Com o aumento do número de casos de Covid-19 e a estimativa de uma segunda onda, inúmeros produtos vêm sendo lançados no mercado, prometendo barrar a ação do coronavírus no organismo. Neste contexto, uma fórmula de um antisséptico antiviral bucal surge como uma alternativa capaz de conter o avanço do vírus em 96%, segundo a empresa que desenvolveu o enxaguante. A divulgação dos supostos benefícios do produto está causando uma corrida às farmácias de todo o país.
Com a base da tecnologia Phtalox, a fórmula foi desenvolvida por um grupo de 60 pesquisadores brasileiros da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Bauru), do Instituto de Ciências Biológicas da USP, da Universidade Estadual de Londrina e do Instituto Federal do Paraná.
A fórmula do antisséptico antiviral é apresentada como a primeira no mundo com comprovação científica feita com humanos. Enquanto outras pesquisas similares têm sido feitas em laboratórios, as universidades testaram a fórmula com 107 pessoas que estavam com o vírus da Covid-19. Os estudos foram divididos em seis etapas (laboratoriais, séries de casos e estudos clínicos randomizados triplo cego).
Já está disponível no mercado e aprovada pela Anvisa como Detox Pro, cuja produção e distribuição estão sendo feitas pela Dentalclean, uma empresa 100% brasileira de saúde oral. ‘A pesquisa comprovou que a fórmula é capaz de inativar, ao menos em 96%, a proliferação do vírus da Covid-19 na cavidade oral (região da boca), impedindo-o de avançar para o restante do organismo”, ressalta o fabricante.
Boca tem papel importante para transmissão do coronavírus
Ainda de acordo com o fabricante, foi comprovado que a boca tem um papel significativo no processo de transmissão da SARS-CoV-2. Isso ocorre devido à disseminação de pequenas gotículas que torna a mucosa oral e orofaríngea alvos fáceis para o vírus ao inalar de partículas do ambiente. As evidências mostraram que é necessária uma intervenção precoce para diminuir a intensidade da carga viral.
A lavagem da boca, nariz e garganta pode erradicar as partículas virais, reduzindo a carga viral em pacientes expostos ao vírus. O uso de enxaguatórios bucais para gargarejo pode ajudar a prevenir e tratar infecções respiratórias no trato superior e inferior. No entanto, é importante frisar que a fórmula não possui ação terapêutica e também não substitui tratamento médico.
Após o anúncio oficial das pesquisas, quatro países como Canadá, Índia, Peru e Turquia – se interessaram em unir forças. O Japão já vem divulgando por meio de documentos oficiais, que incluiu o bochecho/gargarejo com soluções antissépticas, como item de segurança para prevenção da Covid-19, assim como máscara e uso de álcool gel.
Outra pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, mostra o efeito dos enxaguantes para destruir o coronavírus em até 30 segundos, como mostrou a BBC Brasil.
Mais sobre a pesquisa
A equipe liderada pelo pesquisador Fabiano Vilhena, cirurgião dentista sanitarista e Doutor em Biologia Oral pela Universidade de Odontologia de Bauru – USP, especializado em desenvolvimento de produto, levou cerca de nove meses nas pesquisas. Desde março – quando se deram os primeiros casos oficiais de Covid-19 no Brasil – foram concluídos os estudos científicos: laboratoriais, séries de casos e estudos clínicos randomizados triplo cego.
A higiene oral com um antisséptico bucal antiviral inativa o vírus na saliva por meio de um composto que ativa o oxigênio molecular. Ao inativar o vírus, o mesmo para de se espalhar pelo organismo. A tecnologia Phtalox® faz um bloqueio químico na orofaringe e impede a progressão da doença. Existe um caminho que o vírus da Covid-19 percorre”, explica Dr Vilhena.
Segundo ele, ao entrar no organismo, o coronavírus vai para a glândula salivar, língua, amígdala e vias respiratórias e lá ele replica para o restante do organismo. “A doença tem uma rota. Começa pelas vias superiores e vai para inferiores, além de ativar respostas imunológicas por todo o corpo”, explica Dr. Fabiano Vilhena.
