Em agosto de 2015, a jornalista Izabella Camargo, apresentadora da previsão do tempo dos jornais “Hora 1” e “Bom Dia, Brasil”, na TV Globo, teve um apagão no ar. Esqueceu completamente o nome de Curitiba, a capital do Paraná. Diagnosticada com a Síndrome de Burnout, que provoca intenso esgotamento físico e emocional, entrou em licença médica por 15 dias e depois, por mais um ano, pelo INSS. Ao voltar, foi demitida.

“Minha sensação era de profundo vazio. Minha vontade era de sair correndo, vomitar e pedir socorro. Você se sente absolutamente sozinho”, contou ao Uol. Hoje, ela ainda não superou a doença. Só este ano, conta ter sofrido seis crises de estresse. Mas já comemora a decisão da Justiça, divulgada nesta quinta-feira (4), que obriga a TV Globo a recontratá-la.

Para a jornalista, a decisão pode beneficiar todos que sofrem suas dores invisíveis e foram prejudicados por desenvolverem problemas físicos ou mentais nos ambientes profissionais. A síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, bancários, professores, policiais, bombeiros, jornalistas, entre outros. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Internacional de Gerenciamento do Estresse, a Isma (International Stress Management Association), 72% dos entrevistados brasileiros sofrem com estresse e 30% deles apresentam a doença.

Como jornalista fico feliz. Como poderia ser diferente? Não buscar a verdade? Não buscar a lei? Fazemos isso com todas as pautas que nos dão para pesquisar e trabalhar! Estou exercendo a profissão que escolhemos! Entendo que nossa missão é essa: falar a verdade. Não fiz nada de errado. Fiz o melhor que pude sempre”, afirmou à Veja, um dia após o anúncio da decisão da Justiça.

Em depoimento à revista, em janeiro, Izabella relatou: “Sofri muita incompreensão. Entre um sintoma e outro, levava laudos para meus chefes pedindo só uma mudança de horário. Voltei de uma licença médica e fui dispensada. Uma doença assim não é bem-vista nas empresas. Algumas preferem até dizer que o funcionário quebrou o pé a confirmar a síndrome”.

Izabella trabalhou de madrugada por seis anos. Devido aos horários da grade, ela precisava trocar o dia pela noite. Diagnosticada com a Síndrome de Burnout, ela tirou uma licença médica em 2015. Ao voltar, foi dispensada. Para ela, o motivo foi a síndrome de burnout, resultante de excesso de trabalho. Mas a emissora sempre foi enfática ao negar que a decisão tenha sido relacionada à condição de saúde da profissional.

Para o juiz do trabalho José Aguiar Linhares Lima Neto, da 24° Vara do Trabalho, a OMS (organização Mundial de Saúde) considera a síndrome como doença relacionada ao trabalho, sendo a demissão nula porque ocorrida no período de estabilidade. Ela não poderá trabalhar no período da madrugada, para evitar o agravamento do problema.

A jornalista é mediadora voluntária do Congresso Luminarium, que acontece neste fim de semana (de 5 a 7 de julho) no Rio de Janeiro, reunindo renomados médicos e cientistas para discutir as convergências entre Espiritualidade, Consciência e Ciência.

OMS classifica Burnout em sua lista de doenças

  • Em maio deste ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a síndrome de burnot, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, como estresse crônico e a incluiu na lista oficial de doenças. A classificação é utilizada para estabelecer uma linguagem comum que facilita o intercâmbio de informações entre os profissionais da área da saúde em todo o mundo.A atualização lista foi divulgada durante a Assembleia Mundial da Organização, que reúne, desde 20 de maio em Genebra, os estados membros da OMS.
  • O registro da OMS explica que o esgotamento “se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida”.O Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho, em que os profissionais se sentem pressionados por melhores  resultados. Com isso, assumem cargas excessivas de atividades e responsabilidades e chegam a um nível de estresse devastador.
  • Entre os sinais da Síndrome de Bournout, destacam-se:
    • Cansaço excessivo, físico e mental
    • Dores de cabeça frequente
    • Dores musculares
    • Pessimismo e baixa autoestima
    • Alterações no apetite
    • Insônia
    • Dificuldades de concentração
    • Negatividade constante
    • Sentimentos de incompetência
    • Alterações repentinas de humor
    • Isolamento
    • Fadiga
    • Pressão alta
    • Dores musculares
    • Irritação constante
    • Problemas gastrointestinai

Entenda a Síndrome

A Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo de trabalhos emocionalmente exigentes e muito competitivos. Também conhecida como “Síndrome do Esgotamento Profissional”, a doença é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e que acumulam responsabilidades  constantes como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, entre outros.

Não raramente a doença ocorre quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa acredita não ter condições ou capacidades  suficientes para os cumprir. O profissional perde a autonomia e a habilidade de respeitar as próprias limitações. Essa síndrome pode  começar com um estado depressivo atrelado a outros sintomas normalmente ignorados.

Especialistas recomendam que é essencial procurar apoio profissional ao notar os primeiros sintomas como nervosismo exacerbado e constante,  sofrimentos psicológicos e até problemas físicos, como dor de barriga, problemas intestinais, cansaço excessivo, tonturas, enjoos, tremedeira nos olhos, taquicardia, etc. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença.

Outros sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são: dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança, negatividade constante, sentimentos de derrota e desesperança, sentimentos de incompetência, alterações repentinas de humor, isolamento, fadiga, pressão alta, dores musculares, problemas gastrointestinais e alteração nos batimentos cardíacos.

O tratamento é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (reguladores de neurotransmissores, antidepressivos e/ou ansiolíticos, entre outros). Normalmente surte efeito entre um e três meses, mas como cada pessoa adquire a síndrome de uma forma o tratamento também é individual.

Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilo de vida são fundamentais para uma recuperação integral e efetiva.
A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença. Após o diagnóstico médico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e realize atividades de lazer.

Os sinais de piora do Síndrome de Burnout surgem quando a pessoa não segue o tratamento adequado. Com isso, os sintomas se agravam e podem levar a perda total da motivação, distúrbios gastrointestinais e depressão profunda, desorientações físicas e mentais.

A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout são estratégicas que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. O autocuidado com medidas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar os sintomas logo que surgem. Outra conduta muito recomendada é descansar adequadamente, com boas noites de sono ( se 7 a 8 horas diárias). É fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas. Afinal , sem saúde mental, não existem maneiras de manter uma qualidade  de vida sustentável!

Da Redação, com agências e assessorias

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