De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o número de pessoas que sofrem de fome no mundo aumentou em 122 milhões em 2022 em comparação com 2019, antes da pandemia de Covid-19. A edição mais recente do relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI), da ONU, aponta que cerca 733 milhões de pessoas estão em situação de subnutrição, o que equivale a uma em cada 11 pessoas.

Para enfrentar esse grave problema de saúde pública mundial, o Governo brasileiro propôs a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. O objetivo é promover ações coletivas para garantir que os países tenham os recursos e o conhecimento necessários para o desenvolvimento de políticas públicas comprovadamente eficazes na redução da fome e da pobreza em todo o mundo.

Durante a Cúpula Social do G20, que acontece entre os dias 14 e 16 de novembro, o Rio de Janeiro será palco de uma grande ação cultural de combate à fome e à pobreza. O Aliança Global Festival será na Praça Mauá, com entrada gratuita, e reunirá importantes artistas do Brasil para promover engajamento e discussão sobre a principal marca da presidência brasileira do G20, que é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Inspirado em concertos internacionais como o Live Aid 1985 e o Free Nelson Mandela Concert 1988, ambos em Londres, na Inglaterra, o Aliança Global Festival reunirá diversos artistas como Diogo Nogueira, Larissa Luz, Mateus Aleluia, Nova Orquestra, Jovem Dionísio, Rachel Reis, Jota.Pê, Afrocidade, Marcelle Motta, Kleber Lucas, Jaloo, Aguidavi do Jêje, entre muitas outras estrelas que serão divulgadas nos próximos dias.

Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro, será o palco do Aliança Global Festival (Foto: Divulgação)

Em defesa de um mundo sem fome e pobreza

Além das apresentações, o Black Bom será responsável pela abertura e encerramento dos shows com DJ Flash e performances do melhor da black music carioca. A programação celebra a diversidade da cultura brasileira, reunindo grandes nomes da música nacional para engajar a todos no compromisso do Brasil de liderar a Aliança Global em defesa de um mundo sem fome e pobreza, com transição energética, justiça climática e uma representação menos desigual.

O evento antecede a Cúpula de Líderes do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro, e ocorre simultaneamente ao Fórum G20 Social, que marca o encontro da Cúpula Social do G20. O festival irá aproveitar o poder transformador das expressões artísticas e culturais para lançar uma mensagem sobre o compromisso do país de construir uma rede colaborativa e de impacto duradouro, envolvendo países, organizações e cidadãos na luta pela justiça alimentar.

Paralelamente ao festival haverá o Cria G20, no Píer Space, no centro do Rio de Janeiro. O evento conecta criadores digitais, ativistas sociais e comunicadores do Brasil e do mundo, abre espaço e levanta a voz entre as prioridades da presidência do Brasil no G20.

Com agenda robusta, o Cria G20 é um canteiro para a transformação e para o engajamento social, orientados a semear o debate sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a nova arquitetura financeira global e o enfrentamento às mudanças climáticas. Por meio de diálogos abertos, o evento mira em ampliar o debate e se propõe a inspirar ações para um mundo sem fome, com justiça climática e menos desigualdade”, dizem em nota os organizadores.

Veja a programação do Fórum G20 Social

Museu do Amanhã, na Praça Mauá (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

O Fórum G20 Social, que será realizado antes da reunião de cúpula do G20, terá 271 atividades apresentadas por diferentes setores da sociedade civil brasileira e de outros países. A programação do evento, entre os dias 14 e 16 deste mês, no Rio de Janeiro, foi divulgada nesta sexta-feira (8). 

As chamadas atividades autogestionadas vão ocorrer no Território do G20 Social, área que compreende toda a região da Praça Mauá, na zona portuária carioca. Entre os temas a serem apresentados estão justiça ambiental, equidade em saúde, enfrentamento ao racismo e colonialismo, direitos LGBTQIAPN+ e igualdade salarial.

Plenárias estão programadas para sexta-feira (15) com participação de ministros do governo sobre os três eixos prioritários para o Brasil, em seu mandato na presidência do G20: combate à fome, pobreza e desigualdades; sustentabilidade, mudança do clima e transição justa; e reforma da governança global.

Ao fim do evento, no sábado (16), os organizadores do G20 Social entregarão um documento ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.

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Lançada pelo Brasil, Aliança Global contra Fome tem 19 países

A Noruega aderiu nesta quinta-feira (7) à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e já anunciou um aporte inicial de US$ 1 milhão para o programa.. Com isso, sobe para 19 o número de países que aderiram à proposta, além da União Africana e da União Europeia.

Todos eles já realizaram a apresentação, revisão e posterior ratificação de suas Declarações de Compromisso com a Aliança, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

Bangladesh e Alemanha já oficializaram a adesão publicamente. Os demais países ainda não foram revelados. Outros 29 países já submeteram e estão com suas Declarações de Compromisso em processo de revisão. A expectativa é que todos os países do G20 e os convidados para a Cúpula de Líderes confirmem a participação na Aliança.

