De acordo com o estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há 65 milhões de pessoas com epilepsia no mundo e 1/3 dos pacientes não responde à medicação ou cirurgia. Diante deste cenário, a Epistemic, startup residente na Incubadora USP/IPEN-Cietec, e especializada na gestão para tratamento de epilepsia, traz ao mercado um aplicativo inédito e gratuito, integrado a uma plataforma digital para médicos, que auxilia o controle da epilepsia.

Denominado Epistemic App, a tecnologia inovadora funciona como um diário de epilepsia. Por meio do preenchimento de um questionário sobre o dia a dia e das crises dos pacientes, o aplicativo armazena indicadores, tais como: registro de crises epilépticas e seus gatilhos, passando por qualidade do sono, alimentação, prática de esportes até registro e lembrete para medicamentos, entre outros.

O objetivo do aplicativo é organizar as informações sobre o cotidiano do paciente e facilitar a visualização pelo médico, possibilitando um melhor conhecimento dos padrões das crises. As perguntas do diário são ajustáveis por paciente e ajudam o médico a entender seu quadro atual para que o tratamento seja feito da melhor forma possível.

A ferramenta também permite que o responsável ou cuidador do paciente crie um usuário em nome dele e preencha o questionário com as informações do paciente.

“Temos sempre a preocupação com a comodidade do paciente na hora de administrar suas crises. Nem sempre lembramos tudo aquilo que vivemos. Por isso, o Epistemic App oferece um meio de registro diário através de um questionário com uma sequência de perguntas sobre seus hábitos e suas crises”, explica Paula Gomez, CEO da Epistemic.

O Epistemic App é integrado a uma plataforma digital para médicos, o Epistemic Web. Com este dashboard o médico recebe os dados no formato de gráficos, caso o paciente autorize, contendo informações sobre as crises, o humor, a atividade física, o sono, a alimentação, o funcionamento do intestino, ingestão de medicamentos, entre outros.

Além disso, pelo Epistemic Web, é possível configurar notificações para receber lembretes no horário de tomar cada remédio. O aplicativo já está disponível em português e em inglês, para Android, no Google Play. https://bit.ly/3pT95va.

A startup também disponibiliza Epistemic Pro, uma versão que permite que o paciente sincronize as informações de diversas marcas de smartwaches. Dessa forma, os dados de sono e atividade física serão preenchidas no diário automaticamente. Com ele, também é possível enviar os dados preenchidos no Epistemic App para o médico, para que ele consiga ver o histórico de forma organizada e agregada na plataforma Epistemic Web. A assinatura do Epistemic Pro é mensal, no valor de R$ 34,90.

Pulseira prevê convulsões em pessoas com epilepsia

 Apesar de medicamentos, cirurgia e dispositivos de neuroestimulação, muitas pessoas com epilepsia continuam tendo convulsões. A natureza imprevisível das convulsões é extremamente limitadora. Se as convulsões pudessem ser previstas confiavelmente, as pessoas com epilepsia poderiam alterar suas atividades, tomar um medicamento de ação rápida ou intensificar o neuroestimulador para evitar uma convulsão ou minimizar os seus efeitos.

Um novo estudo na Scientific Reports conduzido por pesquisadores da Mayo Clinic e colaboradores internacionais encontraram padrões que poderiam ser identificados em pacientes que utilizam um dispositivo de monitoramento de relógio de pulso especial por 6 a 12 meses, permitindo um aviso de cerca de 30 minutos antes de acontecer uma convulsão. O dispositivo funcionou bem na maioria das vezes para cinco dos seis pacientes estudados.

“Assim como uma previsão meteorológica confiável ajuda as pessoas a planejar as atividades, a previsão de convulsões também poderia ajudar os pacientes que vivem com epilepsia a ajustar seus planos se soubessem que uma convulsão estivesse prestes a acontecer,” afirma Benjamin Brinkmann, Ph.D., cientista de epilepsia na Mayo Clinic e autor sênior. “Este estudo que utiliza um dispositivo usado no pulso mostra ser possível fornecer previsões confiáveis para as convulsões em pessoas que vivem com epilepsia sem haver a medição diretamente da atividade cerebral.”

No estudo, os pacientes com epilepsia resistente a drogas e um dispositivo de neuroestimulação implantado que monitora a atividade elétrica cerebral, receberam dois dispositivos de gravação usados no pulso e um computador tablet para carregar os dados diariamente no armazenamento em nuvem.

Os pacientes foram instruídos a utilizar uma pulseira enquanto a outra carregava. Eles alternavam os dispositivos em um horário determinado a cada dia. Eles utilizavam os dispositivos enquanto faziam as atividades normais, oferecendo os dados únicos a longo prazo para o estudo.

As informações coletadas do dispositivo vestível incluíam as características elétricas da pele, a temperatura corporal, o fluxo sanguíneo, a frequência cardíaca e os dados de acelerometria que rastreiam o movimento. Os dados foram analisados com uma abordagem de aprendizagem profunda da rede neural para inteligência artificial por meio de um algoritmo para análise de séries temporais e frequência.

Como os participantes da pesquisa já possuíam um dispositivo de estimulação cerebral profunda implantado para tratar a epilepsia, eles foram utilizados para confirmar as convulsões, o que permitiu à equipe medir a precisão da previsão pelos dispositivos usados no pulso.

Embora a capacidade de prever as convulsões tenha sido mostrada anteriormente por meio de dispositivos cerebrais implantados, muitos pacientes não querem um implante invasivo, observa o Dr. Brinkmann.

“Esperamos que esta pesquisa com os dispositivos vestíveis abra o caminho para integrar a previsão de convulsões na prática clínica no futuro,” afirma, observando que este foi um estudo preliminar e mais pacientes estão registrando os dados para ampliar o teste.

O estudo é parte do Epilepsy Foundation of America’s Epilepsy Innovation Institute e do projeto My Seizure Gauge, que é uma colaboração internacional que tem como objetivo a utilização de dispositivos vestíveis para a detecção e previsão de convulsões em epilepsia. Apoio suplementar foi oferecido pelo Programa de Inteligência Artificial em Neurologia da Mayo Clinic.

Com Assessorias

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