A amizade entre irmãos já foi capaz de inspirar poemas, filmes e canções, trazendo à tona uma das relações mais fortes que existem. Foi o amor fraternal que salvou a vida da analista Eliane Gomes, quando precisou passar recentemente por um transplante de medula óssea devido a uma leucemia mieloide aguda. A história é contada para a gente neste Dia Nacional do Doador de Medula Óssea (6 de outubro).
Tudo começou no início de 2014, quando após a realização de alguns exames, um câncer na mama esquerda foi constatado. A paciente, na época com 47 anos de idade, foi submetida a sessões de quimioterapia, mastectomia total da mama com esvaziamento axilar e radioterapia, seguido de um acompanhamento oncológico. Em meados de 2016, Eliane passava por exames pré-operatórios para que fosse efetuada a reconstrução da mama. Durante este período, ela recebeu uma notícia que abalou ainda mais a sua rotina: agora, a luta seria contra uma leucemia mieloide aguda.
A analista voltou à rotina médica em agosto do mesmo ano, quando se submeteu ao transplante no Centro de Oncologia Quinta D’Or, localizado na zona norte do Rio de Janeiro. A família, que nunca havia vivenciado a dor da doença, ficou ainda mais unida ao ver a determinação de Ester, irmã mais velha de Eliane, para ser sua doadora. “Quando soubemos do diagnóstico, a equipe médica me explicou que a probabilidade da medula ser compatível é mais frequente entre irmãos. Como a minha irmã tem diversos problemas no coração, achei que teria que recorrer ao banco de medula”, explica Elaine.
O fato é que, ao saber dessa probabilidade, em nenhum momento minha irmã cogitou a possibilidade de não tentar. Não perguntou o que eu achava e nem se queria, simplesmente optou por fazer o teste para ver se era compatível. Costumo fazer um paralelo da minha situação com o filme ‘Frozen’, onde o beijo que salva não é o do príncipe encantado, mas sim da própria irmã”, diz emocionada.
Transplante de Medula Óssea
Como a medula óssea não é um órgão sólido, visto que é um tecido líquido-gelatinoso rico em células-tronco, encontrado no interior dos ossos, o transplante é diferente da maioria dos outros. O paciente receptor, após sessões de quimioterapia, é submetido a uma transfusão que substitui a medula-óssea doente por células-tronco sadias. Este procedimento pode acontecer com células de um doador (transplante alogênico) ou do próprio paciente (transplante autólogo).
A definição do Centro Transplantador para a realização do procedimento é um fator preponderante. É preciso que haja uma estrutura adequada e certificada pela Comissão Nacional de Transplante, com uma equipe treinada e qualificada para a realização do transplante de medula óssea. No Hospital Quinta D’Or, já foram realizados mais de 30 transplantes autólogos no último ano e também há licença para realização do transplante alogênico não aparentado, que deverá ser realizado em breve”, explica a especialista do Grupo Oncologia D’Or, Juliane Musacchio.
Há indicação de transplante de medula óssea quando existe o diagnóstico de doenças que provocam a falência medular, como alguns tipos de leucemia, principalmente as leucemias agudas, assim como na anemia aplástica grave, mielodisplasia, e também em mieloma múltiplo e linfomas.
Como ser um doador
O cadastro é feito no hemocentro, com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e a retirada de 10ml de sangue do candidato voluntário. A amostra é analisada e os dados inseridos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Caso identificada compatibilidade, o candidato é consultado para decidir quanto à doação – sendo, portanto, essencial manter o cadastro com contatos atualizados. Após novos exames de confirmação de compatibilidade a doação ocorre por meio da retirada da medula do interior dos ossos da bacia, por meio de punções. O procedimento ocorre no centro cirúrgico, leva em torno de 90min, e a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
Fonte: Centro de Oncologia Quinta D’Or