MANIFESTO: sem psicoeducação não haverá solução – por uma Revolução da Subjetividade e por uma Cultura da Saúde Mental! (Reproduzido do site Janeiro Branco)
Nem o irrefreável progresso das ciências tecnológicas, nem a perseverança das crenças religiosas pelo mundo afora, nem a extensão da educação formal às populações em todo o planeta conseguiram evitar as tragédias do crescimento das taxas de depressão, suicídio e ansiedade em meio à humanidade. Apesar de toda nova tecnologia que nos cerca de forma crescente e onipresente – e talvez até mesmo por causa disso -, os seres humanos continuam se perdendo em ignorâncias e desconhecimentos sobre si mesmos, a respeito das suas condições emocionais e das suas estruturas subjetivas.
Vivemos a era da Ditadura das Tecnologias, mas, também, a Era das Violências Reais e Simbólicas Entre as Pessoas; vivemos a Era da Virtualidade, mas, também, a Era da Falta do Diálogo Entre Os Que Estão Próximos; vivemos a Era dos Aplicativos Que Resolvem Tudo, mas, também, a Era da Intolerância a Frustrações da Vida Real. E estamos nos matando, como nunca antes na história da Humanidade.
Chegamos a um ponto da história da humanidade em que nenhum desafio material se opõe aos homens: dominamos os mares, dominamos os céus, dominamos as terras e até mesmo robôs já possuímos instalados em planetas vizinhos – como o Curiosity, em Marte. No entanto, bilhões e bilhões de seres humanos ainda vivem sem saber reconhecer, compreender e processar, de forma saudável e adequada, em si mesmos, o ciúmes, a inveja, a solidão, o medo, o tesão, a angústia, o luto, a raiva ou a saudade. Bilhões e bilhões de seres humanos ainda vivem sem saberem os sentidos e motivos subjetivos pelos quais vivem, limitando-se, como se resumissem à carne e aos ossos que possuem, a lutarem pela reprodução objetiva da vida.
Isso precisa ser mudado. Somos analfabetos emocionais, mas experts em tecnologia bluetooth, wireless, freios abs, pisos antiderrapantes ou tintas impermeáveis. Sabemos tudo sobre prédios à prova de terremotos, mas quase nada sobre a importância, a validade, a pertinência e a utilidade do autoconhecimento, do autocontrole, da autorealização. Em termos de educação emocional, sentimental e comportamental, ainda somos bastante primitivos.
Perpetuação de indiferenças, de preconceitos e contas altas a pagar
Primitivos e presunçosos, uma vez que nos achamos informados e esclarecidos. Mas não o somos. Caso fossemos, não sofreríamos tanto com as questões da subjetividade humana que insistimos em desprezar, em relegar às dimensões da indiferença: da indiferença social, cultural, política e econômica.
Indiferença social, uma vez que investimos e insistimos em relações sociais cada vez mais coisificadas, coisificantes, alienadas e alienantes. Indiferença cultural, uma vez que perpetuamos preconceitos inexplicáveis, perversos e perniciosos em relação a quase tudo que diz respeito aos sentimentos humanos em meio a instituições cada vez mais sequestradas pela lógica autoritária da objetividade onipresente. Indiferença política, uma vez que optamos pela priorização de precárias políticas públicas voltadas apenas para a educação formal, ou para o atendimento médico formal, ou a (re)produção cultural formal e hegemônica, em detrimento de políticas públicas para os universos da Saúde Mental e da Saúde Emocional.
E, por fim, indiferença econômica, pois nos limitamos a nos preocuparmos apenas com índices, números, taxas e metas relativas à produtividade material e capitalista, esquecendo-nos que a condição humana também é a condição da subjetividade e sentimentos, emoções e todo o universo psíquico dos seres humanos não são quantificáveis, mensuráveis…comercializáveis.
Tanto desprezo em relação à subjetividade humana já cobra o seu preço: nesta pós-modernidade, somos as gerações humanas mais adoecidas em termos emocionais na história da humanidade. Batemos os recordes da depressão, do suicídio, da ansiedade, dos níveis de estresse, dos níveis de consumo farmacológico, dos níveis de consumo de drogas lícitas e ilícitas. Enfim: estamos doentes.
Estamos doentes e, sem psicoeducação, sem uma verdadeira revolução da subjetividade humana, não haverá solução. Precisamos de uma revolução no campo da subjetividade humana, no campo do entendimento social e cultural a respeito dessa perspectiva humana. No campo da organização mental-emocional dos homens. No campo dos sentimentos e dos relacionamentos entre as pessoas. No campo da condição humana: no campo do psiquismo, da psique, do psicológico. Nos campos, verdadeiramente, estruturais do humano.
E isso passa pela psicoeducação, pela democratização da psicoeducação, pela evidenciação da psicoeducação. E, obviamente, passa por nós, psicólogos e psicólogas, os profissionais da subjetividade, da subjetividade que, necessária e irremediavelmente, se entrelaça às objetividades da vida.
Subjetividades que se entrelaçam às objetividades da vida e as significam, as preenchem ou as esvaziam de sentidos, mas que a humanidade ainda não sabe disso. Mas precisa saber – e somente a psicoeducação dos povos para cumprir com essa tarefa. E, para isso, nasceu o Janeiro Branco.
