A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável, mas que pode causar sérios danos se não for tratada corretamente, incluindo aborto, parto prematuro e má-formação fetal. A chamada sífilis congênita (infecção transmitida da mãe para o bebê durante a gestação ou parto) é um importante desafio para a saúde pública no Brasil e, sobretudo, no Rio de Janeiro. Em 2024, o estado registrou a maior taxa de detecção de sífilis em gestantes, com 68,3 casos por mil nascidos vivos, conforme dados do Ministério da Saúde, divulgados em outubro.
Apesar disso, a a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) informa que vem registrando “progressos significativos” no combate a esta infecção, inclusive com reconhecimento do governo federal a um dos seis 92 municípios. De acordo com a SES-RJ, a partir do monitoramento e acompanhamento da execução da Programação Anual de Saúde (PAS), a razão de casos de sífilis congênita em gestantes ficou em 16% no segundo quadrimestre de 2025.
De maio a agosto de 2025, foram notificados 3.964 casos da sífilis em gestantes e 629 ocorrências congênitas em menores de um ano no estado. O indicador, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, aponta tendência de estabilização. Em 2024, no mesmo intervalo, foram registradas 4.393 notificações entre gestantes e 791 casos transmitidos verticalmente. De acordo com a pasta, “o equilíbrio observado resulta diretamente da ampliação do diagnóstico e da adesão ao tratamento com penicilina benzatina, ofertada nas unidades da rede pública”.
Em meio a este esforço para reverter os indicadores que colocam o estado em primeiro lugar na taxa de detecção de sífilis em gestantes no ano de 2024, o município de Volta Redonda, no Sul Fluminense, vem se destacando nas medidas para redução dessa infecção entre as futuras mamães e receberá esta semana o “Selo Prata de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical da Sífilis”, emitido pelo Ministério da Saúde.
Esse é um reconhecimento inédito para o Estado do Rio de Janeiro, que tem o primeiro município recebendo um prêmio de boas práticas rumo à eliminação da transmissão vertical da sífilis. O enfrentamento à sífilis exige vigilância constante, qualificação profissional e comunicação com a população. Falar sobre a doença é fundamental para quebrar tabus, incentivar o diagnóstico precoce e garantir o tratamento adequado”, disse a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.
Três municípios fluminenses se destacam na eliminação da transmissão vertical do HIV
A cidade de Volta Redonda também será certificada pela eliminação da transmissão vertical de HIV, honraria concedida a municípios que atingem metas rigorosas de redução para erradicar a difusão do vírus de acordo com parâmetros estabelecidos nas atividades de 2022 e 2023.
Outros dois municípios fluminenses também serão reconhecidos pelos avanços no controle da transmissão vertical de HIV – Mesquita (único da Região Metropolitana I) e Teresópolis, na Região Serrana. A cerimônia de entrega das premiações será realizada no dia 3 de dezembro, em Brasília.
Em Volta Redonda, equipes de saúde municipais foram capacitadas para ampliar a oferta e descentralizar ações de prevenção combinada, com apoio da SES-RJ em 2023, 2024 e 2025. Além disso, foi feito o acompanhamento técnico regular da Gerência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) da Secretaria, visando aprimorar o fluxo de atendimento às gestantes. Mesquita e Teresópolis participaram de rodas de monitoramento, visitas técnicas e oficinas de avaliação dos indicadores.
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Integração entre estado e municípios fortalece o controle das infecções
Para a SES-RJ, o reconhecimento do Ministério da Saúde marca o resultado de um trabalho integrado com os municípios na eliminação da transmissão vertical dessas infecções. A secretaria informa que tem atuado diretamente na capacitação de profissionais da Atenção Primária e da Vigilância em Saúde. No conjunto de iniciativas, a produção de videoaulas, a realização de oficinas presenciais e a oferta de apoio técnico permanente para a qualificação das notificações e dos sistemas de informação.
De acordo com a gerente de IST/AIDS da SES-RJ, Juliana Rebello, essas iniciativas reforçam a presença da Secretaria junto aos territórios, demonstrando o trabalho integrado e contínuo que tem permitido avanços concretos na prevenção e controle dessas infecções em todo o estado.
Todas essas são etapas essenciais para o aprimoramento dos indicadores e a efetividade das políticas públicas. A integração entre a SES-RJ e os municípios reconhecidos se consolidou em diversas frentes de trabalho e capacitação ao longo dos últimos anos”, complementa a gerente de IST/AIDS da SES-RJ, Juliana Rebello.
Linha de cuidado materno-infantil para prevenir transmissão da sífilis e HIV
Entre as principais ações estão a pactuação da linha de cuidado materno-infantil com os municípios das nove regiões de Saúde do estado. O trabalho visa garantir a ampliação das estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis, do HIV e das hepatites B e C.
A Saúde estadual destaca os esforços em fortalecer a rede de Atenção e Vigilância, com destaque para a Nota Técnica SES/SUBVAPS nº 11/2025, que trata da linha de cuidado materno-infantil no âmbito do HIV, da sífilis, das hepatites B e C e do HTLV, no estado do Rio de Janeiro.
O documento foi elaborado em conjunto pela Gerência de IST/AIDS, pela Gerência de Hepatites Virais e pela Superintendência de Atenção Primária à Saúde. A iniciativa orienta e padroniza os fluxos de atendimento para gestantes com sífilis, HIV, hepatites B e C e HTLV, garantindo o acompanhamento integral desde a atenção primária até as maternidades.
A nota técnica unifica protocolos e responsabilidades entre os diferentes níveis de atenção, ajudando os municípios a estruturar melhor suas ações de pré-natal. Mesmo com o aumento da sífilis adquirida na população, o fato de conseguirmos reduzir a sífilis congênita mostra que as estratégias de diagnóstico e tratamento estão protegendo os bebês”, explica Juliana Rebello.
Os fluxogramas e a nota técnica podem ser acessados neste link.
Fonte: SES-RJ, com Redação






