Em tempos de pandemia, em que a Ciência avançou em menos de um ano e meio mais do que nos últimos 30 anos, a inovação muitas vezes nasce de onde menos se espera. Pegando carona nas oportunidades de negócios geradas na cadeia da saúde, algumas empresas de fora do setor descobriram essa possibilidade ao pensar em novos caminhos, seja para tentar reduzir a velocidade de contaminação do vírus ou para tentar enfrentar os tempos difíceis com a queda nas vendas.

Uma delas é a fabricante de brinquedos Elka, que tem 65 anos de atividade no Brasil na fabricação de brinquedos para a primeira infância, se juntou a esse coro. Para ajudar a população no combate à pandemia, a empresa incluiu a produção de máscaras de proteção reutilizáveis com nanotecnologia brasileira que inativa o vírus.

A produção começou no auge da pandemia e depois de um ano, as máscaras representam de 3% a 4% do faturamento da empresa. “Parece ser pouco, mas quando é transformado em valores, o montante é significativo”, afirma Eduardo Kapaz Junior, COO da Elka.

A Oto Mask pode ser lavada sem perder a capacidade de proteção contra a Covid-19. A nova máscara caiu no gosto de cabeleireiros, tatuadores, profissionais de estética, fisioterapeutas, que têm contato direto com as pessoas.

Segundo ele, a empresa tinha a expertise da produção de itens com termoplástico (TPE), o maquinário e a vontade de ajudar a resolver o problema da falta de máscaras para os consumidores no início da pandemia. A Elka tem a capacidade de produzir entre 300 mil e 400 mil máscaras de proteção mensalmente.

A planta produtiva da indústria passou a abrigar um espaço dedicado para a fabricação da Oto Mask, uma máscara de proteção reutilizável, feita com material antimicrobiano com nanotecnologia que é lavável, equipada com filtro descartável e previne contra a contaminação do SARS-CoV-2.

Para garantir uma proteção eficaz, a máscara de proteção da Elka atende as necessidades dos consumidores finais, empresas e profissionais de saúde oferecendo duas categorias de filtros: cirúrgica e PFF2. Os filtros que integram o grupo cirúrgico são voltados para o uso por consumidores finais. Contam com camada tripla e capacidade de filtragem superior a 95% e tem prazo de validade de 4 horas de uso.

Já os filtros da categoria PFF2 tem como foco oferecer uma forte proteção aos profissionais de saúde. O empreendedor diz que seu índice de filtragem é de 97%, maior do que o exigido pelo Inmetro, que é de 94%, além de estar em conformidade com as análises da RDC 142 do Ministério da Saúde e ABNT NBR 13698 que atestam equipamentos de proteção respiratória.

“Ele perde a eficácia a partir de 8 horas de uso e é próprio para ambientes hospitalares, onde há a maior circulação do vírus”, ressalva.

Adequação e certificação

A Elka teve que promover algumas mudanças em sua planta industrial para apostar na produção da Oto Mask. De acordo com Eduardo, um terço da área produtiva passou a ser dedicada somente para a produção da máscara, seguindo as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer a fabricação do produto com segurança. “Tivemos que isolar a área, desenvolver moldes para os filtros, separar as máquinas de lugar e deixar um ambiente focado somente na Oto Mask”, conta.

O projeto da máscara foi para o papel pouco tempo depois do início da pandemia e em 60 dias já estava gerando seus frutos nas máquinas da empresa. “É um projeto que normalmente leva um ano para ser concluído. Investimos em vários testes, análises de conformidades, entre outros e em dois meses nossa primeira máscara já estava sendo produzida”, enfatiza Eduardo.

Para os próximos meses, a intenção é intensificar a disseminação do produto no mercado de saúde, incluindo médicos e dentistas, enfatizando a adoção da máscara como um item de uso permanente, não somente em fases de pandemia. “Eu acredito que as pessoas entenderam a importância de usar máscaras e que estaremos sempre suscetíveis a sermos contaminados por microrganismos que ficam cada dia mais fortes e resistentes”, conclui.

Além de atender às normas técnicas, a Oto Mask tem a chancela de aprovação do Instituto Falcão Bauer de Qualidade (IFBQ), um dos órgãos mais importantes de certificação de produtos e sistemas, que tem grande representatividade na área de saúde.

Produtos com micropartícula de prata

Para contribuir na batalha da maior pandemia do século, a empresa brasileira de nanotecnologia Nanox desenvolveu o composto químico denominado micropartícula de prata, que é capaz de inativar partículas do vírus em diversas superfícies do cotidiano, o que colabora para reduzir a transmissão do novo vírus por contato. Um dos produtos com a tecnologia é a máscara Oto Mask, que promete ser capaz de inativar mais de 99% a carga viral do novo coronavírus por contato em até 2 minutos.

Segundo Daniel Minozzi, CMO da Nanox, o processo de inativação do coronavírus, ao ter contato com o TPE se dá a partir da reação das micropartículas de prata ao vírus. “Ele entra em contato com a prata e passa por um processo de oxidação, que ocasiona a quebra de sua membrana e faz sua inativação”.

Minozzi, da Nanox, diz que as micropartículas de prata são misturadas com o termoplástico no momento da produção da máscara, o que impede a ineficácia de ação do composto. “Enquanto o produto tiver vida útil, ele estará protegendo contra o coronavírus”.

 

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