Paraplégica, a ex-ginasta emocionou o público ao receber a Tocha Olímpica de pé numa cadeira de rodas especial (Foto: Divulgação) Paraplégica, a ex-ginasta emocionou o público ao receber a Tocha Olímpica de pé numa cadeira de rodas especial (Foto: Divulgação)
Tetraplégica, a ex-ginasta emocionou o público ao receber a Tocha Olímpica de pé numa cadeira de rodas especial (Foto: Divulgação)

Ela participou de duas olimpíadas pela Seleção Brasileira de Ginástica Artística – em Atenas 2004 e  Pequim 2008 – e se preparava para os Jogos de Inverno de Socchi, na Rússia, quando um trágico acidente a deixou tetraplégica em 2014.  Às vésperas da Rio 2016, a ex-ginasta Laís de Souza, hoje com 27 anos, falou ao Blog Vida & Ação, seção 5 Minutos, sobre a sua história de superação, da emoção de carregar a Tocha e de assistir à realização dos Jogos Olímpicos no Rio.

Em Pequim 2008, Laís ajudou a seleção de ginástica artística a conquistar o melhor resultado de sua história: sétimo lugar por equipes. Nos Jogos Pan-Americanos San Domingo 2003 e Rio 2007, ela conquistou uma medalha de prata e três de bronze. Sua especialidade era o salto sobre o cavalo, prova em que também foi medalhista de prata na Copa do Mundo de 2005. Em 2013, a ginasta passou a se dedicar ao esqui aéreo, modalidade dos Jogos de Inverno.

Inspiração para pequenos atletas da Mangueira

Em janeiro de 2014, aos 25 anos, Laís sofreu a queda que atingiu sua coluna cervical, em Park City, nos Estados Unidos. Desde então, usa uma cadeira de rodas e faz tratamento para recuperar os movimentos. Os novos desafios da ex-ginasta servem de exemplo para muitos jovens que vêem no esporte a chance de realização pessoal e profissional, Ainda mais se estes jovens vivem em comunidades carentes, como a Mangueira.

Recentemente, Laís tornou-se embaixadora dos Ovos Solidários para Atletas, financiado pela Granja Mantiqueira. E foi nessa função que, no dia 20 de julho, se encontrou com os atletas mirins do Instituto Mangueira do Futuro. O trabalho desenvolvido na ong é reconhecido pela Unesco como um dos maiores programas sociais esportivos do mundo na formação de atletas de alto rendimento há mais de 25 anos. Parte da renda dos ovos, à venda nos supermercados Campeão, Mundial, Pão de Açúcar, Prezunic, SuperPrix e Zona Sul, é revertida para apoio às atividades esportivas.

Durante a cerimônia de revezamento no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no dia 24 de julho, ela emocionou o público ao segurar o símbolo olímpico de pé, em uma cadeira de rodas especial. “Minha tocha representa os cadeirantes. Estou carregando não só a minha felicidade, mas a vontade e a felicidade de muitas pessoas. A participação dos cadeirantes, dos brasileiros em geral”, disse. Confira a entrevista exclusiva da ex-ginasta ao Blog Vida & Ação:

1– O que representa o esporte na sua vida? 

O esporte representa tudo na minha vida. Foi por meio dele que eu aprendi tudo o que sei e me tornei a pessoa que sou hoje. Por eu ser uma atleta, ajudou muito em minha recuperação. Eu amo esporte e sempre vou gostar. Já fui em algumas competições de ginástica após o acidente e me sinto bem.

2 – Qual foi a sua maior dificuldade após o acidente? 

Eu sempre fui uma pessoa muito independente. Por conta do esporte eu saí muito cedo de casa, então sempre me virei sozinha. Mas, de uma hora para outra, passei a depender de outras pessoas para tudo. Isso foi bem difícil.

3 – Qual a sua maior inspiração para se superar? O que mais a motiva? 

Desde o acidente, eu passei a focar nas pequenas conquistas. A primeira foi respirar sem aparelhos. O que me motiva é isso. É buscar a minha melhora e, por menos que possa parecer, para mim se torna algo grande. Essa é minha motivação.

4 – Com as Olimpíadas no Rio, como você vê a festa que pode ser considerada a maior comemoração desportiva dos últimos anos no seu país?

Os Jogos Olímpicos são inspiradores. Eles têm uma energia única, que estamos tendo a oportunidade de viver em nosso país. Para mim, mesmo estando fora das competições, tem sido um momento muito especial, pois me faz relembrar toda a minha trajetória no esporte. Fui uma das condutoras da Tocha Olímpica e o que vivi foi algo inexplicável. Eu sei que o país está passando por um momento difícil, mas já que as Olimpíadas serão aqui, nós temos que viver essa festa, pois não teremos outra oportunidade como essa dentro de casa.  

5 – Como é participar de atividades junto às crianças do Instituto Mangueira do Futuro?

Foi gratificante estar com as crianças do Mangueira do Futuro. Elas ajudaram a renovar minha energia! Que seriedade como elas levam o esporte. Tenho certeza de que todos ali têm grandes chances de se tornarem atletas de sucesso. Fico feliz em apoiar um projeto em prol do futuro desses pequenos atletas.

Colaboração de Ana Carolina Almeida e Jessica Oliveira

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