O Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) causa distúrbios no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, na interação e comportamento social de crianças e adultos. O Centro de Controle de Doenças dos EUA estima que uma a cada 59 crianças, em idade escolar, possuam algum tipo de autismo. No Brasil, segundo a OMS, esse número ultrapassa a marca de 2 milhões de pessoas.

Neste cenário, descobrir o quanto antes o transtorno para oferecer o melhor tratamento é muito importante. E a escola tem papel fundamental nisso. Para atender a esta necessidade, o Rio de Janeiro deverá implantar métodos para a detecção precoce do autismo. É o que determina um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (11).

Pelo projeto de lei 268/15, as secretarias de Estado de Saúde (SES) e de Educação (Seeduc) deverão criar protocolos de prognósticos e diagnósticos do transtorno, através do trabalho com diversos profissionais, como médicos, psicólogos e fonoaudiólogos, entre outros. Esses profissionais devem ser capacitados para detectarem os sinais de autismo, sobretudo em crianças de até três anos.

A proposta dos deputados estaduais Márcio Pacheco (PSC) e Martha Rocha (PDT), aprovada em em segunda discussão, seguirá para o governador em exercício, Francisco Dornelles, que tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar a medida.

Estão no grupo de risco, por exemplo, os filhos de pais com mais de 35 anos e crianças com parentes de primeiro grau com autismo. Entre os principais sinais precoces de autismo estão as dificuldades de atenção e de desenvolvimento cognitivo, além de problemas com o sono e com a alimentação.

Uma vez diagnosticadas, as pessoas com autismo deverão ser cadastradas em banco de dados (que deverá ser público) da Secretaria de Estado de Saúde (SES) para que possam ser oferecidos os devidos tratamentos. O Executivo deverá regulamentar a norma através de decreto.

5 coisas que toda pessoa com autismo gostaria que você soubesse

O transtorno não tem cura, mas pode ser tratado para que o paciente possa se adequar ao convívio social da melhor maneira possível. Quanto antes ele for diagnosticado, melhores são os resultados do tratamento”, confirma o psicólogo Tiago Bara.

Mestre em Ensino nas Ciências da Saúde do Centro de Recuperação Neurológica (Cerne), localizado em Curitiba (PR), e membro do Núcleo de Neurociências do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Bara lista cinco coisas que toda pessoa com autismo gostaria que você soubesse.

1) Antes de tudo, eu sou um ser humano

O autismo é um aspecto do funcionamento do meu cérebro, ou seja, ele não define quem eu sou. Assim como você, eu tenho pensamentos, sentimentos, talentos e vontades. Quando você me define por essa característica, pode criar expectativas que serão pequenas para mim. Apesar do TEA ser marcado por alterações da interação e comunicação social, eu sou capaz, acredite!

2) Quanto antes meu autismo for diagnosticado, melhor…

O diagnóstico do TEA é clínico, feito a partir de critérios definidos pelo DSM-5 ou CID-10. Quanto mais cedo o autismo for diagnosticado, melhores serão as chances da pessoa ter uma melhor qualidade de vida. Hoje existem tratamentos relacionados à educação e terapias com função comportamental que trazem ótimos resultados.

3) Meu autismo não é sua culpa!

Pessoas com autismo têm um transtorno heterogêneo do neurodesenvolvimento, com grande variação de manifestações cognitivas e comportamentais. Mas isso não tem relação com os seus cuidados em relação a mim.

4) Mantenha minha vacinação em dia

Apesar de algumas pessoas acharem, o autismo não é provocado por vacinas. Aliás, você deve manter minha vacinação em dia, como forma de proteção.

5) Eu consigo mais!

Pessoas com autismo progridem, sim. A chave para isso está no diagnóstico precoce e no tratamento adequado. Mas leve em consideração as minhas particularidades e explore os meus potenciais por meio de uma intervenção multidisciplinar. Isso possibilita novos aprendizados e melhor prognóstico.

Tiago enfoca ainda que cada autista tem seus trejeitos e estilo de vida. “Alguns podem permanecer minimamente verbais e não conquistar a independência, enquanto outros se tornarão estudantes universitários, jovens adultos que vivem de forma independente. Mas todos precisam de atenção e carinho para uma vida mais tranquila”, finaliza o psicólogo.

Da Redação, com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *