No Brasil, cerca de 57 milhões de pessoas se dedicam a alguma causa em que acreditam, segundo dados do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), em parceria com o Instituto Data Folha. São pessoas que doam parte de seu tempo para compartilhar conhecimento ou atuar em prol de alguma causa. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que o trabalho voluntário aumentou no país. Em 2022, 7,3 milhões de pessoas foram voluntárias, o que representa um acréscimo de 603 mil em relação à 2019.

Pensando na agenda ESG (Environmental, Social and Governance) e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e seus parceiros no Brasil estão trabalhando para encarar os principais desafios de desenvolvimento. O voluntariado contribui de forma significativa e ativa nesta causa criando a conexão com a sociedade civil que é diversa e que busca a inclusão.

Para homenagear essas pessoas, diversas atividades são realizadas todos os anos em 28 de agosto para comemorar o Dia Nacional do Voluntariado.  A data reforça a importância daqueles que oferecem assistência e dedicação à comunidade a qual fazem parte. Uma ação social cada vez mais forte no Brasil.

Conheça algumas iniciativas caso queira se engajar

Dia do Voluntariado: a importância do voluntário na área da saúde

A Pró-Saúde promove uma série de ações de voluntários no ambiente hospitalar de unidades gerenciadas pela entidade filantrópica. Em 2022, o Programa de Voluntariado alcançou 307 voluntários ativos, que atuaram, principalmente, em ações religiosas, oficinas e apoio especializado oferecidos aos pacientes. Um dos destaques de ações voluntárias ocorreu no norte do País.

Em 2022, a instituição lançou o programa Doula: Da Gestação ao Abraço, no Hospital Materno-Infantil de Barcarena (PA). A iniciativa contribuiu para realização de um plano de parto para as gestantes cada vez mais humanizado, complementando a atuação técnica da equipe assistencial e ampliando os serviços prestados na unidade.

Regina Victorino, gerente corporativa de Filantropia da Pró-Saúde, explica que através do comprometimento, empatia, atenção e afeto, a atuação de voluntários na saúde ajuda a humanizar o ambiente hospitalar e trazer alívio aos pacientes. “O trabalho voluntário enriquece nosso trabalho, fortalece a humanização e promove a solidariedade nos ambientes hospitalares”, destaca a profissional.

Sabendo da importância desta atividade, a Pró-Saúde formalizou essa atuação em 2016, ano em que foi criado o Programa de Voluntariado, que define a atuação dos voluntários nas unidades de saúde gerenciadas pela entidade.

O programa segue o Manual do Voluntariado da instituição, que contém uma série de orientações para a implementação da atividade, reforçando direitos e deveres em acolher e ser acolhido, com base na Lei do Voluntariado, de 18/02/1998. Quem tiver interesse em se tornar um voluntário, basta preencher o cadastro no link.

Hospital de São Paulo abre inscrições para programa de voluntariado

Ações voluntárias em ambiente hospitalar proporcionam momentos de socialização, integração e descontração às pessoas que estão sendo atendidas ou circulando no hospital, e que necessitem de acolhimento, ajuda ou, simplesmente, companhia. Programas de voluntariado levam aos pacientes, familiares e visitantes uma atenção cada vez mais centrada nas necessidades das pessoas.

Com o objetivo de ampliar ainda mais a rede de solidariedade e atenção às pessoas atendidas, o Programa de Voluntariado do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, está com inscrições abertas para novos integrantes. Para fazer parte desde projeto é preciso que o candidato tenha mais de 18 anos e que disponha de pelo menos seis horas semanais para o desenvolvimento das atividades.

Após a seleção, os novos voluntários passarão por um treinamento de oito horas, divididos em dois dias, que é presencial e obrigatório. Durante a capacitação os candidatos terão acesso à introdução ao voluntariado, regime jurídico do voluntariado, normas e rotinas, protocolos e história da Instituição. Ao longo desse período também será possível conhecer o escopo do trabalho a ser desenvolvido e, ainda, ouvir relatos de experiência de voluntários de outros programas.

Além de atividades como leitura, palavras cruzadas, vivências musicais e jogos como damas, xadrez, dominó e baralho, podem ser desenvolvidas pelos voluntários com os pacientes internados ou em hemodiálise. Os voluntários também atuam no acolhimento e orientação de familiares e visitantes que circulem pela Instituição. Atualmente, o Programa de Voluntariado conta com 65 integrantes, que dedicam, parte do seu tempo para o bem-estar do próximo. São pessoas como a chef de cozinha Maria Ivone Felipe, 50 anos, que há dois anos atua como voluntária na Unidade Paulista.

“Atividades voluntárias são de grande importância para a sociedade. Me sinto muito realizada pelo fato de ajudar as outras pessoas aqui no Hospital. Tenho a sensação de missão cumprida, pois é um trabalho muito gratificante”, diz Maria Ivone.

Para participar é necessário preencher um cadastro no site do hospital acessando o link, depois disso, será marcada uma entrevista individual com os responsáveis pelo programa.

ONG que reúne profissionais de saúde também recebe voluntários

Levar saúde de qualidade a quem não tem acesso. Esse é o objetivo do Instituto de Medicina e Cidadania (IMC), organização sem fins lucrativos, que há seis anos reúne profissionais de saúde voluntários que atendem em três comunidades: Morro Azul, no Flamengo; Parque da Cidade, na Gávea, e Tavares Bastos, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro.
A instituição também está com inscrições abertas para novos voluntários. Para se voluntariar no projeto, basta acessar a página do IMC (www.medicinaecidadania.org.br) e fazer um cadastro. O Instituto entrará em contato para esclarecer todas as dúvidas e finalizar a adesão ao projeto. Telefones de contato: 21-95447-1849 e 21-98075-7950.

