‘Tive um filho, e agora, como ficará minha vida profissional?’ Muitas mulheres enfrentam esse questionamento quando se tornam mães. Não é mesmo fácil acumular papéis num mundo corporativo pouco amistoso em relação à maternidade e às necessidades das mulheres. Para conquistar a independência financeira e profissional, sem abrir mão da vida afetiva, grande parte das mulheres assume a jornada multifacetada – ‘mulher, mãe, profissional e muito mais’ – que quase sempre sobrecarrega o cotidiano.
Pesquisa recente publicada no American Sociological Review, feita com 368 mães e 241 pais que trabalhavam fora de casa, concluiu que elas trabalham quase 10 horas a mais por semana do que eles em tarefas realizadas simultaneamente, como cuidar dos filhos enquanto arrumam a casa e preparam as refeições. Para dar conta de tantas demandas, é fundamental saber organizar o tempo, melhorar a produtividade e também cuidar de si.
Mas muito além de cuidar da casa, do filho e de si próprias, elas querem é criar novos negócios. A pesquisa “Quem são elas?”, realizada pela RME (Rede Mulher Empreendedora) em 2016, comprovou o que já era observado no mercado: 75% das mulheres resolvem empreender após a maternidade. Apenas na classe C o número sobe para 83%.
O estudo mostra que o empreendedorismo feminino no Brasil ganhou força nos últimos anos. A pesquisa ainda aponta os obstáculos enfrentados por essas mulheres e busca definir um perfil das empreendedoras. A pesquisa revela ainda que 68% trabalham em casa e 41% começaram o seu projeto sem acesso a crédito, apenas com o capital que tinha. Entre os principais motivos para o empreendimento entre elas estão a possibilidade de se trabalhar com o que gosta, a versatilidade de horário e a busca por uma renda melhor para sua família.
Papo de Empreendedora para apoiar outras mães
Pode parecer clichê, mas a jornalista Gabriela Anastácia, 28 anos, e mãe do pequeno Arthur Marcos, de 1 ano e 9 meses, resolveu unir suas duas paixões: o jornalismo e o empreendedorismo. Dona de uma agência de assessoria de comunicação há cinco anos, após a maternidade ela precisou rever suas prioridades e aprender a administrar melhor seu tempo para continuar tocando todas as áreas de sua vida.
Trabalhei até os seis meses de vida do meu filho e depois resolvi dar uma pausa de mesmo tempo para me dedicar exclusivamente a ele. Mas sentia falta da troca com outras mulheres, cafés com as amigas e um espaço para falar da pesada rotina que é empreender, em especial, quando se tem filhos”, conta Gabriela.
Foi no mundo virtual que ela começou a interagir e compartilhar com outras mulheres que tinham as mesmas angústias. Criado em outubro de 2016, o Papo de Empreendedora tem a proposta de apoiar e ajudar a capacitar mulheres que empreendem, principalmente mães, tanto na hora de começarem seus próprios negócios como ao estruturarem a marca.
Inicialmente, criei um perfil no Instagram e aos poucos fui desenvolvendo um relacionamento de amizade e parceria com outras profissionais. Assim surgiu a ideia dos workshops presenciais e um site para capacitação on-line. Através da troca de histórias, informações e treinamentos práticos o projeto foi se moldando com o tempo e no segundo semestre será lançada uma nova plataforma”, conta.
Entre 9 de maio e 30 de junho o Papo de Empreendedora fará palestras e workshops no Shopping Grande Rio, Baixada Fluminense, em parceria com o espaço CoLabore (veja a agenda completa aqui). Os eventos seguem a dinâmica do Papo e buscam temas para atualizar e dinamizar as empreendedoras. A página do Facebook traz maiores detalhes e o link para se inscrever em cada um.
Apesar do grande salto, Gabriela continua cheia de ideias: “Meu sonho é realizar um evento em um lugar com espaço infantil, para que as mães também possam trazer os filhos”.
