O número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes no Brasil continua crescendo em ritmo alarmante. A cada hora, três crianças são vítimas de abuso sexual a cada hora no Brasil, sendo que apenas cerca de 10% dos casos são denunciados.
Segundo dados do Disque 100, canal oficial do governo para registro de violações de direitos humanos, mantido pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em 2023, mais de 430 mil denúncias foram feitas, um aumento de 45,39% em relação ao ano anterior.
Cerca de 53% desses casos envolveram vítimas com menos de 18 anos, incluindo relatos de abuso sexual, violência física, negligência e exploração sexual comercial. A estimativa é que 500 mil crianças e adolescentes sejam explorados sexualmente por ano em nosso país, mas apenas 7,5% dos casos chegam a ser denunciados.
De acordo com dados obtidos pela Fundação Abrinq, publicados na “Caderneta do Cenário da Infância e Adolescência no Brasil em 2025”, apenas em 2023 foram registradas mais de 78 mil notificações de violência, das quais mais de 57 mil envolviam vítimas com menos de 19 anos. A região Sudeste lidera o ranking com mais de 35 mil casos. Já no Norte do país, a violência sexual contra meninas chama a atenção: 75,8% das agressões acontecem dentro de casa.
Entre 2021 e 2023, o país registrou 164.199 casos de violência sexual contra menores, segundo o relatório Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Unicef. Os dados revelam que, embora as campanhas de conscientização estejam mais presentes, os casos continuam crescendo — e o mais alarmante: estima-se que apenas 10% das ocorrências sejam formalmente denunciadas à polícia.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que os casos de exploração sexual infantil cresceram 16,4% entre 2021 e 2022, com maior concentração nas regiões Norte e Nordeste. Os estudos mostram que a maioria das vítimas é do sexo feminino, com idades entre 10 e 14 anos. Entretanto, meninos também são alvos frequentes, embora os casos sejam menos relatados.
Em muitos episódios, os abusadores são pessoas próximas à vítima, como familiares ou conhecidos, o que dificulta a denúncia e agrava os impactos psicológicos na criança. Segundo a Childhood Brasil, a maioria dos agressores pertence ao círculo de confiança da vítima, o que dificulta ainda mais a denúncia e a responsabilização.
Campanha Maio Laranja – Faça bonito
Todo ano, o mês de maio convida os brasileiros a olharem com seriedade para uma realidade dolorosa e urgente: o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. O dia 18 é a data oficial de enfrentamento à violência sexual infantil no Brasil, é um chamado coletivo à responsabilidade, à escuta ativa e à denúncia como formas de romper o ciclo de silêncio e impunidade. A data relembra o cruel assassinato da menina Araceli Crespo, aos 8 anos. Ela foi sequestrada, violentada e morta em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES).
A campanha Faça Bonito foi instituída oficialmente pela Lei nº 9.970/2000 e se tornou símbolo da luta pelos direitos das crianças e adolescentes. Seu símbolo, uma flor amarela desenhada com traços infantis, representa tanto a fragilidade da infância quanto o compromisso de toda a sociedade com a proteção dessa fase da vida.
A proposta da campanha é mobilizar escolas, serviços públicos, instituições da sociedade civil e a população em geral para ampliar a escuta, reconhecer os sinais de abuso e incentivar denúncias responsáveis.
O Brasil, ao estabelecer a data, oficializou a necessidade de ações contínuas e coordenadas para proteger crianças e adolescentes da violência sexual. A data alinha-se diretamente aos princípios do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, que orienta as políticas públicas e ações em todo o território nacional, buscando prevenir, proteger e responsabilizar nos casos de violência sexual, promovendo uma cultura de proteção integral.
O objetivo da data é mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da defesa dos direitos de crianças e adolescentes. A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes envolve vários fatores de risco e vulnerabilidade quando se considera marcadores sociais como as relações de gênero, raça/etnia, orientação sexual, classe social, local de moradia (rural ou urbana), condições econômicas e fatores geracionais.
A mobilização em torno da data é do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e da Rede ECPAT Brasil, uma coalização de organizações da sociedade civil que trabalha para a eliminação da exploração sexual de crianças e adolescentes, compreendendo as suas quatro dimensões: prostituição, imagens de abuso e exploração sexual infantil e o tráfico humano e turismo para fins de exploração sexual.
A Resolução Nº 236/2023 do Conanda oficializou a campanha “Faça Bonito – Proteja nossas crianças e adolescentes“, com a flor amarela e laranja como símbolo nacional do enfrentamento ao abuso e exploração sexual, orientando ações de prevenção e proteção em todo o território nacional.