Desde sua criação, são mais de 17 mil atendimentos voluntários na realizados. A equipe de voluntários conta com 16 médicos, 9 psicólogos, 2 fisioterapeutas e 1 nutricionista. Os atendimentos não têm restrição de idade e acontecem em horários semanais fixos. São oferecidas consultas com psicólogos, pediatras, clínicos médicos, ortopedistas, angiologistas, dermatologistas, proctologistas, urologistas, oftalmologistas, psiquiatras e cardiologistas.

Além dos atendimentos, desde a pandemia o IMC vem realizando campanhas de doação para compras de cestas básicas para as comunidades e conseguiu doar mais de três mil cestas básicas. Localizada na Rua Conde de Lages 44, na Glória, a ONG foi criada pelo médico Luiz Roberto Londres, que há 20 anos realiza atendimento voluntário na comunidade do Morro Azul.

“Fazer um trabalho voluntário para mim é a evolução da minha alma. Coordenar uma equipe de cinco psicólogos nesse trabalho e ver cada um deles com um desafio e um resultado especial é ter a certeza de que nosso trabalho é fundamental para a evolução humana. Esse trabalho me dá satisfação, prazer e recompensa pois cuidar de seres humanos é a minha missão. Não tem preço, porque é voluntário, mas o valor é impagável”, afirma Nara Matos, coordenadora da equipe de psicologia.

Instituto Jô Clemente (IJC) celebra o Dia Nacional do Voluntariado

Embora as ações existam desde a sua fundação, o Instituto Jô Clemente (IJC) – referência nacional na inclusão das pessoas com deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e doenças raras – constituiu seu voluntariado em 1971. Os voluntários são engajados e capacitados para integrarem a rede mobilizadora e colaborar com a qualidade dos atendimentos do Instituto.

A data será marcada por uma série de eventos na instituição, a começar por um brunch para voluntários, colaboradores e convidados, no qual os participantes terão a oportunidade de compartilhar histórias e ideias. O encontro será acompanhado pelo som dos violinos do Grupo Da Capo e conta, também, com o apoio de outros parceiros: Vitao Alimentos, Viana Padaria e Confeitaria, Fantastic Brindes, Boxnet e Formato Visual.

Após a apresentação musical, o evento seguirá com a palestra “Comunicando para incluir: o poder do voluntariado na promoção da inclusão”, ministrada pela consultora e coach Pamela Seligmann, e com a fala do jornalista Fábio Turci, que abordará a importância da inclusão por meio do voluntariado. “Compartilhar a força transformadora do voluntariado é um papel fundamental”, ressalta Turci. O encerramento do evento contará com a participação especial de Michel Brull, Presidente Voluntário do Conselho de Administração do Instituto Jô Clemente (IJC).

Dicas para realizar um voluntariado consciente

No dia do Voluntariado (28/8), Rosane Chene, diretora da ONG PAC (Projetos Amigos da Comunidade) – que atua há mais de 20 anos com crianças, jovens, adultos e idosos em situação considerada de ‘extrema vulnerabilidade social’ nas regiões de Pirituba, São Domingos e Jaraguá – traz dicas de como realizar um voluntariado consciente.

1. Voluntariado não é caridade: caridade é uma ação assistencial realizada para aplacar uma questão pontual. Doações financeiras, de alimentos, de roupas, de brinquedos entre outros. Voluntariado é uma atividade não remunerada e sem fins lucrativos realizada por pessoa física ou jurídica em benefício de alguém ou de alguma causa com objetivos ligados à cultura, educação, assistência social entre outros.
2. Conectar-se com a causa: voluntário precisa estar conectado com a causa ou propósito que faça sentido para ele e que desperte nele o desejo de contribuir, de colaborar.
3. Voluntariado requer recorrência: o bom voluntariado precisa ser encarado como um compromisso. É preciso organizar uma agenda para garantir a regularidade das ações.
4. Conhecer a fundo a instituição que vai apoiar: é preciso entender como funciona a instituição que vai apoiar e estar ciente de que é preciso oferecer o que eles precisam e não apenas o que o voluntário acha que deve fazer.
5. Transferir conhecimento: essa é uma das atividades que mais colabora para os que se beneficiam do voluntariado. Mentorias, palestras e workshops são exemplos de ações voluntárias que podem ser desenvolvidas para apoiar ONGs e instituições.
6. Consciência coletiva: o voluntariado é uma ação que deve ser iniciada já na idade escolar. Sempre que possível, é importante promover a participação de crianças, jovens e até de colegas de trabalho em ações que focam na transformação social e no desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Nos faz entender que o voluntariado, é sobre o outro.
7. Usufruir dos benefícios do voluntariadopraticar o voluntariado é um exercício que pode impactar no crescimento pessoal e profissional do voluntário, porque ajuda no desenvolvimento de habilidades como empatia, resiliência, flexibilidade, comunicação, escuta ativa, trabalho em equipe entre outras.

“O bom voluntariado colabora para humanizar as relações de trabalho e nos ajuda a encontrar nosso papel cidadão na construção de uma sociedade mais justa. É uma atividade que transforma em primeiro lugar o voluntário. É uma forma de colaborar com o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, de um mundo mais habitável e igualitário”, destaca Rosane Chene.

Com Assessorias

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