No meio do caos de diversas crises – pessoais, nacionais, políticas, econômicas – ainda há uma que se destaca como uma das mais desafiadoras de todas: a crise ambiental e, em particular, a crise climática. Lidar com ela individualmente parece uma tarefa impossível.
Não podemos simplesmente acordar e decidir resolver a crise climática num passe de mágica. No entanto, será mesmo assim? Não totalmente. A verdade é que ainda não conhecemos a extensão total da emergência climática que enfrentaremos.
Mas uma coisa é certa: talvez a crise climática seja menos devastadora do que imaginamos com base nas informações que recebemos.
Existe uma palavra que devemos incorporar à conversa sobre clima: esperança. Esperança climática. Sem esperança, só nos resta a inércia. E, com a inércia, a crise climática se transforma em uma profecia autorrealizável. E não deveria ser assim.
Existem razões concretas para mantermos nossa esperança numa solução ao problema do clima. Esperança pela capacidade da natureza de se autoajustar e pela capacidade humana de se reinventar.
Maldivas: um sonho possível
A natureza revela uma notável capacidade de se estabilizar. Considere os estudos relatados pelo New York Times em junho de 2024 sobre ilhas que contrariaram as expectativas de desaparecimento.
De 184 ilhas analisadas, 41% mostraram sinais de erosão, mas previa-se que esse número seria de 100%. Esperava-se a completa extinção de todas as ilhas pesquisadas. Contudo, o estudo revelou que algumas permanecem estáveis (39%) e outras até aumentaram em tamanho (20%).
Após essa descoberta inicial, cientistas examinaram cerca de 1.000 ilhas nos últimos anos e concluíram que as que estariam mais propensas a desaparecer devido ao aumento do nível do mar não sofreram tanta erosão como se pensava.
Elas se adaptaram naturalmente, graças às correntes oceânicas e ao movimento de areias. Essas ilhas viram o oceano elevar-se, mas as ondas trouxeram sedimentos, expandindo suas praias.
Para países com arquipélagos, essa descoberta significa uma luz de esperança. Seus líderes podem planejar infraestruturas a longo prazo para lidar com ilhas que talvez não existam mais, transferindo populações para outras áreas.
Em países como as Maldivas, por exemplo, compostas por 1.196 ilhas, das quais apenas 203 são habitadas, essa informação é de extrema importância.
Reconhecer que a adaptação às mudanças climáticas, juntamente com recursos financeiros, humanos e tecnológicos, pode salvar ilhas como as Maldivas é uma notícia animadora no âmbito global.
Prover uma solução em potencial para o desafio das ilhas abre portas para enfrentar outros problemas decorrentes do aquecimento global. Parece cada vez mais claro que o apocalipse não é o nosso destino.