Em 2025, o convite é para florir mais uma vez o Brasil no mês de maio, e fortalecer o símbolo, que remete à lembrança dos desenhos da primeira infância e evoca o cuidado para o desenvolvimento saudável da infância e da adolescência. O slogan “Faça Bonito” convoca à ação contínua, responsabilizando cada indivíduo e a sociedade na proteção contra a violência sexual.
De acordo com o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, por meio da campanha Faça Bonito, a pauta deste ano será o fortalecimento das boas práticas em rede de proteção. A ideia é promover um debate amplo e inclusivo, que envolva todos os atores da rede e fortaleça as estratégias de enfrentamento da violência sexual no país.
Outro importante tema deste ano será a aplicação da Lei 13.431/17, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. “A aplicação integral da Lei pode assegurar o atendimento humanizado e eficaz para crianças e adolescentes afetados pela violência”, destaca o site da campanha.
Instituto Suassuna promove ação nacional pela proteção de crianças
Em apoio à campanha Faça Bonito, instituição lança série de conteúdos gratuitos para conscientizar sobre abuso e exploração sexual infantojuvenil
Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio, o Instituto Suassuna se une à campanha Faça Bonito com uma programação nacional de conscientização aberta ao público. A iniciativa reforça a importância do enfrentamento coletivo à violência infantojuvenil, por meio de educação, escuta e redes de proteção.
Na data, serão disponibilizadas palestras e episódios especiais de podcast no canal do YouTube do Instituto, abordando temas como os sinais de abuso, os impactos psicológicos da violência e o papel dos profissionais na proteção da infância. Os conteúdos são voltados a educadores, psicólogos, estudantes e famílias, e estarão disponíveis gratuitamente como parte do compromisso institucional com a formação e a informação qualificada.
Não basta sentir indignação diante dos casos. É preciso saber identificar comportamentos e sinais, e agir. A violência contra crianças não é invisível: ela é muitas vezes silenciada por medo, vergonha ou negligência institucional”, afirma Danilo Suassuna, diretor do Instituto Suassuna.
Educação como ferramenta de proteção
Com base em sua atuação na formação de psicólogos e na produção de conteúdo técnico na área da saúde mental, o Instituto Suassuna lança neste mês de maio uma série de ações abertas ao público, com o objetivo de reforçar a importância da escuta qualificada, da prevenção e da denúncia. Estão previstas publicações no blog institucional, divulgação de conteúdo nas redes sociais e atividades com foco em proteção infanto-juvenil.
Para Danilo Suassuna, a mobilização em torno do combate à violência infantil exige engajamento contínuo e informação acessível. “É fundamental que a sociedade esteja atenta e preparada para identificar e combater qualquer forma de violência contra nossas crianças. A educação e a informação são ferramentas poderosas na prevenção desses crimes”, afirma.
Ao longo do mês, o Instituto também incentivará que instituições de ensino, serviços de saúde e organizações públicas ou privadas se unam à campanha, promovendo ações educativas que ampliem o alcance das mensagens de prevenção e acolhimento. O material divulgado poderá ser replicado por escolas, universidades, profissionais da psicologia e todos os envolvidos na proteção da infância.
Empresas aderem ao Movimento Violência Sexual Zero
Dados tão alarmantes trazidos pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, têm sensibilizado as empresas. Lançado no dia 20 de março pelo Instituto Liberta, Grupo Mulheres do Brasil e Childhood Brasil, o Movimento Violência Sexual Zero convoca o setor corporativo para atuar nesta causa. O objetivo é divulgar informações e adotar ações de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.
Mais de cem empresas se associaram ao grupo desde então. Uma delas é a Bamaq Consórcio, primeira de seu setor a fazer parte do Movimento. Como parte do compromisso, a empresa implementará uma série de ações internas, a fim de conscientizar os mais de 1.000 colaboradores do grupo.
Além de uma página exclusiva na Intranet com informações sobre o assunto, e comunicações periódicas com dicas de como cada um pode fazer a sua parte nesta luta social, a empresa pretende levar porta-vozes sobre o tema para palestrar em datas específicas, e veicular materiais educativos, para fortalecer ainda mais o ambiente de respeito e segurança no dia a dia corporativo.
