Como garantir que as comidas e bebidas típicas das festas juninas não estejam contaminadas?  Quem curte estes eventos, tradicionais no calendário popular desde os tempos de criança, deve se preocupar com a higiene dos alimentos servidos nas barracas, geralmente em eventos abertos ao público nas ruas, sem qualquer fiscalização, pois nem sempre é possível reconhecer guloseimas estragadas só pela aparência ou pelo gosto.

Por isso, antes de ceder à tentação da maçã do amor ou da paçoca de amendoim de olhos fechados, é preciso atenção. Afinal, num caso de intoxicação alimentar, nem São João, São Pedro e Santo Antônio ajudam!

“Em cada barraca, algumas regras básicas devem guiar o consumo, o preparo e o armazenamento dos quitutes. Caso contrário, os riscos de contaminação são grandes e as consequências muitas vezes graves’, alerta o biomédico Roberto Martins Figueiredo, o Dr. Bactéria.

Segundo ele, é preciso estar atento a alguns pratos, como bolos e doces à base de creme de ovos e chocolate, que podem se deteriorar mais rapidamente, favorecendo a proliferação de bactérias. Já os bolos secos, como o de fubá, a pipoca e o quentão, segundo ele, dificilmente causam problemas à saúde.

Outro detalhe a ser observado é o uso de pratos, copos e talheres descartáveis em festas muito concorridas. “A reutilização de louça mal lavada pode facilitar a proliferação de bactérias e resultar em viroses e outras doenças transmissíveis pelo contato”, ressalta.

Atenção para os descartáveis

Se usar material descartável – principalmente canudinhos –, preste bem atenção na hora de jogá-lo fora. Dê um nó bem dado nos canudinhos e inutilize copos, pratos e talheres, de maneira que não possam ser reaproveitados por gente inescrupulosa”, adverte Dr. Bactéria.

Alimentos bem conservados  

Alimentos que podem se deteriorar rapidamente não devem ser mantidos em temperatura ambiente. A canjica, por exemplo, deve ser servida bem quente; caso contrário, a menos de 60° C, será contaminada por bactérias. Se não estiver na temperatura recomendada, peça para que a coloquem no fogo de novo antes de servir.

Cuidado com bolor no amendoim  

Os aparentemente inocentes pé-de-moleque e paçoca de amendoim, por exemplo, podem ser um verdadeiro veneno. “A utilização de amendoim embolorado na confecção dos quitutes pode ser muito prejudicial à saúde e traz até mesmo risco de câncer hepático.  O mesmo acontece com a maçã do amor: se ao morder você observar bolor na parte interna, jogue fora”, recomenda o Dr. Bactéria.

Cachorro bem quente e sem maionese

Na barraca de cachorro quente e salsichão, o perigo ronda com a Listeria monocytogenes, bactéria que pode causar diarreia, cólicas intestinais e aborto até 12 horas após a ingestão. Evite consumir o produto in natura, cru, ou com maionese caseira. Verifique se os responsáveis pela barraca a mantêm refrigerada (a menos de 5ºC ou congelada) até a hora de colocá-la em água fervente, onde deve permanecer totalmente submersa.
Churrasquinho bem passado e feito na hora

Churrasquinho bom é aquele livre de Escherichia coli 0157:h7, microrganismo que se torna ativo no corpo humano, provocando diarréias e cólicas entre outras complicações quando se consome a carne mal passada ou quando foi mal refrigerada. Prefira o alimento preparado na hora, sob seus olhos, e peça-o bem passado.

Nada de compartilhar a farinha

Outro foco de contaminação, diz Dr. Bactéria, é o prato de farofa onde quem compra espetinho molha a carne e a leva à boca e mergulha de novo no prato e morde mais um pedaço. No fim, essa farinha está cheia de saliva e vira um caldo de reprodução de bactérias. Para evitar isso, adote o hábito de só passar a carne uma vez no prato de farinha ou peça para que ela seja acondicionada em um recipiente parecido com o de mostarda ou catchup, mas com bico mais largo, para que, ao passar de mão em mão, seja salpicada individualmente.

Milho cozido a mais de 60 graus

O milho cozido só pode ser consumido sem o perigo de contaminação pelo Bacillus cereus se for mantido em água quente,  a mais de 60° C, e conservado em caixa térmica. Não compre espiga que esteja em temperatura ambiente ou fora da água quente há mais de duas horas.

Nada de reaquecer o pinhão

A mesma bactéria pode se instalar no pinhão, provocando desordem intestinal, se ele for mantido também em temperatura inferior a 60° C por mais de duas horas. Armazená-lo na geladeira em grandes porções ou reaquecê-lo inadequadamente também não é uma boa ideia. Para evitar problemas, ele precisa ser refrigerado em pequena quantidade, inicialmente descoberto, e, antes de ser servido, deve ir para a água fervente a pelo menos 80° C.

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