Seis milhões de pessoas morrem a cada ano em todo o mundo por causa do AVC, o acidente vascular cerebral. A cada seis segundos uma pessoa morre no mundo vítima do popular derrame cerebral. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, o AVC é a segunda causa de morte e incapacidade, com um enorme impacto econômico e social.

Na semana em que se comemora o Dia Mundial do AVC (29/10), especialistas alertam para a Fibrilação Atrial, arritmia cardíaca alterada com alto risco de provocar a doença. Isso porque pessoas com os batimentos cardíacos descompassados têm cinco vezes mais chances de sofrer um AVC isquêmico.

A Fibrilação Atrial (FA) é a alteração do ritmo cardíaco mais frequente e sua presença está associada a um aumento do risco de AVCi e a piora da função cardíaca. Cerca de 50% dos pacientes com FA não apresentam sintomas, dificultando a identificação da doença e a busca por intervenção médica precoce. E quanto maior a demora para tratar, mais chances ela tem de voltar.

A presença da Fibrilação Atrial não apenas leva ao maior risco de AVC, como também aumenta o risco de desenvolver insuficiência cardíaca, além de estar associada a um aumento de mortalidade. Por isso, a agilidade no tratamento é crucial para vencer a doença e mitigar esses riscos.

Principais sintomas

Perigosamente silenciosa, a doença se manifesta por sintomas comuns, evidenciados por aceleração de batimentos, tontura, desconforto ou dor no peito, desmaio, fadiga e fraqueza, que acometem, na maioria das vezes, pessoas acima dos 60 anos.

Na fase inicial, a doença se apresenta em episódios esparsos e de curta duração. Se não tratada de imediato, ela passa a ocorrer em períodos cada vez mais curtos e com durações maiores até se tornar persistente, quando a arritmia se mantém por sete dias ou mais.

“Quando você tem Fibrilação Atrial, o sangue do átrio pode formar coágulos. Estes coágulos podem ser transportados para o cérebro, causando um AVC isquêmico, ou seja, a oclusão de um vaso cerebral”, explica Anna Luiza Szuster, farmacêutica e diretora de Relações Internacionais da MedLevensohn 

Controle da hipertensão arterial

Assim como a fibrilação atrial, a hipertensão arterial é outro importante fator de risco para o AVC. De acordo com um levantamento realizado pelo IBGE, a hipertensão arterial atinge 38,1% da população adulta brasileira e o número de pacientes hipertensos só cresce. A hipertensão é disparado o maior fator de risco para o AVC, sendo responsável por mais de 50% dos casos.

Por isso, manter a pressão arterial controlada e dentro da meta de 12mmHg por 8mmHg – valores recomendados para pressão máxima e mínima, respectivamente – pode reduzir em até 25% o risco de doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio, angina e AVC. É o que mostra o estudo Sprint, realizado em 102 centros de pesquisa nos Estados Unidos e publicado no New England Journal of Medicine. 

Além de manter uma rotina saudável de alimentação e exercícios físicos para preservar a saúde, é necessário manter um monitoramento frequente da pressão arterial e arritmias cardíacas para diagnóstico precoce de doenças relacionadas ao coração.

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Monitores de pressão arterial e fibrilação atrial   

Também é indicada, principalmente em casos de pacientes já diagnosticados com doenças coronárias, uma rotina de realização de testes rápidos que auxiliam na prevenção de complicações cardíacas graves.   

A escolha por tratamentos demorados implica em maior agressão e inflamação ao átrio do coração e, consequentemente, reduz as chances de reverter a doença com um único procedimento. Já existem atualmente no mercado aparelhos de medições e aferições de pressão arterial e fibrilação atrial que auxiliam na prevenção de doenças como o AVC.

Também existem testes rápidos que ajudam a identificar se há d-dímero no sangue, biomarcador que indica a ativação do sistema de coagulação, prevenindo precocemente casos de trombose venosa, tromboembolismo pulmonar e sepse.

Crioablação é alternativa aos medicamentos

Estudos recentes, *Stop AF First, dos EUA, e o *EARLY-AF, do Canadá, ambos de 2020, testaram a terapia de Crioablação como primeira opção de tratamento e comprovaram que a técnica foi superior ao tratamento medicamentoso.

Segundo Silvia Boghossian, eletrofisiológista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os estudos mostraram que a doença tem maior chance de cura, quando tratada precocemente.

“Já existe evidência científica demonstrando que o tratamento não farmacológico é superior ao uso de medicamentos na recidiva da doença. Considerando esses dados e o alto risco de provocar um AVC, o tratamento mais rápido é o mais assertivo”, reforça a especialista.

Até o momento, a Crioablação está disponível principalmente nas instituições privadas. Para ser incorporada pelo Sistema Único de Saúde, é necessário que seja aprovada pela Conitec (Comissão Nacional de Tecnologias no SUS).

 

A ablação da F.A. pode ser realizada com duas formas de energia térmica: Radiofrequência (calor) e Crioenergia (frio). O estudo “Fire and Ice” publicado em 2016 comparou as duas tecnologias, no tratamento da Fibrilação Atrial paroxística. O resultado foi eficácia semelhante aos centros de grande experiência. Em um segundo estudo os autores relatam uma redução na hospitalização e na necessidade de reintervenção, com a Crioablação.

Por ser uma técnica eficaz e com menor curva de aprendizado, a intervenção cirúrgica é muito mais rápida e tem menor curva de aprendizado. Isso faz com que ela possa ser implementada por centros de saúde de menor porte, podendo atingir o máximo possível da população e regiões mais carentes.

“É uma tecnologia democrática, que pode aproximar a população distante dos grandes centros de saúde de um procedimento de alta performance. Já tivemos uma vitória com a incorporação da tecnologia na ANS (Agência de Saúde Suplementar) que levou a técnica para os planos de saúde”, complementa a médica.

Dicas de prevenção

Cerca de 90% dos casos de AVC estão ligados a fatores de risco que podem ser evitados. A prevenção da doença está no controle da hipertensão e do peso, exercícios físicos, alimentação saudável, redução do colesterol, redução da ingestão de álcool, identificação e tratamento da fibrilação atrial e redução do risco de diabetes, vida sem tabaco e o conhecimento sobre a doença. 

Segundo Silvia Bolghossian, as dicas não fogem muito das tradicionais recomendações para uma vida saudável. No entanto, ela reforça que a prática de exercícios físicos e o controle de peso merecem atenção especial.

• Praticar exercícios físicos
• Lutar contra a obesidade
• Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas,
• Controlar a hipertensão arterial
• Não consumir cigarros
• Evitar energéticos e estimulantes

Com Assessorias

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