O Brasil registra a cada ano cerca de 41 mil novos casos de tumores de cabeça e pescoço, que atingem boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide e seios paranasais, segundo o Instituto Nacional de Câncer. Além disso, os sobreviventes, por sua vez, podem enfrentar uma perda significativa da qualidade de vida durante e após o tratamento, na maioria dos casos com o comprometimento da fala além de sequelas psicológicas e funcionais.

Diante de números alarmantes, cresce a importância da campanha #JulhoVerde, que visa prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação adequados. Este é o terceiro ano da campanha estratégica realizada pela Associação de Câncer de Boca e Garganta – ACBG Brasil para a conscientização sobre esses tumores malignos. Neste ano, o tema escolhido é: “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”.

A doença pode acontecer com qualquer um de nós, uma vez que os fatores de risco estão no nosso dia a dia como tabagismo em todas as suas modalidades, consumo de bebidas alcoólicas independente da periodicidade e volume ingerido e as infecções por HPV por meio das relações sexuais rotativas e sem preservativos, mesmo no sexo oral.

Estima-se que cerca de 15 mil novos casos de câncer de cavidade oral surjam por ano no Brasil, sendo 80% em homens e caracterizando-se como o 5º tumor de maior incidência no país no ranking geral.

Para o câncer de laringe, estima-se 8 mil novo casos, sendo que 97% dos diagnósticos são provenientes do tabagismo. O consumo de álcool associado ao tabagismo aumenta o risco em 140 vezes para câncer nessa região.

Em pacientes jovens, a infecção pelo HPV (papilomavírus humano) tem ampliado o número de novos casos de orofaringe devido a prática do sexo oral sem preservativos.

Além disso, a utilização do narguilé (cachimbo de água utilizado para fumar tabaco aromatizado) e o consumo excessivo do álcool também têm correlação com o aumento do número de casos em jovens de 18 a 30 anos.

“A ACBG Brasil tem 4 anos desde sua fundação e vem trabalhando ativamente pautas que visam dar acesso à reabilitação dos pacientes que foram laringectomizados em virtude do câncer de laringe e perderam a voz através de ações de advocacy que culminaram na incorporação do equipamento eletrolaringe em março de 2019 como outros temas que envolvem as muitas necessidades dos pacientes de com câncer de cabeça e pescoço como as próteses bucomaxilofacial, as fonatórias, os imunoterápicos, acesso a biópsia mais precocemente, ou seja, ACBG Brasil precisa ser a voz de brasileiros que não tem”, ressalta Melissa.

A importância do diagnóstico precoce

Na maioria das vezes, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos no início da doença, o que leva ao diagnóstico tardio. Por isso, fazer o diagnóstico das lesões iniciais é imprescindível para aumentar a probabilidade de cura.

“Por estas razões, nosso objetivo é alertar sobre os fatores de risco, muito presentes entre a população brasileira, e falar da importância do diagnóstico precoce. Em 60% dos casos, a doença já está mais avançada quando é descoberta”, destaca a presidente e fundadora da ACBG Brasil, Melissa A. R. Medeiros.

Ela é sobrevivente de um câncer de laringe e vive com sequelas graves como a perda da voz e com a traqueostomia para respirar. “Os vícios socialmente aceitos estão causando isso à nossa população”, reitera Melissa.

O autoexame é simples e pode ajudar significativamente a identificação de alterações, auxiliando na prevenção o até mesmo a descobrir lesões iniciais. Ele consiste na inspeção visual e palpação, devendo ser realizada em frente ao espelho com boa iluminação. Sinais de alerta são por exemplo manchas brancas na boca, dor local, lesões com sangramento ou cicatrização demorada, nódulos no pescoço, mudança na voz e rouquidão, e dificuldade para engolir.

Os avanços no tratamento

Além das terapias tradicionais, nos últimos anos novas drogas promissoras têm conseguido melhorar o prognóstico dos pacientes, com uma ação mais eficiente e menos agressiva ao organismo, como as imunoterapias e terapias-alvo. A conscientização sobre essas doenças também reforça o trabalho de entidades como a ACBG, pelo maior acesso a tratamentos inovadores e suporte ao paciente pós-terapias.

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