir para 75 milhões, de acordo com a OMS. 

Dia 3 de junho é o Dia da Conscientização contra a Obesidade Mórbida Infantil, considerada um dos maiores problemas de saúde pública pediátrica, afetando cerca de 224 milhões de crianças em idade escolar no mundo. A data foi criada como forma de trazer visibilidade ao tema e alertar os pais sobre a importância de se cuidar da saúde das crianças através da alimentação saudável.

Quando saber se uma criança é obesa mórbida?

Mas quando uma criança pode ser considerada obesa? Segundo Dr. Antônio Wanderson Lack de Matos, especialista em nutrição clínica e responsável pelo setor de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá (HCI), uma criança é considerada com obesidade mórbida quando o seu IMC (índice de massa corporal) ultrapassa 40 Kg/m².

“O ideal é já ficar alerta se a criança estiver com o peso 25% maior que o indicado para a sua idade. Nesse caso, o tratamento mais adequado seria a regulação dietética e a prática de exercícios físicos e ainda alguns medicamentos para equilibrar esse organismo enquanto o corpo não volta ao peso ideal”, alerta o nutricionista.

Dr. Antônio lembra que o ideal é a criança ter a alimentação saudável com frutas, legumes e cereais e o consumo correto de proteínas.

“A doença atinge de bebês a jovens de 12, 13 anos e o tratamento precisa ser feito de acordo com a composição corporal do indivíduo através de um controle alimentar personalizado até o organismo da criança se livrar das toxinas e manter o crescimento dos tecidos. Para isso, a família precisa ajudar muito nesse processo, principalmente pelo fato de a
criança não ter discernimento”, explica o especialista.

Cardiologista alerta para riscos à saúde cardiovascular

Para a cardiologista Paola Smanio,obesidade traz maior risco para a criança se tornar portadora de diabetes, hipertensão arterial, ter níveis elevados de colesterol e triglicérides e com isto desenvolver a aterosclerose precocemente. A chamada doença das artérias é a principal causa dos eventos cardiovasculares como -infarto do miocárdio, acidente cérebro vascular e doença obstrutiva periférica.]
A criança em estado de obesidade também pode desenvolver doenças ortopédicas e muitas vezes apresentar alterações emocionais, perda da auto-estima, estresse e depressão. Além dos fatores genéticos, hormonais, os fatores comportamentais são elementos desencadeante da obesidade em crianças.

“A maioria das crianças com obesidade mórbida é sedentária e apresenta comportamento alimentar não saudável. Precisamos estar atentos, obesidade infantil é doença e traz consequências sérias para a vida da criança”, destaca.

A bota notícia, segundo a médica, é que a obesidade infantil tem tratamento. Pais e responsáveis devem procurar ajuda para que suas crianças recebam o  acolhimento, assistência e acompanhamento da equipe de saude interprofissional.
“O tratamento medico dever ser continuo, a saúde da criança precisa de ser acompanhada longitudinalmente e requer um comprometimento conjunto da criança, de seus familiares, bem como dos profissionais da saúde e da educação. Precisamos amparar e ajudar nossas crianças a crescerem com saúde!”, esclarece.

Alimentação saudável começa na concepção

A formação de uma saúde plena na criança começa no momento da pré-concepção. A nutrição fornecida pela placenta é um determinante fundamental para o crescimento fetal. A Associação Brasileira de Nutrologia (Asbran) confirma a importância da nutrição materna na saúde das futuras gerações, confirmando que fatores nutricionais podem afetar as células germinativas masculinas e femininas antes da concepção, modificando o desenvolvimento do embrião.

Em razão disso, a programação metabólica intrauterina é de suma importância, uma vez que os estudos epidemiológicos apontam o risco de desenvolvimento da obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2 até oito vezes maior entre os bebês expostos a um ambiente intra-útero nutricionalmente desequilibrado. Cabe lembrar, ainda, que o aleitamento materno após o nascimento é fundamental na nutrição integral da criança, sendo essencial para prevenir e reduzir o risco de obesidade.

Nutrição em diferentes fases da vida

Especialistas da Jasmine Alimentos destacam a importância da educação nutricional de crianças, desde o momento da introdução alimentar até a fase adulta.