Ao aderirmos, reafirmamos nosso compromisso com o livre acesso à informação e educação, nos comprometendo a conscientizar colaboradores, terceiros e seus familiares sobre como prevenir, identificar e denunciar a violência sexual contra crianças e adolescentes. Este enfrentamento é de responsabilidade coletiva, e estamos engajados em promover a educação e a ação como pilares da nossa cultura organizacional”, afirma o CFO do Grupo Bamaq, Pindaro Sousa.
Instituto promove campanhas educativa para ampliar a conscientização
Durante o mês de maio, o Instituto ABIHPEC realiza uma série de ações do projeto “Abuso Sexual e Exploração de Crianças e Adolescentes: Não Feche os Olhos Para Isso”, voltado à prevenção da violência sexual infantil. A mobilização ganha destaque especialmente em 18 de maio, data que marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Desde 2024, o Instituto promove exibições do curta-metragem “Eu Tenho Uma Voz” em escolas, universidades e Centros Educacionais Unificados (CEUs), seguidas de rodas de conversa com especialistas para aprofundar o diálogo e ampliar a conscientização.
A campanha integra o calendário institucional da organização e busca mobilizar a sociedade — incluindo o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos — em prol de uma cultura baseada no respeito, na escuta ativa e na proteção dos direitos de crianças e adolescentes.
O projeto, criado inicialmente pelo Instituto ABIHPEC e transferido para a Childhood Brasil em 2017, segue como pilar estratégico para a conscientização social. “Nossa missão é contribuir com uma sociedade mais segura e protetora para nossas crianças e adolescentes. O 18 de maio é um marco, mas o compromisso deve ser diário. Enquanto houver silêncio, precisamos agir com responsabilidade, empatia e urgência”, afirma Claudio Viggiani, presidente do Instituto ABIHPEC.
Cristo Redentor recebe iluminação em laranja
A campanha Maio Laranja foi instituída em 2022 por meio da Lei nº 14.432 para promover a conscientização sobre o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes em todo o Brasil.
O ápice da campanha é o dia 18 de maio, que marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em memória do caso Araceli Crespo — uma menina de 8 anos, sequestrada, estuprada e assassinada em 1973, em Vitória (ES).
O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor realiza, nesse domingo, 18 de maio, das 20h às 21h, iluminação especial do monumento ao Cristo Redentor em laranja pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi instituída pela Lei Federal nº 9.970/2000, em memória ao caso da menina Araceli Crespo de apenas 8 anos, que foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no dia 18 de maio de 1973.
Palestra gratuita para todos os públicos na OAB Caxias
Estamos no ‘Maio Laranja’, campanha nacional em prol à prevenção e ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. De acordo com o relatório da rede internacional InHope, em 2024, o Brasil ficou em quinto lugar na lista de países com mais denúncias de páginas que distribuíram conteúdos de abuso sexual infantil. Seja no virtual ou no presencial, nossos pequenos e jovens brasileiros precisam que toda a sociedade participe da defesa dos seus direitos.
Diante da relevância desse tema, a Comissão da Criança e do Adolescente da OAB Duque de Caxias, em apoio ao combate à Violência Infantil promove um evento gratuito com a presença de influentes personalidades. A palestra “Violência Infantil: tipos, sinais e como proteger nossas crianças” acontece na quarta-feira dia 14/05, às 14h30, no auditório da OAB/DC, com discussões sobre os tipos de violência e suas consequências legais, medidas aplicadas pelo judiciário e o papel dos órgãos de proteção.
Especialistas vão ressaltar a importância do ‘Maio Laranja’, como uma oportunidade para fortalecer a rede de proteção, estimular o diálogo e garantir que cada criança e adolescente tenha seu direito à proteção respeitado. Kamylla Acolli Lins e Silva, juíza de Direito do Estado do Acre, titular da Vara de Apoio à Jurisdição. fará o lançamento de sua obra: Por trás da toga – vozes silenciadas na defesa da infância.
Como denunciar
Os crimes cibernéticos como pedofilia, pornografia infantil e outras formas de violência podem ser denunciados pelo Disque 100, canal gratuito da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) que funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, registra denúncias de violações, dissemina informações e orienta a sociedade sobre a política de direitos humanos.
O canal pode ser acionado por meio de ligação gratuita – discando 100 em qualquer aparelho telefônico. Pela internet, as denúncias podem ser feitas no site da Ouvidoria, pelo WhatsApp (61) 99611-0100 ou Telegram. O serviço também dispõe de atendimento na Língua Brasileira de Sinais (Libras), no site da Ouvidoria, basta digitar no seu navegador www.gov.br/mdh/pt-br/ondh.