O Facebook decidiu interromper o desenvolvimento do “Instagram Kids”, uma versão para usuários menores de 13 anos, após uma pesquisa interna mostrar que a rede social agravou problemas de imagem corporal para uma em cada três meninas adolescentes. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (28/9) pelo chefe do Instagram e do Facebook, Adam Mosseri, após uma investigação do The Wall Street Journal (WSJ) revelando que o Facebook sabia que o Instagram poderia ser prejudicial para seus usuários. A reportagem classificou a plataforma como “tóxica”.

A medida atende, assim, ao pedido feito por 44 procuradores-gerais dos Estados Unidos em maio deste ano diretamente ao CEO Mark Zuckerberg. Em uma postagem, a chefe de pesquisa do Facebook, Pratiti Raychoudhury, rebateu as acusações do WSJ. “Embora apoiemos a necessidade de desenvolver essa experiência (o Instagram Kids), uma plataforma voltada especificamente para jovens onde os pais podem monitorar quem entra na DM de seus filhos, a empresa quer mais tempo para convencer os pais, especialistas e reguladores”.

No Brasil, a diretora global de segurança do Facebook, Antigone Davis, testemunhará nesta quinta-feira (30/09) em uma audiência no Senado abordando a pesquisa do Facebook sobre saúde e segurança infantil em suas plataformas. Ainda de acordo com a nota divulgada pela empresa, se o Instagram para crianças não funcionar, o Facebook ainda tem o metaverso, — e anunciou recentemente um investimento de US$ 50 milhões na construção deste ambiente “de forma responsável”.

Impacto das redes sociais e filtros de auto-estima

Com o crescimento do uso das redes sociais nos últimos 10 anos, cresceu também o uso de filtros e aplicativos que auxiliam a distorcer imagens para se adequar a padrões de beleza socialmente aceitos. Resultado: diariamente, meninas de todo o mundo se sentem pressionadas a editar e manipular suas fotos para as mídias sociais, usando filtros e aplicativos que modificam o rosto e aplicativos de edição de imagem.

É o que revela a pesquisa realizada pelo Projeto Dove pela Autoestima, que aponta que esses recursos mudaram drasticamente a forma como as meninas interagem com suas imagens corporais e sua auto-expressão. O estudo aponta que cerca de 84% das jovens brasileiras com 13 anos já aplicaram um filtro ou usaram um aplicativo para mudar sua imagem em suas fotos. Além disso, 78% delas tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou característica de seu corpo que não gostam antes de postar uma foto de si mesmas das redes sociais.

A pesquisa, realizada em dezembro de 2020 e divulgada em abril deste ano, também revelou o impacto do uso das redes sociais e filtros na autoestima de meninas entre 10 e 17 anos nos Estados Unidos, Inglaterra e no Brasil. No país, a pesquisa foi conduzida pela Edelman Data & Intelligence, uma consultoria global e multidisciplinar de pesquisa, análise e dados, com 503 meninas de 10 a 17 anos e 1.010 mulheres de 18 a 55 anos.

Essa “auto distorção digital” da aparência resulta em tentativas de atender a padrões irreais de beleza, que não podem ser alcançados na vida real, o que gera um impacto duradouro e prejudicial na autoestima e confiança corporal dessas meninas. Além disso, dados da pesquisa apontam que quanto mais tempo as meninas passam editando suas fotos, mais elas relatam baixa autoestima corporal.

“Quando esse uso aumenta também entre os jovens, temos um impacto na pressão para as meninas atingirem algo perfeito, que não pode ser alcançado na vida real, além de se tornar bastante prejudicial para a construção da autoestima. Dove quer destacar e atuar de forma cada vez mais ativa nessa questão”, comenta Fernanda Gama, gerente de Dove no Brasil.

