O Estado do Rio de Janeiro não tem boas notícias no Mês Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres .Os casos de feminicídio aumentaram 73%  nos últimos 5 anos, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ).

De janeiro a junho de 2022 foram contabilizadas 57 mulheres vítimas de feminicídio, uma a cada três dias, 20% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Na maioria dos casos, os assassinatos foram cometidos pelos próprios companheiros. Desde 2017,  foram 215 assassinatos.

A vítima mais recente é a fisioterapeuta Natalia Rodrigues Valentim, de 36 anos, assassinada a facadas na frente da filha, de 9 anos, pelo marido e pai da menina, o empresário Bruno Nunes Magalhaes. O crime aconteceu no sábado (12), no apartamento do casal, no Grajaú, na Zona Norte do Rio. Bruno foi preso em flagrante nesta segunda-feira (14) ao se apresentar na 18ª DP (Praça da Bandeira).

A fisioterapeuta Natalia Rodrigues Valentim foi morta na frente da filha (Foto: Reprodução)
Bruno Nunes Magalhaes, empresário, foi preso em flagrante dois dias após o crime (Foto: Reprodução)

Segundo amigos, os dois estavam em processo de separação e já não moravam no mesmo endereço. Bruno chamou Natália para ir até o local, alegando que a filha deles, de 9 anos, estaria passando mal. Assim que Natália entrou no apartamento, Bruno aplicou 7 facadas, em várias partes do corpo. Ela morreu no local.

A Polícia Militar informou que PMs do 6ºBPM (Tijuca) foram acionados para o apartamento no Grajaú no sábado. O local foi isolado e a perícia da Polícia Civil foi acionada.  Segundo o jornal O Globo, ele já tinha ficado preso por 13 anos por latrocínio. A prisão temporária foi pedida à Justiça. A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.

Ex-marido de juíza é condenado a 45 anos de prisão

Após 13 horas de julgamento, Paulo José Arronenzi foi condenado a 45 anos de prisão por homicídio cinco vezes qualificado pela morte da ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A sentença foi anunciada na madrugada desta sexta-feira (11) . O presidente do 3º Tribunal do Júri, juiz Alexandre Abrahão, estipulou a pena a partir da conclusão do Conselho de Sentença, que reconheceu a culpa do réu.

Arronenzi foi condenado por feminicídio, crime praticado na presença das três crianças, assassinato cometido por motivo torpe, por meio que dificultou a defesa da vítima e com emprego de crueldade. O assassinato a facadas aconteceu na véspera do Natal de 2020, na frente das três filhas do casal (com idades entre 7 e 9 anos), na Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio).

A juíza Viviane Vieira do Amaral foi morta a facadas pelo marido na frente das 3 filhas do casal (Foto: Reprodução de internet)

Na sentença, o juiz Alexandre Abrahão escreveu que o réu demonstrou “conduta arquitetada, fria e obstinada”, o que “prova a maior intensidade de dolo”. Ainda de acordo com o magistrado, “a personalidade do acusado é adversa e corrompida”.

“Tal se evidencia pelo padrão hostil adotado a partir de certo período com sua ex-esposa e parentes próximos. As testemunhas ouvidas no decorrer da instrução criminal atestam uma postura descontrolada, cercada de rompantes de raiva tal como na ocasião em que chegou a arremessar um copo de vidro na parede, ferindo com estilhaços a perna de uma de suas filhas menores”, expõe o juiz na sentença.

A promotora Carmen Carvalho demonstrou satisfação com o reconhecimento da culpabilidade do homicida. “O tribunal da vida, palco de dores irreparáveis, devolveu aos familiares e amigos da vítima um pouco de paz. O feminicídio, infelizmente ainda tão presente em nosso país, precisa ser combatido todos os dias”, disse ela, em entrevista ao jornal “O Globo”.

Número no Brasil caiu 1,7% em 2022, mas outros crimes subiram

Em todo o Brasil, no entanto, o número de vítimas de feminicídio — assassinato de mulheres cometido em razão do gênero — teve uma pequena redução: caiu 1,7% em 2021, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no final de junho (veja a íntegra aqui). A análise tem como base informações das secretarias estaduais de segurança pública.

Em 2021, um total de 1.341 mulheres morreram por serem mulheres, enquanto em 2020 o número de vítimas foi 1.354. A taxa de assassinatos por 100 mil mulheres era de 1,3 e passou a 1,2, uma queda de 1,7%. Mesmo com a variação, os números ainda assustam: nos últimos dois anos, 2.695 mulheres foram mortas pela condição de serem mulheres.

A queda no índice vem acompanhada do crescimento de outros tipos de violência contra mulheres: houve aumento das denúncias de lesão corporal dolosa e das chamadas de emergência para o número das polícias militares, o 190, ambas no contexto de violência doméstica, assim como aumento dos casos notificados de ameaça (vítimas mulheres). A quantidade de medidas protetivas de urgência solicitadas e concedidas também aumentou.

De janeiro a junho deste ano, foram registrados 2,3 mil estupros no Estado do Rio, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo o ISP, o Estado do Rio de Janeiro tem um estupro registrado em “hospital, clínicas ou similares” a cada 14 dias. Entre 2015 e 2021 foram 177 denúncias de abusos sexuais em unidades de saúde. A realidade é que esses números tendem a ser maiores considerando que muitas vítimas não realizam a denúncia por medo.

Fonte: G1 e Amaerj

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