De acordo com a estimativa de incidência de câncer para o Brasil, feita pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o triênio de 2023 a 2025, espera-se que ocorrerão cerca de 74 mil casos novos de cânceres de mama, o segundo câncer mais incidente do país. Além disso, o câncer de mama também é o mais incidente para as mulheres, apresentando cerca de 2,3 milhões (24,5%) de casos no mundo.

Para evitar números cada vez mais alarmantes sobre a curva do câncer de mama em mulheres no Brasil, é primordial realizar o exame precoce de mamografia, que auxilia a detectar a doença ainda em estágios iniciais, prevenindo que o descobrimento venha apenas em fases mais avançadas.

O Dia Nacional da Mamografia, comemorado no dia 5 de fevereiro, é uma data que visa conscientizar sobre a importância deste exame que tem transformado a vida das mulheres ao longo dos anos. O exame é considerado o mais eficaz para o diagnóstico precoce do câncer de mama. A data também lembra o Dia do Mastologista, profissional médico com especialização em estudar, prevenir, diagnosticar e tratar doenças ou alterações das mamas.

Na semana em que se celebram as duas datas, a Sociedade Brasileira de Mastologia do Rio de Janeiro (SBM-RJ) faz um alerta sobre a discriminação enfrentada por mulheres negras e pardas durante o tratamento da doença e também no acesso para exames.

Um novo estudo da entidade mostrou que, com a pandemia, houve um aumento de 26% nos casos de estágio mais avançado de câncer de mama, por conta do atraso na realização do exame. O levantamento também mostrou que, das 236 mulheres entrevistadas, 41% se identificaram como pretas ou pardas e destas, cerca de 20% relataram ter sofrido discriminação devido à sua raça ou etnia durante o tratamento.

“Esse estudo é de extrema importância, pois precisamos entender o que acontece com cada paciente nessa navegação do diagnóstico ao tratamento. Esses relatos não são só preocupantes, são inaceitáveis”, afirma a mastologista Maria Júlia Calas, presidente da SBM-Rio, anunciando que, por conta disso, a pesquisa ainda permanecerá em andamento para que possa alcançar um número maior de pacientes.

Racismo estrutural e falta de acesso a exames

Segundo a médica, outro fator que chamou a atenção foi o fato de que, mesmo entre aquelas que afirmaram não terem sentido discriminação, o racismo estrutural pode estar presente de maneiras sutis e prejudiciais. “Numa sociedade como a nossa, como podemos mensurar isso? Por isso temos que continuar ouvindo essas mulheres”, diz.

A presidente destaca ainda que, embora a luta contra o câncer de mama seja desafiadora, é essencial que as mulheres se unam para enfrentar não apenas a doença em si, mas também as desigualdades e preconceitos que possam surgir no processo.

“Com a pandemia, detectamos um aumento de 26% nos casos de estágio mais avançado e, embora nos anos posteriores isso tenha amenizado, ainda estamos longe do ideal. Isso também tem a ver com acesso”, alerta.

Para ela, o Dia da Mamografia e o Dia do Mastologista são momentos de solidariedade e conscientização, portanto, propício para abordar temas que precisam de atenção de todos. “A SBM-Rio está comprometida em garantir que todas as mulheres, independentemente de sua raça ou orientação sexual, recebam o apoio e o tratamento de que precisam”, conclui Maria Júlia.

Laboratório registra aumento de 10% em mamografias em 2022

Em 2023, foram registrados um total de 194.971 exames de mamografias realizados pela Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), isso representa um aumento de 10.12% quando comparado ao ano de 2022 e 43.69% se comparado à 2021.

Ano passado, 94.21% do total de exames, foram de mamografia de rastreamento, enquanto 4.25% foram de mamografia diagnóstica, segundo dados da FIDI. Isso demonstra que as mulheres que apresentam sintomas ou achados suspeitos foi muito mais baixo que a busca pelo rastreamento precoce do câncer de mama em mulheres sem sintomas.

mamografia é um exame muito versátil que pode ser realizado para rastreamento ou diagnóstico.

mamografia de rastreamento tem como objetivo detectar precocemente os sinais de câncer de mama em mulheres assintomáticas que não apresentam sintomas evidentes, esse exame é destinado principalmente a mulheres com queixas específicas em torno dos 40 ou 50 anos de idade.

Já a mamografia diagnóstica é solicitada quando há sintomas ou achados suspeitos identificados em exames anteriores. Destinada a mulheres que apresentam sintomas como dor mamária, nódulos palpáveis, alterações na pele ou descarga mamilar, esse procedimento não tem uma idade específica, podendo ser designado a qualquer mulher que apresente um desses sintomas.

“Levando em consideração a tendência do aumento de exames ao longo dos anos, esperamos que em 2024 a busca e a realização dos exames possam apresentar mais um aumento significativo, mas para isso é essencial refletir sobre a prevenção, reforçando o autocuidado, o bem-estar da mulher e principalmente hábito de realizar exames de mamografia”, aponta Vivian Milani, médica radiologista especialista em saúde da mulher na FIDI.

Com Assessorias

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