De acordo com as pesquisas feitas com seres humanos, o Phtalox – um corante funcional bioativo – promove uma autoativação e produção contínua de oxigênio reativo na presença de oxigênio molecular. “Em todas as fases de pesquisa, o antisséptico bucal Phtalox® demonstrou atividade antimicrobiana (incluindo atividade virucida) associada à regeneração dos tecidos moles e redução do sangramento gengival”, explica Vilhena.
A pesquisa brasileira obteve reconhecimento Acta Cientific Dental Science – A Recommendation of Phtalox® Mouthwash for Preventing Infection and Progression of COVID-19, com os autores Fabiano Vieira Vilhena, Paulo Sérgio da Silva Santos, Bernardo da Fonseca Orcina, Lucas Marques da Costa Alves, Rodrigo Cardoso de Oliveira e Mariana Schutzer Ragghianti Zangrando.
De acordo com o artigo da Acta, em um primeiro ensaio, os pacientes com teste positivo para Covid-19 apresentaram rápida recuperação após o uso do protocolo de bochechos Phtalox®, com redução de sintomas como dor de garganta, úlcera bucal e tosse. Esses pacientes tornaram-se assintomáticos após alguns dias de uso de antisséptico bucal antiviral.
Dados mais completos sobre a recuperação dos pacientes estão disponíveis no Social Science Research Network (SSRN) sob o título Phtalox® Mouthwash as An Option to Reduce Clinical Symptoms of Covid-19: Case Series. Este artigo já está entre os top 10 no SSRN. Os estudos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Ministério da Saúde, registrados no ReBEC – Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos e publicados na plataforma da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Vantagens dos enxaguantes bucais
Muito se ouve falar sobre os enxaguantes bucais nas propagandas. “Cool mint”, “Ice infinity”, Tartar control”, “Saúde bucal completa”, “Sensitive”, “Pague 350ml, leve 500ml” são alguns dos slogans apresentados para as pessoas que estão em frente às prateleiras em busca de saúde. Será que são essenciais? Será que devem ser utilizados todos os dias? Quais são as vantagens e as desvantagens?
Sabemos que a higiene bucal diária depende mais do paciente do que o profissional que o acompanha, pois o ideal seriam visitas periódicas de prevenção e manutenção. As orientações gerais e básicas incluem o uso de escovas de cabeça pequena, cerdas ultra macias e planas, assim como pastas de dente sem abrasivos em sua composição, limpeza da língua e uso do fio dental diário. Não há segredo. E os enxaguantes bucais?
Os veja como “medicamentos” auxiliares com indicações específicas. Enxaguantes bucais não removem placa bacteriana das superfícies dentais, tampouco limpam língua e bochechas como prometido. Seu papel é coadjuvante com ação puramente química. Seu uso prolongado é contraindicado por ter efeito biocorrosivo na estrutura dental, um processo de degradação que altera sua composição. A maioria dos produtos possuem ácidos em sua fórmula. Então como utilizar?
O profissional responsável pelo seu caso te dirá qual a sua necessidade de princípio ativo. Cada enxaguante possui sua especificidade, seja auxílio pós operatório, redução no sangramento gengival, manutenção da sensibilidade dental, entre outros.
Entre os princípios ativos mais comuns estão os óleos essenciais, que deixam um gosto e um cheiro agradável na boca, com sensação de refrescância, apenas. É importante ressaltar que se há mau cheiro na cavidade bucal, a higienização não está adequada, seja dos dentes, língua ou bochechas ou há problemas instalados como restaurações e próteses desadaptadas.
Produtos que contém citrato de zinco, ajudam a combater a halitose por diminuírem a proliferação de bactérias; os que possuem digluconato de clorexidina agem como detergentes antimicrobianos de alta eficiência, utilizado em casos pós cirúrgicos e/ou sangramento gengival. Enxaguantes bucais que levam flúor em sua composição ajudam na prevenção de cáries, estacionando-as quando em início, por exemplo. Os que tem nitrato de potássio e fluoreto de estanho trabalham no combate à hipersensibilidade dentinária.
Independente do princípio ativo, a necessidade de indicação para cada caso é imprescindível, além da manutenção da saúde dos dentes e tecidos bucais. O enxaguante bucal deve ser usado com parcimônia e cautela para que suas desvantagens sejam mínimas frente aos benefícios; nenhum produto substitui a escovação mecânica, tampouco as avaliações pelos profissionais. Esteja ciente da sua condição bucal, seja sua prioridade.
Com Assessorias