Além disso, cerca de 66 países já manifestaram a intenção de aderir à Aliança Global. Segundo o governo brasileiro, a Aliança está aberta à adesão de países, instituições e organismos internacionais, entre outros, que compartilhem seus princípios.

Estamos comprometidos em colaborar com a Aliança Global, apoiando financeiramente a mobilização de recursos nacionais e internacionais para promover a segurança alimentar”, destacou a ministra do Desenvolvimento Internacional da Noruega, Anne Beathe Tvinnereim, ao apresentar a Declaração de Compromisso que reforça o apoio à iniciativa.

Adesão da Opas e impactos na saúde humana

Organismos multilaterais como a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), a Câmara de Comércio Internacional e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) também firmaram compromisso com a Aliança, bem como a Fundação Rockefeller, dos Estados Unidos.

Nesta quinta-feira (7), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também anunciou que aderiu à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.  Como membro da Aliança, a OPAS apoiará outros membros no desenvolvimento de políticas relacionadas à atenção primária à saúde, eliminação de doenças e garantia de acesso equitativo a serviços para combater doenças não transmissíveis, entre outros problemas de saúde.

A Organização também trabalhará junto com outros membros da Aliança para fornecer assistência técnica, capacitação, treinamento e compartilhamento de conhecimento para fortalecer as conexões entre atingir o ODS 3 e enfrentar a pobreza, a fome, a insegurança alimentar e promover a inclusão socioeconômica.

Garantir vidas saudáveis ​​e promover o bem-estar para todos em todas as idades estão intrinsecamente ligados ao compromisso de acabar com a pobreza, a fome e a desnutrição”, disse Jarbas Barbosa, diretor da OPAS.

Ele destacou que, nas Américas, os pagamentos diretos continuam a representar uma barreira crucial no acesso aos serviços de saúde e “levam as famílias à pobreza”.

Eliminar a fome e a pobreza é essencial para garantir vidas saudáveis ​​para todos. O acesso equitativo à saúde é crucial para acelerar a luta contra a fome e a pobreza”, acrescentou o Dr. Barbosa.

Como funcionará a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza

A Aliança Global Festival Contra Fome e a Pobreza é uma realização do governo brasileiro, com correalização da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). 

A iniciativa da presidência brasileira do G20 vai mobilizar recursos e coordenar ações entre países, organizações internacionais e a sociedade civil para alcançar metas ambiciosas, trabalhando para buscar soluções para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 (erradicação da pobreza) e 2 (fome zero), da Organização das Nações Unidas (ONU).

Sediada pela FAO, a Aliança servirá como um centro de coordenação para esforços globais para aumentar os investimentos de doadores na redução da pobreza. Ela também apoiará o desenvolvimento de políticas públicas nacionais inovadoras para reduzir a fome com base nas melhores práticas.

Apesar de ter sido lançada no G20, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza vai operar de forma independente ao longo dos próximos anos, com equipe própria, pelo menos até 2030. A  iniciativa recebeu apoio significativo de líderes internacionais e especialistas em segurança alimentar, que destacaram a necessidade de uma abordagem conjunta e sustentável para enfrentar esses desafios globais.

O programa atuará como uma espécie de intermediário neutro para a construção de parcerias de implementação de políticas, aproveitando um banco de dados unificado para países e doadores, agilizando a identificação de necessidades e oportunidades de conhecimento e financiamento.

A ideia é reduzir o tempo e os recursos necessários para identificar e engajar parceiros adequados, entre doadores e recebedores, bem como orientação para formulação de políticas públicas, como transferência de renda e outras estratégias de enfrentamento à fome e à pobreza.

Além da Aliança, o governo brasileiro quer aprovar no G20 um imposto sobre detentores de grandes fortunas, que alcançaria cerca de 3 mil bilionários e superricos, que detêm uma fortuna estimada de US$ 15 trilhões. Estipulado em uma alíquota de 2%, o tributo poderia gerar uma arrecadação de US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões, algo como R$ 1,5 trilhão, nas estimativas do governo.

G20 Social e Cúpula de Líderes G20

O G20 Social, também conhecido como Cúpula Social do G20, acontece nos dias 14 a 16 de novembro, no Rio de Janeiro, e vai reunir organizações da sociedade civil para discutir temas estratégicos para o G20. Entre os temas prioritários de discussão estão o combate à fome e às desigualdades, as mudanças climáticas, a transição energética justa e novos modelos de governança para as instituições multilaterais.

O objetivo é ampliar a participação de agentes não governamentais nos processos decisórios e dar voz às diferentes reivindicações da população. As principais demandas do grupo chegarão às mãos dos chefes de Estado na Cúpula do G20, que será nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com a presença das lideranças dos 19 países membros.

A Cúpula do G20 representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo país que ocupa a presidência rotativa do grupo. É o momento em que chefes de Estado e de Governo aprovam os acordos negociados ao longo do ano, e apontam caminhos para lidar com os desafios globais.

O G20 é composto por 19 países (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia) e dois órgãos regionais: a União Africana e a União Europeia.

Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial. Trata-se do principal fórum de cooperação econômica mundial.

Com informações da Agência Brasil

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