Precisamos psicoeducar e criar uma “Cultura da Saúde Mental”
Precisamos psicoeducar nas ruas, nas escolas, nas empresas, nas igrejas, no trânsito, nos clubes, nos shoppings, nos metrôs, nos terminais de ônibus, nas praças, nas prefeituras, nos demais órgãos públicos, nos hospitais, nas mídias…em todas as mídias. Precisamos falar sobre psicoeducação e a importância da subjetividade humana aonde quer que os homens estejam. Precisamos chamar a atenção para as emoções humanas, os sentimentos das pessoas, os comportamentos das pessoas.
Precisamos falar sobre o que sabemos – a partir de todas as óticas, de todas as abordagens, de todos os fundamentos. De forma multidisciplinar, transversal e transdisciplinar. Precisamos falar. Todos querem ouvir, até os que não sabem que querem. Let’s talk. Talk is healthy. And necessary.
O Janeiro Branco nasceu para isso. Todo profissional da Saúde e todo(a) psicólogo(a) também. Cada um ao seu estilo, psicoeducando, em casa, na rua, no trabalho, na vida pública ou privada. Mas psicoeducando sempre. Sempre, sempre, sempre!
Sempre ensinando que quem cuida da mente, cuida da vida. De toda vida e de toda a vida.
Conforme centenas e centenas de relatos de psicólogos e de psicólogas de todo o Brasil já nos deram conta de que a humanidade clama por orientações em relação a tudo o que diz respeito à comportamentos, sentimentos, pensamentos e relacionamentos humanos. Ou seja: em relação a tudo o que diz respeito à psicologia humana, ao psiquismo das pessoas.
O século XXI – ou o Terceiro Milênio, desde o seu início -, tem dados provas irrefutáveis de que a Psicoeducação tem, dia após dia, se transformado na maior riqueza de todos os povos. Petróleo, celulares, novas tecnologias da construção civil, novas tecnologias da comunicação ou novas tecnologias aplicadas à alimentação ou aos vestuários humanos não resolveram o problema do adoecimento emocional dos indivíduos – problema crescente e cada vez mais complexo. Nem a indústria farmacêutica conseguiu nos apontar caminhos para a solução dessa problemática. Aliás, o que ela conseguiu nos mostrar foi que a farmacologia não resolverá os problemas relacionados às angústias humanas, aos sofrimentos emocionais da humanidade. Talvez, tem até mesmo os agravado, ao, sem querer, vender a ilusão de que remédios tratam da subjetividade dos homens. Sério equívoco.
Apenas a Psicoeducação dos indivíduos – e dos povos – conseguirá dar resposta a essas questões, aqui no mundo ocidental ou acolá, no mundo oriental que se assemelha cada vez mais a nós – às nossas doenças mentais-emocionais. Portanto, precisamos falar sobre Psicoeducação. Precisamos desenvolver, aprofundar e disseminar a ideia de que “Psicoeducação”, na nossa adoecida atualidade, trata-se de Saúde Pública, Utilidade Pública e Emergência Pública.
Precisamos de uma Cultura da Saúde Mental, de políticas públicas para a Saúde Mental – e precisamos da primeira, uma cultura da saúde mental, para, efetivamente, alcançarmos a segunda, políticas públicas para saúde mental.
Precisamos psicoeducar crianças nas escolas, empresários em organizações empresariais, trabalhadores em seus empregos, artistas, jornalistas e apresentadores de televisão nas mídias, motoristas no trânsito, políticos e funcionários públicos nos parlamentos, governos, ministérios e demais órgãos públicos, profissionais, quaisquer que sejam, em todo e qualquer exercício profissional…enfim: psicoeducar as pessoas aonde quer que elas estejam, fazendo o que estiverem fazendo e o mais cedo possível. Para ontem.
Para que todo ser humano reconheça a sua condição psicológica e se interesse por aprofundar esse conhecimento. Para que todo ser humano aprenda a respeitar a condição psicológica dos outros seres humanos e os inspirem a também serem, mutuamente, respeitosos em relação a essa condição. Para que os problemas humanos não sejam iniciados – e agravados – em função do analfabetismo emocional dos próprios homens. Para que a humanidade, finalmente, inicie um período de paz emocional e de prosperidade sentimental.
Por um período de prosperidade sentimental-mental-emocional
Um período de ‘prosperidade sentimental-mental-emocional’: eis a importância, a necessidade, a validade e a legitimidade da Campanha Janeiro Branco, a campanha que lhe convida a participar do maior movimento mundial de PSICOEDUCAÇÃO das pessoas, o único processo capaz de, estratégica, responsável e coerentemente, contribuir para a legítima saúde emocional humana.
Uma saúde emocional original, genuína, honesta, realista, coerente, congruente e em harmonia com a vida de cada indivíduo que for (finalmente) educado a olhar para dentro de si mesmo em busca de reconhecer as maiores riquezas e os maiores recursos que um ser humano pode acessar e usufruir em nome de uma vida plena e, verdadeiramente, realizada.
Por isso, Janeiro Branco nas ruas, nas casas, nas mídias e nas empresas. Janeiro Branco nas escolas, igrejas, shoppings e prefeituras. Janeiro Branco nas faculdades, institutos e universidades. JaneiroBranco nas conversas entre as pessoas – pelas pessoas, para as pessoas e junto às pessoas.
Por uma cultura da subjetividade. Uma cultura da Saúde Mental. Uma cultura do autoconhecimento, do autocontrole, da solidariedade e da harmonia entre os homens.
Mais informações: Janeiro Branco