Quatro em cada 10 casos diagnosticados de febre maculosa levam à morte. Diante da alta letalidade dessa zoonse e dos recentes casos registrados nos estados, as secretarias de Saúde do Rio de Janeiro e de São Paulo orientam a população sobre a doenças, os sintomas, formas de diagnóstico e tratamento e recomendam ações sobre como lidar em casos suspeitos da doença. Confira:
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa, também conhecida como doença do carrapato, é uma doença infecciosa febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida aos seres humanos principalmente pela picada de carrapatos, especialmente os do gênero Amblyomma.
No Brasil, os principais vetores são os carrapatos-estrela, comuns na região do Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica. A presença do transmissor é mais recorrente em beira de rios. Entretanto, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode albergar a bactéria causadora da febre maculosa, como por exemplo, o carrapato do cachorro.
“A transmissão não ocorre de pessoa para pessoa. A infecção acontece após o carrapato ficar fixado na pele do paciente por ao menos quatro horas. O período de incubação – intervalo entre a data do primeiro contato com a bactéria até o início dos sintomas – da febre maculosa é de 2 a 14 dias. Portanto, é importante considerar as exposições ocorridas nos últimos 15 dias antecedentes ao início de sintomas”, destaca a nota do Governo de São Paulo.
Quais são os principais sintomas?
A doença é caracterizada por início abrupto, com febre alta e súbita, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e prostração, podendo ser seguida de exantema (manchas avermelhadas no corpo).Também pode haver erupções no local da picada do carrapato.
Os principais sintomas são:
– Dor de cabeça intensa;
– Náuseas e vômitos;
– Diarreia e dor abdominal;
– Dor muscular constante;
– Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
– Gangrena nos dedos e orelhas;
– Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
Ao notar os sintomas, procure atendimento médico imediatamente. O diagnóstico oportuno da febre maculosa é difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença. No entanto, o médico fará avaliação dos sintomas e também poderá solicitar uma série de exames para confirmar ou contribuir com o diagnóstico.
O paciente também deve informar ao médico caso esteve em região afetada pelo recente surto. Ele também perguntará onde você mora ou se esteve em locais de mata, florestas, fazendas, trilhas ecológicas, onde possa ter sido picado por um carrapato. Caso apresente sintomas com histórico associado à ida em locais como esses, é preciso ir imediatamente até uma unidade de saúde.
Diagnóstico precoce pode salvar vidas
Em seu estágio inicial, se o diagnóstico for rápido, a doença tem alta taxa de recuperação. Quando o diagnóstico demora a ser feito, a Febre Maculosa apresenta elevada taxa de letalidade (cerca de 40%), que pode ser explicada por ser tratar de doença pouco conhecida e por apresentar sinais e sintomas que são parecidos com outras doenças, como as arboviroses (sengue, malária etc), leptospirose, hepatite viralmeningite, sarampo, pneumonia, entre outras, dificultando seu diagnóstico.
Existe tratamento para a febre maculosa?
O tratamento imediato com antibióticos é recomendado para evitar o agravamento do quadro. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A terapêutica é empregada por um período de 7 dias, devendo ser mantida por 3 dias, após o término da febre. A falta ou demora no tratamento da Febre Maculosa pode agravar o caso podendo levar ao óbito.
Formas de prevenção e proteção contra a doença
Embora a Febre Maculosa seja grave e com alta letalidade, é possível reduzir significativamente o risco de contrair a doença. A principal medida preventiva consiste em evitar contato com carrapatos. Por isso é importante evitar transitar em locais com mato alto. Repelentes também podem ser eficazes contra picadas de carrapatos.
Verificar com frequência se há algum carrapato preso ao seu corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado – especialmente para quem estiver em ambientes rurais – são algumas medidas efetivas para a proteção contra o carrapato transmissor.
Como se proteger da picada do carrapato-estrela?
A SES-RJ orienta uma série de medidas práticas e simples para prevenção quando se frequenta ambientes favoráveis à presença desses ectoparasitas:
- Evitar caminhar, sentar e deitar em locais com grama ou vegetação alta e em áreas de conhecida infestação de carrapatos durante atividades de lazer como piqueniques, pescarias, etc.;
- Quando for inevitável o acesso a essas áreas de possível infestação, é recomendável que seja realizada uma vistoria no corpo, em busca de carrapatos, em intervalos de 3 horas. A retirada dos carrapatos diminui o risco de contrair a doença;
- Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro de botas ou meias grossas, e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
- Utilizar roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos, uma vez que eles são escuros;
- Usar repelentes de insetos – o recomendado são produtos que tenham como princípio ativo DEET, IR3535 e Icaridina.
E se encontrar um carrapato no corpo, o que fazer?
Verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
- Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com leves torções e auxílio de uma pinça;
- Evite contato com as unhas. Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza;
- Descarte os carrapatos em álcool. As formas jovens, por serem muito pequenas e de difícil visualização, tendem a permanecer mais tempo aderidas ao corpo, facilitando a transmissão da bactéria responsável pela ocorrência da doença;
- Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água;
- Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença;
- Após a utilização, coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos
Medidas de prevenção para proprietários de áreas rurais e pessoas com animais
Há ainda algumas medidas de prevenção que devem ser adotadas por proprietários de áreas rurais onde a presença de carrapatos pode ocorrer:
- Sinalizar (colocar placas ou cartazes com medidas de proteção) as áreas consideradas como de transmissão para a febre maculosa;
- Realizar limpeza e capina periódica de lotes não construídos e de áreas públicas com cobertura vegetal;
- Manter vidros e portas fechados em veículos de transporte nas áreas com risco de infestação por carrapatos;
- Usar equipamentos de proteção individual para atividades ocupacionais como capina e limpeza de pastos;
- Providenciar a utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações do profissional médico veterinário, evitando que animais tão presentes no cotidiano das pessoas fiquem infestados.
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