Com a chegada do inverno, a corrida aos prontos-socorros pediátricos se intensifica, muitas vezes sem necessidade. A estação mais fria traz um aumento natural na circulação de vírus e agentes infecciosos, o que faz com que crianças tenham quadros respiratórios sucessivos ou sintomas que se arrastam por dias. Mas, nem todo sintoma é sinal de urgência.

Segundo a pediatra Anna Bohn, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, é essencial que os pais saibam identificar quando é possível cuidar do filho em casa e quando realmente é preciso procurar atendimento de emergência. “O pronto-socorro está cheio de crianças com infecções respiratórias. Levar uma criança com sintomas leves pode não só ser desnecessário, como também perigoso, ela pode sair de lá mais doente do que entrou”, alerta.

A especialista lista quatro situações comuns em que o melhor a fazer é evitar o pronto-socorro e aguardar com calma em casa:

1. Primeiro dia de febre:

Na maioria dos casos, trata-se de uma infecção viral, que tende a se resolver sozinha. Se a criança tem mais de 6 meses, está bem e a febre responde a antitérmicos, o ideal é observar em casa. Ir ao PS nesse estágio inicial geralmente não muda a conduta e ainda aumenta o risco de contágio por outros vírus.

2. Tosse e coriza leves, sem outros sinais de alerta:

Coriza, mesmo esverdeada pela manhã, pode durar até 10 dias. Tosse leve pode persistir por até 3 semanas. Se a criança está ativa, sem febre e sem sinais como respiração acelerada ou falta de ar, os cuidados caseiros como lavagem nasal e inalação são suficientes.

3. Manchas ou bolinhas na pele, sem febre:

Erupções cutâneas leves, quando não acompanhas de outros sintomas, geralmente não representam urgência. Procure o pediatra em consulta agendada, mas evite o PS se a criança estiver bem-disposta.

4. Diarreia sem sinais de desidratação:

Quadros gastrointestinais virais são comuns e costumam se resolver sozinhos. O alerta maior é para o risco de desidratação principalmente quando há mais de 5 episódios por hora. Fora isso, a criança pode ser acompanhada em casa, com atenção à hidratação e alimentação leve.

A Dra. Anna reforça que o julgamento clínico é sempre importante e que os pais devem procurar atendimento médico caso notem piora no quadro, apatia, recusa alimentar persistente ou outros sinais de alerta. Mas, em grande parte das vezes, o tempo e os cuidados básicos são os melhores aliados.

“É importante desconstruir a ideia de que todo sintoma precisa ser resolvido com pressa. Em tempos de prontos-socorros lotados, bom senso também é uma forma de cuidado”, finaliza.

 

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