câncer de mama é o tipo de tumor mais incidente em mulheres no mundo – cerca de 2,2 milhões de mulheres são diagnosticadas anualmente e 685 morrem em decorrência da doença. Esse também é o tipo que mais mata mulheres no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 73 mil é o número previsto de novos casos da doença para o triênio de 2023-2025 no país. No Rio de Janeiro a previsão é de 10.290 ocorrências.

A boa notícia é que, se detectado em fase inicial, as chances de tratamento e de cura do câncer de mama podem ser de 98%. O exame de mamografia é uma das principais formas de detectar o câncer de mama, um dos tipos mais comuns de carcinoma entre as mulheres. Neste contexto, a mamografia se destaca por reduzir a incidência de mortalidade por câncer de mama, diagnosticando a doença antes mesmo de existir alguma alteração mamária.

Por isso, o Dia Nacional da Mamografia, celebrado em 5 de fevereiro, juntamente com o Dia do Mastologista, reforça a conscientização e a mensagem sobre a importância do exame preventivo que pode salvar vidas. Essencial à saúde feminina, a mamografia é indicada a mulheres acima dos 40 anos – há controvérsias, como temos visto nos últimos dias.

Recomendada para detectar alterações na mama precocemente, essa radiografia do tecido mamário é feita por um equipamento de raios X, o chamado mamógrafo, capaz de identificar lesões nos estágios iniciais. Mesmo sendo bastante conhecida, a mamografia ainda gera dúvidas em muitas pessoas.

Ainda existem mitos associados ao exame, principalmente em relação à época ideal para começar a fazê-lo e quem deveria incluí-lo na rotina de cuidados com a saúde. Entre os mitos mais comuns, está a ideia de que não pode ser realizada durante o período menstrual e que mulheres com silicone não devem passar pelo rastreamento. 

Existem inúmeras questões sobre o que é mito ou verdade sobre a mamografia, mas acima de tudo o importante é cuidar da saúde e dedicar diariamente um tempo para o autocuidado. A saúde da mulher precisa vir em primeiro lugar, por isso é importante realizar os exames diagnósticos com periodicidade, não deixando de consultar um médico especialista uma vez ao ano, assim tanto a detecção da doença, quanto o tratamento poderá ser mais ágil e eficaz”, afirma Dra. Vivian Milani.

Tão perigoso quanto o próprio câncer é a desinformação que ainda circula entre as pessoas. E são vários os mitos e fake news disseminados sobre o assunto. Em alusão à data, o Portal Vida e Ação selecionou uma lista de mitos e verdades sobre o tema, com a colaboração de importantes fontes do setor. Confira:

  • Histórico na família – Muitas mulheres acreditam que apenas quem tem histórico familiar de câncer está em risco. Mas apenas 10% dos casos de câncer de mama estão relacionados ao histórico familiar. “Algumas mulheres detectam nódulos e não vão ao médico porque acham que não era nada, já que não têm casos na família. Precisamos desmistificar essa ideia e incentivar as mulheres a realizarem exames preventivos anualmente”, alerta Raquel Skrsypcsak Andrade, oncologista do Eco Medical Center e do Centro Integrado de Oncologia de Curitiba (CIONC).
  • Radiação da mamografia dá câncer Lucas Gennaro, radiologista do Centro Diagnóstico Água Verde (CEDAV), esclarece que isso é fake news. “Estudos científicos consistentes mostram que a mamografia, aliada aos quimioterápicos modernos, reduz em até 40% a mortalidade por câncer de mama”. Ele ressalta que a mamografia é o método mais eficaz para detectar lesões precocemente, aumentando significativamente as chances de cura.
  • Implante de silicone atrapalha diagnóstico de câncer – Muitas mulheres têm a crença de que a prótese mamária “mascara” o nódulo do câncer. Conforme a mastologista Alessandra Amatuzzi, do Centro de Doenças da Mama, isso é falso. Há técnicas de mamografia para mulheres com prótese e o equipamento capta perfeitamente lesões suspeitas.
  • Silicone arrebenta na hora da mamografia – Muitas mulheres deixam de fazer a mamografia anual com medo de que a pressão que o mamógrafo exerce sobre os seios arrebente o silicone. Mas as próteses hoje, diz a Dra. Alessandra, são muito resistentes e seguras. Não há risco de estourar na mamografia. Além disso, o CEDAV possui um mamógrafo de última geração, com formato anatômico, que reduz muito o desconforto. Também é mito achar que o silicone causa câncer.
  • Dormir com sutiã e usar desodorante dá câncer – Também são mitos! O sutiã é uma preferência de conforto da mulher. Para o dia a dia, devem ser escolhidos os modelos que dão boa sustentação ao seio e evitar os com ferrinhos. E os componentes químicos dos desodorantes são seguros para uso humano.
  • Câncer pode surgir após uma pancada no seio – Na internet já apareceram pessoas dizendo que desenvolveram câncer após algum trauma no seio (pancada, queda, acidente, etc.). “O que acontece é da mulher ir fazer um exame de imagem, por conta do trauma no seio, para ver se está tudo bem, e acaba descobrindo um nódulo. Mas é pura coincidência. Câncer de mama não está relacionado a traumas”, alerta a mastologista.
  • Homens não têm câncer de mama – Homens podem sim desenvolver câncer de mama! É muito raro, comparado às mulheres, mas a possibilidade existe. Por isso, os homens também devem palpar as mamas e axilas mensalmente em casa em busca de “bolinhas”.
  • Câncer de mama não dá na axila – Outro mito! Os nódulos também podem se desenvolver na axila. Portanto, é importante fazer o autoexame nas mamas e axilas. Qualquer “bolinha” diferente deve ser investigada.

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Fazer o exame de mamografia previne o câncer de mama?

Mito – De acordo com a médica radiologista Vivian Milani, especialista em mamas da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), responsável por mais de 30 mil mamografias gratuitas no estado de São Paulo, fazer o exame não previne a doença. “Mas se feito com regularidade, previne o descobrimento da enfermidade em estágios avançados, por isso é indicado que os exames sejam realizados sob orientação médica e, preferencialmente, seja estabelecida uma rotina de exames preventivos, principalmente para mulheres acima de 35 anos de idade”, ressalta.

O exame de mamografia é simples?

Verdade – a mamografia é considerada um procedimento simples, rápido e não invasivo, realizada por uma técnica em radiologia.

A radiação ionizante do exame de mamografia pode afetar a saúde?

Mito – definitivamente é um mito, o exame de mamografia utiliza radiação ionizante (raios-x), mas a dose é muito baixa, sendo o benefício do exame muito maior do que a dose de radiação absorvida pela paciente.

O ultrassom da mama substitui a mamografia?

Mito – Ambos os exames, ultrassom da mama e a mamografia são muito importantes e se complementam entre si, mas não substituem um ao outro. O ultrassom da mama é um exame de imagem que permite detectar lesões presentes, especialmente nas mamas mais jovens e densas. Já a mamografia é um tipo específico que possibilita a identificação precoce de alterações nas mamas malignas ou benignas.

Existe uma idade ideal para fazer exame de mamografia?

Verdade – O exame deve ser realizado periodicamente a partir dos 50 anos, mas em casos da existência de alguma alteração palpável ou antecedente familiar, pode ser realizada antes.

A alimentação interfere no tratamento do câncer de mama?

Verdade – A alimentação das pacientes de câncer de mama deve ser a mais natural possível e equilibrada, contendo proteínas, vegetais, frutas e cerais para que a mulher possa ter nutrientes e melhorar o sistema imunológico. A água é muito bem-vinda, com estimativa de dois litros por dia.

O fator genético é determinante para o câncer de mama?

Mito – Já se sabe que o fator genético está associado a 8% dos casos e os fatores ambientais são responsáveis por 92%, como por exemplo, obesidade, falta de exercícios físicos, tabagismo e etilismo (o álcool tem se mostrado cada vez mais, um vilão para o surgimento do câncer de mama. O risco aumenta de 7 a 10% se a mulher ingerir uma dose pequena de álcool por dia). Neste caso, a Organização Mundial da Saúde alerta como prejudicial uma dose diária de 100ml de vinho, e/ou 285 ml de cerveja, por exemplo.

A mamografia é dolorosa e muito desconfortável para todas as mulheres

DEPENDE. Segundo Letícia Gonçalves, radiologista da CDPI e especialista em exames de mama, sentir dor durante a mamografia depende também do nível de sensibilidade ao toque e da ansiedade da paciente. “A tendência é que a compressão das mamas no mamógrafo cause apenas um leve e rápido incômodo. Porém, algumas pacientes são mais sensíveis à dor nessa região, principalmente se estiverem no período pré-menstrual”, explica a especialista. Se for possível, evite realizar a avaliação quando as mamas estiverem muito sensíveis e tente relaxar o corpo.

Durante o exame, as mamas são colocadas sobre uma placa de acrílico e outra placa semelhante exerce pressão para que a área fique com uma espessura uniforme, o que facilita a identificação de lesões suspeitas que possam estar atrás do tecido mamário.

mamografia pode causar câncer de mama por causa da radiação

MITO. Apesar de o exame necessitar de uma pequena quantidade de radiação para que as imagens sejam visualizadas e geradas com a nitidez necessária, ela não é suficiente para causar qualquer dano à saúde da paciente ou influenciar no desenvolvimento de casos de câncer.

Mulheres com próteses de silicone também podem fazer mamografia

VERDADE. De acordo com a dra. Letícia, as próteses de silicone não impedem a visualização da estrutura da mama para a geração das imagens. O exame também não danifica a integridade do material das próteses, ou seja, ele está liberado para pacientes com silicone. Nesses casos, algumas técnicas são utilizadas para ver melhor o tecido ao redor das próteses.

Não preciso fazer mamografia se não tiver histórico familiar de câncer de mama

MITO. O câncer de mama pode se desenvolver por causa de diversas manifestações no organismo, incluindo hereditariedade, genética e fatores externos. Assim, mulheres que não têm histórico da doença na família também têm chances de ter esse tipo de tumor ao longo da vida, assim como outros tipos de carcinoma que não dependem apenas de fatores hereditários para ocorrer.

“A mamografia é um exame fundamental no rastreio do câncer de mama, mas também é eficaz para visualizar outras alterações que podem ocorrer nessa área, como cistos, abscessos e fibroadenoma. Por isso, todas as mulheres devem incluí-lo em sua rotina de cuidados com a saúde, que deve começar aos 40 anos para quem não tem casos na família e aos 30 ou 35 para aquelas que têm casos, principalmente em parentes diretos, como a mãe, em que se suspeita de risco genético”, detalha a dra. Letícia.

Homens não precisam fazer mamografia durante a vida

DEPENDE.  De acordo com a dra. Vivian Ogata, médica radiologista e especialista em exames de mama no laboratório Salomão Zoppi, apesar de não existir um protocolo de diagnóstico precoce de câncer de mama em homens — já que a incidência desse tipo de tumor nesse público é muito pequena em comparação com as mulheres —, eles podem fazer o exame caso notem alguma alteração na pele ou na mama que deva ser investigada por um especialista. Em suma, não é preconizado fazer o exame em homens como rotina, mas pode ser realizado para a investigação de uma queixa.

Se a mamografia não mostrar alterações, isso significa que não há risco de câncer de mama

MITO. Embora a mamografia seja uma ferramenta importante para detectar alterações nas mamas e possa identificar sinais precoces de câncer, ela não é um exame com 100% de capacidade diagnóstica e nem sempre conseguirá identificar todos os tumores, sobretudo os nodulares muito pequenos ou aqueles que estejam nos primeiros estágios de desenvolvimento, em especial em mulheres com mamas densas, que apresentam bastante tecido glandular, o que, por sua vez, pode obscurecer essas lesões.

É importante lembrar que a mamografia é apenas uma parte do processo de diagnóstico. O autoexame, o acompanhamento regular com um médico e, em alguns casos, exames adicionais, como ultrassonografia ou ressonância magnética, podem ser necessários, dependendo do histórico e dos fatores de risco da paciente”, explica a dra. Vivian.

Dúvidas sobre o principal aliada no diagnóstico precoce do câncer de mama

Para esclarecer algumas dessas questões, o oncologista Gustavo Bretas, que atua no Rio de Janeiro, respondeu a seis perguntas que costumam intrigar pacientes e que, em alguns casos, devido à falta de conhecimento, podem levar ao atraso na realização de um exame simples e fundamental.

O exame é incômodo?

DEPENDE. Pode causar desconforto ou dor, mas a experiência varia entre as mulheres e depende de diversos fatores, como o período menstrual. Uma maneira de minimizar o incômodo é, ao conversar com seu médico, solicitar a indicação de um analgésico antes do exame.

A mulher não pode fazer mamografia se estiver menstruada?

MITO. A mamografia pode ser realizada em qualquer fase do ciclo, e seu resultado não sofre interferência por isso. No entanto, para evitar desconforto ou dor causados pelo aumento da sensibilidade mamária, é recomendável evitar esse período. Se for possível, a sugestão é agendar na primeira semana após o término da menstruação, sempre considerando que isso pode variar em cada mulher.

Mulheres com silicone não podem fazer mamografia?

MITO. Mulheres com silicone não só podem, como devem fazer a mamografia. Pra isso existe uma manobra realizada durante o exame que consiste em empurrar a prótese para trás e o tecido mamário para a frente, permitindo melhor visualização e sem riscos de rompimento do implante.

Lactantes não podem fazer mamografia?

MITO. Não é proibido, mas é bom evitar. O tecido mamário sofre muitas alterações nesse período, devido às mudanças fisiológicas, e a região pode ficar mais sensível. Se há possibilidade de fazer o rastreamento posteriormente, melhor. Entretanto, se a suspeita é de câncer durante a amamentação, a mamografia pode ser realizada.

Autoexame pode substituir a mamografia?

MITO. Eles têm finalidades diferentes. Enquanto o autoexame é uma prática para conhecer o próprio corpo, a mamografia é o principal método de rastreamento para a detecção precoce do câncer de mama, muitas vezes identificando alterações já palpáveis e, possivelmente em estágios avançados, aumentando a chance de cura. Portanto, uma mulher pode fazer sua própria investigação, mas deve ser submetida à mamografia da mesma maneira.

⁠Homens também podem fazer mamografia?

VERDADE. Homens podem fazer mamografia, mas não com o objetivo de rastreamento, como as mulheres, e sim para identificar lesões suspeitas. Apesar de raro, esse tipo de câncer também pode acometer este público. O procedimento é semelhante, mas ajustado à anatomia masculina. Os sinais de alerta para eles procurarem um mastologista são: nódulo ou massa palpável na mama; retração, inversão, secreção e sangramento do mamilo; alterações na pele, como vermelhidão ou espessamento; histórico familiar da doença ou mutações genéticas específicas em familiares.

Com Assessorias

 

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