Um site para falar de maternidade
A inquietação típica de jornalista também moveu a carioca Daniele Maia, de 42 anos, a criar o Versão Mãe, um site voltado para o universo da maternidade real e da primeira infância. A página aborda temas que falam desde a gestação da mulher até a idade de 6, 7 anos da criança. Dani conta que o site nasceu em meio a um momento de angústia e questionamentos que o nascimento de Tom, seu primeiro e único filho, trouxe.
Como ser uma mulher independente, profissional atuante, fazer o que se quer, o que se gosta e ainda encontrar tempo para cuidar de um filho? Quem sou eu agora, a mulher refletida no espelho ou “apenas” a versão mãe que todos veem? Como lidar com esse amor que transborda do peito? Como proteger meu filho desse mundo tão louco?”, questionava-se, Dani, que também é historiadora.
O sentimento de solidão tomou conta e ela encontrou na escrita o antídoto para extravasar as emoções. Escrevendo, lendo e compartilhando informação com outras mães, Dani se deu conta de que esse era o caminho para minimizar não só as suas angústias e dúvidas como também as angústias e as dúvidas de outras mulheres/outras mães que encaram pela primeira vez a função mãe.
Fui mãe só aos 38 anos. A gente acha que a idade e a maturidade farão a gente passar por tudo de forma mais segura e tranquila, mas que nada. Não há receita de bolo quando o assunto é a maternidade. Mesmo cercada de familiares, amigos e muita informação, me senti sozinha e impotente. A primeira sensação é a de desamparo, medo. Mas vi que a rede de informação e o apoio mútuo são fundamentais nesse processo. Então, depois de muito ler, pesquisar e me apoiar nessa rede, senti vontade de escrever sobre o assunto e dividir as dúvidas e as possíveis respostas com outras mulheres, com outras mães.”
Uma parte do site é composta por reportagens, onde são ouvidos profissionais especializados em diversas áreas. Em outra, Dani se dedica a textos que falam sobre suas experiências pessoais, uma outra conquista que a maternidade trouxe a ela:
“Sempre fui muito reservada, um tanto tímida. Gosto muito de conversar com as amigas, mas sou mais o ombro amigo, aquela que escuta e pouco fala (risos). Com a maternidade, com todo esse sentimento que nasceu dentro de mim e não coube no peito, aprendi a me expor mais. Isso se refletiu também na minha vida profissional. Quis encarar novos ares e me lancei no mundo do empreendedorismo. Espero que o Versão Mãe alce longos e bons voos. Aonde ele vai me levar, não sei. Mas com certeza ele já me trouxe muita alegria e amadurecimento. Então, vamos em frente!”.
Coworking para mães empreendedoras
Acompanhar o desenvolvimento dos filhos de perto e gerir o próprio negócio não deveria ser um desafio, tendo em vista que a proximidade entre mães e crianças pequenas contribui de forma significativa para a consolidação de vínculos sadios e seguros. Sem falar que os cuidados primários constituem a base de todos os relacionamentos íntimos futuros.
Sensível a essa realidade, o coworking Hug Spot – que abriu suas portas no dia 15 de maio, em Pinheiros, São Paulo – permite que as empreendedoras se dediquem à maternidade e aos negócios com a mesma paixão e o mesmo envolvimento. A estrutura do coworking foi pensada em cada detalhe para que as crianças cresçam num ambiente estimulador, seguro, educativo e feliz, enquanto suas mães prosperam e se realizam como profissionais.
“Ofereço às mulheres que amam seus filhos e sua vida profissional exatamente o que eu estava buscando para mim depois que me tornei mãe do Pedro”, revela Julia Maturana, sócia-proprietária da iniciativa, junto com a amiga Daniela Del Nero, também mãe e empreendedora.
Adeptas da maternidade ativa e engajada, que se desenvolve junto com a ascensão profissional, as empresárias convidam outras mulheres a vivenciarem essa experiência. No coworking, as frequentadoras podem interagir com seus filhos em diferentes momentos, sempre que acharem oportuno. A tranquilidade de saber que os filhos estão se desenvolvendo da melhor forma possível, bem perto delas, favorece o foco nos negócios e, consequentemente, o rendimento do trabalho. A combinação ideal para os dois lados.
Série ‘Empreendedorismo Feminino’ na Semana das Mães
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Da Redação, com Assessorias