Logo ao nascer, Dante recebeu o diagnóstico de paralisia cerebral, um grupo de condições que envolve espasticidade, ataxia e/ou movimentos involuntários. Não tem cura, mas os sintomas podem ser tratados. Para ter mais qualidade de vida, o menino de 6 anos precisa passar por um tratamento multidisciplinar, que envolve várias técnicas terapêuticas. Mas recentemente, seu tratamento foi interrompido de forma unilateral pela clínica
A clínica Follow Kids informou que todas as guias de atendimento foram rasgadas, interrompendo as terapias que ajudam Dante a andar, falar e evitar deformidades permanentes. , A mãe de Dante, a sargento da Polícia Militar Flávia Louzada, luta para que a Unimed Ferj indique outra clínica para que o menino possa seguir o tratamento.
Em sua batalha para que o filho possa desenvolver todo o seu potencial, Flávia descobriu que outras mães também enfrentam uma luta pessoal contra o plano de saúde.
Descobri que não sou a única, alíás, somos muitas mães e pais cujos filhos são tratados como prejuízo pelos planos de saúde e como meio de enriquecimento por algumas clínicas que os veem como produtos de um comércio e não como vidas”, desabafou Flávia, em uma mensagem que viralizou em grupos de whatsapp (veja a íntegra no Facebook).
A PM afirma que essa decisão fere os direitos do filho e compromete sua qualidade de vida. “Não foram apenas guias rasgadas, mas o direito do meu filho à vida”, desabafou. Sem o tratamento adequado, Dante pode sofrer dores constantes e perder avanços conquistados ao longo dos anos.
A mãe do Dante liderou nesta segunda-feira (24) uma manifestação pelo direito das crianças com deficiência ao acesso à um tratamento de reabilitação de qualidade, em frente à sede da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca. Mesmo debaixo de chuva, um grupo de mães atípicas, familiares e outros apoiadores mostrou sua indignação e cobrou providências para este e vários outros casos – veja mais aqui.
OUTRO LADO – Em nota ao Vida e Ação, a Unimed Ferj informou que “está prestando todo auxílio necessário ao Dante” e que busca uma solução para que o paciente seja devidamente atendido. “Seguimos comprometidos com a qualidade e continuidade dos serviços prestados, trabalhando incansavelmente para assegurar que o beneficiário receba o atendimento adequado”, diz a operadora.
Denúncia de maus tratos em creche
Esta não é a primeira vez que Flávia enfrenta desafios para garantir o direito do filho. Em 2022, a policial militar denunciou que o filho era mantido preso em uma cadeira, isolado de outras crianças por horas, sem direito a beber água.
O caso veio à tona após uma denúncia anônima recebida pela mãe do menino. O registro foi feito na 21ª DP (Bonsucesso), que pegou imagens de câmeras de segurança da creche. A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Rio e aceita pela Justiça.
“A parte cognitiva dele é perfeita, o que torna isso tudo ainda mais cruel. Ele tinha noção de tudo. Quando entrava na rua da escola, ele começava a chorar muito, desesperadamente”, disse Louzada ao G1 na ocasião. A diretora da creche e as professoras associadas às ocorrências citadas negaram os maus-tratos.
‘É a vida do meu filho que está em risco’
Me chamo Flavia Louzada e sou mãe do Dante, um menino de 6 anos com diagnóstico de paralisia cerebral e o sorriso mais lindo que já vi em toda a minha vida. Dante faz inúmeras terapias diariamente, porém o tratamento multidisciplinar de terapias dele foi suspenso.
Conforme print na segunda foto deste post, a clínica multidisciplinar Follow KIds me informou que estaria rasgando todas as guias de atendimento dele, porém não foram simplesmente guias que foram rasgadas, mas sim o direito que meu filho tem à vida.
Alí foram rasgados exatamente 6 anos e 28 dias que lutamos para que o Dante viva, ande, fale , não tenha deformidades permanentes nem dores e desenvolva todo o seu potencial . Aquelas guias rasgadas representam o fim de toda chance que meu filho possa ter de se desenvolver.
O plano UNIMED FERJ alega que tal decisão foi unilateral da clínica, já a mesma não me informou o motivo de até as terapias domiciliares ABA serem canceladas, e nesse jogo de empurra empurra , É A VIDA DO MEU FILHO QUE ESTA EM RISCO , a vida daquele que amei desde o primeiro instante que soube que crescia dentro do meu ventre.
Confesso que quando fui avisada que todas as guias de atendimento do meu filho estavam sendo destruidas pela clínica, ali parte de mim tb estava se despedaçando, mas tenho que ser forte, não por opção, mas porque EU SOU A ÚNICA CHANCE QUE ELE TEM .
Se a clínica resolveu expulsar meu filho, cabe ao plano o alocar em uma clínica que respeite a sua dignidade humana e tenha todos os métodos que ele precisa, e tem direito, dentro do tratamento prescrito.
E nessa luta descobri que não sou a única, alías somos muitas mães e pais cujos filhos SÃO TRATADOS COMO PREJUÍZO PELOS PLANOS DE SAÚDE E COMO MEIO DE ENRIQUECIMENTO POR ALGUMAS CLÍNICAS QUE OS VEÊM COMO PRODUTOS DE UM COMÉRCIO E NÃO COMO VIDAS”
Justiça decide que Unimed tem que pagar tratamento de criança com paralisia cerebral
Unimed Ferj substituiu a Unimed Rio
Desde 1º de abril de 2024, a Unimed do Estado do Rio de Janeiro – Federação Estadual das Cooperativas Médicas (Unimed Ferj) passou a ser responsável pela assistência à saúde de todos os beneficiários da Unimed-Rio Cooperativa de Trabalho Médio do Rio de Janeiro LTDA (Unimed-Rio), que deixou de atuar como operadora de plano de saúde.
O processo de transferêcia dos usuários foi acompanhado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Unimed do Brasil e Central Nacional Unimed.
Em agosto de 2023 a ASN aprovou a transferência parcial voluntária de aproximadamente 43 mil beneficiários de planos coletivos empresariais da Unimed-Rio para a Unimed Ferj. A medida foi válida para beneficiários vinculados a empresas com CNPJ do estado do Rio de Janeiro, com exceção de empresas com CNPJ dos municípios do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias.