As campanhas de conscientização dedicadas às mulheres e aos homens se tornaram eventos oficiais nos calendários de saúde. A divulgação das ações traz à tona o questionamento: por que os homens se cuidam menos que as mulheres? Essa falta de cuidado reflete nos números. Elas vivem mais do que eles em quase todas as partes do mundo – e tem sido assim nos últimos 100 anos.

No Brasil, a expectativa de vida dos homens é de 72,8 anos em 2018, enquanto a das mulheres é de 79,9 anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora a violência seja um dos fatores que justifique essa diferença, a falta de cuidado com a saúde também tem um peso grande.

Mais de um terço dos homens não cuidam da própria saúde, indica o Ministério da Saúde. O levantamento “Um Novo Olhar para a Saúde do Homem”, feito pela revista Saúde, em parceria com o Instituto Lado a Lado Pela Vida, divulgado em setembro de 2019, mostrou que, apesar de o urologista ser visto por 37% dos entrevistados como o médico do homem, 59% não costumam manter consultas periódicas.

O câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele (não-melanoma), de acordo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é uma doença silenciosa, ​ com cerca de 70 mil novos casos a cada ano e o número de mortes causadas pela doença, segundo o Inca, chegou a 15.391, em 2017, o que mostra que 42 homens morrem por dia em decorrência da doença e, aproximadamente, 3 milhões vivem com a doença no Brasil.

A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos em desenvolvimento, de acordo com o Inca, e se descoberto precocemente tem 90% de chance de cura. Apesar dos dados alarmantes e das campanhas realizadas, muitos homens, por preconceito e desconhecimento, têm medo de fazer os exames preventivos.

De acordo com o Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico, o número de pacientes atendidos alcançou mais de 35 milhões, nas associadas à Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), em 2018, que representam 50,2% dos exames na saúde suplementar e 21% no total do país.

Assim como no ano anterior, as mulheres correspondem ao maior percentual de atendimentos, 62%. O atendimento aos homens representou 38% do total no mesmo período. Comprovando que o público feminino demonstra maior preocupação com a saúde e realiza mais exames preventivos do que os homens.

Segundo indicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), para homens a partir dos 50 anos é recomendado fazer anualmente o exame de antígeno prostático específico (PSA), que é um dos procedimentos preventivos e de diagnóstico precoce, e o de toque retal, visando avaliar consistência e presença de nódulos na glândula. Normalmente, solicita-se também ultrassonografia das vias urinárias e próstata.

Todos são cobertos pela Rol de Procedimentos e Eventos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determina a cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde. Esses exames, quando associados, de acordo com o Inca, podem dar uma segurança de cerca de 90% ou mais, auxiliando no diagnóstico precoce da doença, já que 20% dos casos são diagnosticados na fase inicial.

Pessoas com antecedentes familiares de neoplasia prostática, obesos e raça negra têm maior predisposição a este tipo de tumor e devem iniciar o check-up prostático já aos 40 anos”, afirma o urologista do HCor Antonio Correa Lopes Neto.

O número de exames de PSA realizados na saúde suplementar em 2018, segundo a ANS, foi 475.198, sendo 29,7 exames para cada mil beneficiários (homens a partir de 20 anos). Enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS) foram feitos 6.768.013 exames, sendo 108,6 para cada mil homens (a partir de 20 anos).

Outra informação importante, porém, preocupante, é que na saúde suplementar os homens entre 50 e 59 anos realizaram 132 mil exames, em 2018, ante a uma população de 2,4 milhões de pessoas do sexo masculino, o que representa 5,5% do total, segundo a Troca de Informação na Saúde Suplementar (TISS).

Esperava-se que este número fosse bem maior, pois nesta idade, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), a realização do PSA é obrigatória. Teríamos de estar com um percentual bem mais próximo do 100%”, ressalva Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Custos
Os gastos no Brasil em relação ao tratamento de câncer (excluindo promoção e prevenção) aumentaram de R$ 470 milhões para R$ 3,3 bilhões, entre 1999 e 2015, um crescimento de sete vezes num período de 16 anos. Cerca de dois terços destes gastos estão relacionados somente à quimioterapia.

Os números mostram que diagnosticar a doença nos estágios iniciais de tratamento e aumentar os esforços de prevenção de fatores de risco do câncer, reduz os custos na saúde. Quanto mais tardio o diagnóstico, mais oneroso é o tratamento.

Estudo feito pelo Hospital Sírio-Libanês aponta que, em 2018, foram gastos cerca de 9,3% do PIB no consumo de bens e serviços de saúde no Brasil (aproximadamente R$ 640 bilhões). Historicamente, o setor público realiza em média 42,8% das despesas, enquanto o desembolso realizado por famílias e empresas representa em média 57,2% do total.

O país apresenta uma proporção de gasto público abaixo dos demais países de renda média. Por outro lado, tem uma contribuição privada bem acima na comparação com diversos países desenvolvidos.

Investir em diagnóstico precoce do câncer, além de aumentar as possibilidades de cura, traz economia à saúde suplementar e ao SUS, por evitar gastos elevados, e proporcionar, principalmente, maior segurança ao paciente, que terá mais qualidade de vida”, afirma Shcolnik.

Demora em ir ao médico retarda diagnóstico

A demora dos homens em ir ao médico é também um dos fatores que retardam o diagnóstico precoce da doença. Em média, eles esperam seis meses para procurarem um médico após os sintomas de câncer de próstata. O intervalo médio entre os primeiros indícios da doença, o diagnóstico e o início do tratamento é de 15 meses.

Uma pesquisa divulgada em maio de 2019 foi realizada pelo Instituto Ipsos com 200 homens acima dos 40 anos, diagnosticados com câncer de próstata há mais de dois anos, divididos em grupos de pacientes metastáticos e não metastáticos no Brasil. O resultado mostra que 51% dos pacientes com a doença em fase metastática descobriram o câncer de próstata em estágio avançado, 67% conheciam pouco ou não conheciam a doença antes do diagnóstico e um em cada três homens nunca procuraram um médico como medida preventiva, apenas recorrendo a um especialista após apresentar algum sintoma da enfermidade.

“Os homens têm medo da doença em si e dos possíveis efeitos colaterais dos tratamentos como, por exemplo, a disfunção erétil”, afirma Diogo Bastos, oncologista do Hospital Sírio-Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Segundo o médico, a maioria das pessoas acredita que todo homem que é submetido a um tratamento para câncer de próstata terá uma disfunção erétil, o que não é verdade. “Existem muitos tratamentos seguros atualmente e que não evoluem para esse problema. Em geral, esse é um câncer altamente curável, mas quanto mais cedo detectar, maior é a chance de cura”, conclui.

As informações das auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) em diversos estados, processadas em 2010, e divulgadas no Painel Abramed 2019, revelaram que 60,5% dos pacientes foram diagnosticados em estadiamento (classificação preconizada pela União Internacional para o Controle do Câncer que determina a extensão do tumor presente no corpo de uma pessoa e onde está localizado:

0 – para a doença restrita a área inicial;

1 – tumor restrito a uma parte do corpo;

2 – localmente avançado;

3 – localmente avançado com comprometimento do sistema linfático ou espalhando por mais tecido e

4 – metástase a distância, espalhando para outros órgãos ou todo o corpo.

A saúde é o bem mais desejado pelo brasileiro e, por isso, não pode ser postergada. É ela que pode possibilitar ao país condições para a retomada do crescimento, amadurecimento e aumento de produtividade. Neste setor, com muitos atores e desafios, o diagnóstico cumpre o seu protagonismo como importante elo dessa engrenagem”, ressalta Wilson Shcolnik.

Campanha Trato Feito conscientiza sobre autocuidado

Lançada neste dia 15 de julho, marcando o Dia do Homem, a campanha ‘Trato Feito’, criada pela  Astellas Farma Brasil, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), tem como objetivo conscientizar o público sobre a necessidade do protagonismo nos cuidados com a própria saúde. A iniciativa também busca a desmistificação de tabus sobre exames de prevenção, como o toque retal, já que eles são responsáveis por diagnosticar doenças em estágios iniciais, quando há maiores chances de recuperação e cura.

Uma pesquisa realizada em 2019 pela revista Veja Saúde, em parceria com o Instituto Lado a Lado Pela Vida, e com o apoio da Astellas, entrevistou 2.405 homens de todas as regiões do Brasil, sobre os seus hábitos e cuidados rotineiros com a saúde. Mais de um terço dos homens relataram não ir ao médico pelo menos uma vez ao ano. Mesmo acreditando que cuidam da saúde, os dados mostram que 37% dos homens até 39 anos e 20% daqueles acima dos 40, só visitam o médico caso sintam algum tipo de mal-estar. Os índices são ainda mais altos nas regiões Norte e Nordeste.

Além disso, mesmo que 37% dos entrevistados enxerguem o urologista como o médico do homem, 59% deles não costumam visitar esse profissional. Esse cenário ocorre, mesmo quando são apresentados sintomas característicos de condições como a bexiga hiperativa e de hiperplasia benigna da próstata (HPB), como urinar muitas vezes ao dia, gotejamento, perda de desejo sexual, problemas de ereção, entre outros. (1)

Quando é analisado o conhecimento dos entrevistados sobre o câncer de próstata, temos um cenário similar ao anterior. Eles demonstram ter algumas noções sobre a doença, no entanto ainda que 25% dos entrevistados afirmem ter um familiar próximo já diagnosticado, 36% dos participantes com mais de 50 anos afirmam não visitar o urologista.

Desses, 10% nunca realizaram o exame de PSA (exame de nível de hormônio necessário para o diagnóstico da doença) e 35% nunca passaram pelo exame de toque retal, fundamental para a detecção da doença em estágios iniciais. Além disso, 75% discordam ou ignoram que o rastreamento do câncer de próstata deve começar mais cedo entre os homens negros (1).

Esses dados mostram que os homens ainda precisam de muito suporte e incentivo para que não deixem de visitar o médico com frequência e para que os exames de prevenção não fiquem em segundo plano. Consultas de rotina são fundamentais para garantir o bem-estar geral e para o rastreamento de doenças oncológicas. O diagnóstico precoce do câncer de próstata resulta em maiores chances de cura e em uma melhor qualidade de vida para o homem”, afirma Roberto Soler, diretor médico da Astellas.

Foi analisando o cenário levantado pela pesquisa, que a Astellas, em parceria com a SBU, criou a campanha de conscientização sobre a saúde do homem chamada ‘Trato Feito’. O objetivo é apoiar as operadoras de saúde com conteúdo criado para diferentes plataformas, para que seja possível alertar os homens a respeito da importância do acompanhamento médico de rotina e para que haja um maior volume de diagnósticos precoces, o que aumenta as chances de cura do paciente e reduz o custo do tratamento.

Atualmente a incontinência urinária e o crescimento benigno da próstata (HPB) atingem, respectivamente, 15% e 50% dos homens acima de 50 anos (2). O câncer de próstata é o tipo de câncer mais prevalente no Brasil, além do câncer de pele não melanoma.

Saiba mais sobre a campanha Trato Feito aqui.

Com Assessorias

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