Uma perda de peso rápida e repentina que deixe as pessoas magras como num passe de mágica é o sonho de muitos brasileiros, e nos últimos anos, o mercado de fórmulas emagrecedoras tem crescido significativamente, prometendo resultados eficazes e rápidos. Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e do Instituto Datafolha, 24% dos brasileiros já experimentaram alguma substância para emagrecer.
A crescente popularidade de medicamentos como Ozempic e Wegovy, conhecidos por favorecer a perda rápida de peso, voltou a levantar preocupações após o comitê de segurança da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informar que esses remédios podem, em casos muito raros, causar uma condição ocular grave chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NAION), que pode levar à perda de visão.
Embora estudos anteriores já tenham associado o Ozempic a esse risco em pacientes com diabetes tipo 2, é a primeira vez que um órgão regulador reconhece oficialmente o efeito colateral. A condição pode afetar até 1 em cada 10 mil pessoas que usam a semaglutida, princípio ativo também presente no Rybelsus, por pelo menos um ano.
Um recente estudo publicado do comitê de segurança da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou que as canetas emagrecedoras podem, em casos muito raros, causar uma condição ocular grave chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NAION), que pode levar à perda de visão.
Para Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal, o uso indiscriminado de qualquer medicamento pode afetar os órgãos, sobretudo, o fígado. O trato intestinal também sofre consequências adversas, isso porque fórmulas emagrecedoras causam irritação gastrointestinal, podendo levar a sintomas como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia.
“Fórmulas emagrecedoras” também oferecem risco ao fígado
Para o médico, muitas vezes, na busca por soluções rápidas ou por serem mais acessíveis financeiramente, as pessoas recorrem a essas opções, acreditando que são mais saudáveis, no entanto, acabam se colocando em risco.
O uso indiscriminado de qualquer substância, não somente as canetas, pode ter consequências graves para o corpo, afetando principalmente o fígado, os rins, coração, intestino, o cérebro e em casos extremos, podendo levar até mesmo à morte”, alerta o especialista.
Ainda de acordo com o especialista, essas “fórmulas emagrecedoras”, muitas vezes vendidas sem prescrição médica e sem controle rigoroso, contêm ingredientes que podem causar danos graves ao organismo. “Essas substâncias geralmente são compostas por estimulantes, diuréticos e outras drogas que prometem acelerar o metabolismo e suprimir o apetite”, afirma Nacif. “No entanto, o que não é amplamente divulgado são os efeitos colaterais severos que podem surgir”, acrescenta.
Segundo o médico, o fígado, órgão crucial para o metabolismo e detoxificação do corpo, é frequentemente sobrecarregado pelo uso excessivo, independente do medicamento. “Muitas das substâncias presentes nessas formulações são metabolizadas pelo fígado, o que pode levar a danos hepáticos significativos. Isso inclui desde inflamação e esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) até casos mais graves de hepatite tóxica e insuficiência hepática aguda”, explica.
Além do fígado, o trato intestinal também sofre consequências adversas, isso porque fórmulas emagrecedoras causam irritação gastrointestinal, podendo levar a sintomas como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. “A longo prazo, pode resultar em danos ao revestimento intestinal e comprometimento da absorção de nutrientes essenciais, levando a deficiências nutricionais”, esclarece.
Portanto, o risco de morte associado ao uso indiscriminado de qualquer medicamento não deve ser subestimado, destaca o médico. “Em casos extremos, principalmente quando consumidas em doses elevadas ou por pessoas com condições de saúde pré-existentes, essas substâncias podem desencadear arritmias cardíacas, hipertensão arterial severa e até mesmo eventos cardiovasculares fatais”, alerta o Dr. Nacif, que ressalta: “É fundamental que as pessoas entendam que não há atalhos seguros para a perda de peso”.
Segundo a Anvisa, apenas farmácias e drogarias autorizadas têm permissão legal para vender os medicamentos, e determinou que só poderão ser vendidos aos clientes com retenção de receita. A categoria inclui os semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.