Alguns resultados da pesquisa

  • 89% das jovens relatam que compartilham selfies na esperança de receber validação de outras pessoas
  • 35% das jovens brasileiras dizem se sentirem “menos bonitas” ao verem fotos de influenciadores/ celebridades nas redes sociais.
  • 60% das que passam de 10 a 30 minutos editando as imagens dizem ter baixa autoestima.
  • 69% das mulheres adultas gostariam de ter sabido como construir autoestima quando eram mais jovens.
  • 36% das meninas sentem que seus pais não entendem a pressão que elas sentem nas redes sociais
  • 78% das mães gostariam de ter as ferramentas para educar seus filhos sobre os potenciais danos das mídias sociais.
  • 50% das meninas que distorcem suas fotos são mais propensas a ter baixa autoestima corporal em comparação àquelas que não distorcem suas fotos (9%).
  • 84% das meninas usam aplicativos de retoque de imagem aos 13 anos para distorcer sua aparência na internet, revela pesquisa de Dove;
  • 70% das meninas brasileiras dizem que não se sentiriam julgadas e ficariam menos preocupadas com sua aparência se se sentissem representadas no meio digital;
  • 75% delas gostariam que o mundo se concentrasse mais em quem elas são, em vez de em sua aparência
Projeto pela autoestima de meninas nas redes

Todo esse cenário reforça a importância do investimento em iniciativas e ferramentas para ajudar a sociedade a construir uma relação mais positiva com as mídias sociais. Tornar as redes sociais um ambiente mais diverso e inclusivo também é algo que ajudaria a tornar essa experiência mais saudável e a elevar a confiança dessas jovens.

Nesse cenário, a pesquisa também aponta que as ferramentas educacionais fornecidas pelo Projeto Dove pela Autoestima, incluindo apostilas, atividades e vídeos online, possuem papel fundamental na construção da autoestima das futuras gerações e, também, para fornecer novas habilidades para que pais e jovens estabeleçam uma relação mais saudável e positiva com as redes.

Além das iniciativas já existentes, a marca apresenta parceria com objetivo de engajar e educar jovens sobre autoestima e confiança corporal. Junto com o Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância, que promove os direitos e o bem-estar de crianças e adolescentes em mais de 190 países, está sendo desenvolvido um novo projeto que, por meio de ferramentas digitais, abordará questões de autoestima de forma didática.

O projeto, que tem previsão de ser lançado no segundo semestre no Brasil, visa impactar positivamente a vida de 2 milhões de jovens entre 13 e 18 anos no país.

“A parceria Unicef-Dove terá como princípio promover direitos de adolescentes ao uso seguro da internet e à saúde mental, por meio de um processo inovador que ampliará os espaços virtuais para o pensamento crítico, a expressão criativa e a valorização da diversidade. O projeto fornecerá as ferramentas para as juventudes brasileiras na construção de sua autoestima e autoconfiança com o corpo”, diz Gabriela Mora, Oficial do Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes.

A marca afirma ter um compromisso de longa data com a criação de um mundo onde a beleza é uma fonte de confiança, e não de ansiedade. Criado em 2004, o Projeto Dove Pela Autoestima ajuda a próxima geração a desenvolver uma relação positiva com sua aparência, melhorar sua confiança corporal e, assim, atingir seu potencial máximo.

Até agora, o projeto já impactou positivamente a vida de mais de 69 milhões de jovens em 150 países em todo o mundo. Até 2030, Dove planeja aumentar seu impacto social por meio do projeto em mais de 250%, atingindo a vida de 250 milhões de jovens no mundo.

Criado em parceria com o Centro de Pesquisa de Aparência da UWE Bristol (University of the West of England), considerado o maior grupo de pesquisa do mundo com foco no papel da aparência e imagem corporal na vida das pessoas, o projeto também inclui uma sessão dedicada a ajudar os adultos a compreender os desafios que os jovens enfrentam online, incentivar a conversa e fornecer dicas sobre como tornar as mídias sociais um lugar mais saudável.

Com Assessorias

 

 

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