Estágio pré-natal – concepção até nascimento

Os 1.000 dias entre a gestação e a primeira infância da criança é considerado o período crucial para crescimento e desenvolvimento infantil, no qual é possível adotar hábitos e atitudes que irão influenciar na saúde futura. No ambiente intrauterino e nos primeiros anos de vida, a criança tem grande influência no seu desenvolvimento neuropsicomotor.

A adoção de uma alimentação balanceada nos períodos de pré-concepção, gestação e amamentação, engloba alimentos ricos em fitoativos, vitaminas e minerais. Em todos os períodos de vida, o consumo de frutas, legumes, grãos integrais, leguminosas e sementes é essencial para fornecer diversas substâncias benéficas à saúde. “A aveia, a linhaça, as goji berries, o arroz integral, as frutas liofilizadas – que são aquelas sequinhas e crocantes – são ideais para incluir no cardápio, tanto na gestação como na lactação”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo. 

Ainda, a semente de chia e linhaça são duas fontes de ômega-3, nutriente indispensável na alimentação de gestantes e lactantes, já que atua no neurodesenvolvimento infantil e tem propriedades anti-inflamatórias. Desta forma, sua inclusão no cardápio é considerada fator protetor no risco de obesidade infantil.

Primeira infância – nascimento até 3 anos

Após o nascimento, o aleitamento materno exclusivo é o tipo de alimentação mais recomendado até os 6 meses da criança, sem necessidade de nenhum alimento complementar. Após esse período, recomenda-se o processo de introdução alimentar, importante marco fisiológico na vida do bebê, capaz de fornecer quantidade e qualidade nutricional suficientes para garantir o crescimento e o desenvolvimento saudável.

A Organização Mundial de Saúde indica iniciar o processo de introdução alimentar com purês à base de verduras, legumes e frutas e aumentar gradualmente a consistência até o menor completar 12 meses de idade. Desta forma, respeitam-se os movimentos mastigatórios e a habilidade de deglutição.

“Após esse período, recomenda-se a inclusão de outros alimentos com consistência mais firme, como cereais integrais, aveia, em forma de mingaus e smoothies, até a criança estar apta a mastigar alimentos mais sólidos. O ideal é evitar até os 2 anos de idade o contato da criança com alimentos ricos em açúcares e farinhas brancas”, complementa a nutricionista.

Próximos anos: segunda infância (3 a 6 anos), terceira infância (6 a 12 anos) e adolescência (12 a 20 anos)

A alimentação composta por alimentos naturais, integrais, ricos em fibras, vitaminas, minerais, fitoativos, carboidratos complexos, proteínas e gorduras saudáveis (mono e poli-insaturadas) deve ser a base da rotina infantil diária, sendo essencial esse controle por parte dos pais, uma vez que esses hábitos são seguidos com o estímulo da família.

Como aumentar o repertório alimentar da criança

Uma das principais orientações da comunidade médica é ofertar todos os alimentos durante a introdução alimentar garantindo, assim, o estímulo do paladar para diversos sabores e texturas. Uma dica interessante é decorar os pratos das crianças com as cores dos alimentos, fazendo com que aumente a atenção do menor pela comida.

A influência familiar na construção do hábito alimentar é imprescindível. “Tudo que a criança for comer, a adesão dela será ainda maior se os pais acompanharem e consumirem os mesmos alimentos na refeição. É uma forma de mostrar para a criança que aquilo é saudável e fará bem para sua saúde”, explica Adriana.

“Além da variedade alimentar para estimular o paladar, é importante lembrar que os alimentos precisam ser saborosos e convidativos, especialmente para a criança. Saúde e sabor precisam andar lado a lado. É muito prático incluir snacks integrais, smothies prontos, frutinhas desidratadas crocantes no dia a dia, fazendo com que a criança adquira o gosto de comer bem. Não precisa abrir mão do docinho nem do biscoito salgado, basta saber escolher aquele que é gostoso e fornece nutrição com qualidade”, finaliza Melissa Carpi.

Com Assessorias

Shares:

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *