Nas redes sociais, muitas vezes, a osteoporose é mencionada em tom de brincadeira, tornando-a popularmente conhecida como uma doença típica de idosos. Entretanto, essa condição pode ser descoberta em qualquer fase da vida, especialmente, em mulheres pós menopausa ou adultos em qualquer idade com histórico familiar ou deficiência de vitaminas.
A osteoporose afeta 200 milhões de pacientes no mundo inteiro, sendo cerca de 10 milhões no Brasil, onde causa 200 mil óbitos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados do Journal of Medical Economics indicam que em países como Brasil, Argentina, Colômbia e México, em decorrência do envelhecimento da população, deve aumentar a incidência da osteoporose e já estimam cerca de 4,5 milhões de fraturas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já tem 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos; e a projeção até 2060 é de que o número de idosos seja maior do que o de jovens.
Para conscientizar a população sobre a importância do cuidado com a saúde dos ossos, sociedades médicas do mundo todo se reúnem no Dia Mundial de Prevenção e Combate à Osteoporose (20 de outubro). A data anual é dedicada à conscientização para prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. O objetivo é colocar a prevenção da osteoporose e das fraturas associadas, na agenda global da saúde, o que pretende alcançar profissionais de saúde, os meios de comunicação, políticas públicas e o público em geral.
Maior prevalência entre as mulheres
De acordo com um estudo publicado pela International Osteoporosis Foundation (IOF) e pela European Calcified Tissue Society (ECTS), a doença afeta cerca de uma em cada três mulheres com mais de 50 anos em todo o mundo e um a cada cinco homens são acometidos. A doença também causa uma fratura a cada três segundos em todo o mundo.
De acordo com a OMS, as mulheres são o principal alvo da osteoporose – uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos desenvolvem a doença. Isso porque após a menopausa, os níveis do estrogênio, hormônio que ajuda a equilibrar a saúde dos ossos caem, deixando as estruturas mais finas e frágeis. Porém, ainda há muitas dúvidas que as causas e tratamentos para essa patologia.
Dados do Ministério da Saúde referentes a atendimentos ambulatoriais sugerem que idosos do sexo feminino representam o maior número de casos de osteoporose atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2020, até agosto, foram 4.008 atendimentos de mulheres em todo o país contra apenas 76 em homens. Pessoas com mais de 65 anos representam 73,7% dos atendimentos. Aqueles com idade entre 55 e 64 anos, por sua vez, representam 17,6% do total.
Primeira fratura é ‘porta de entrada’ para investigar a doença
Considerada uma doença silenciosa, sem sintomas aparentes, a enfermidade leva à diminuição da massa óssea, resultando em ossos frágeis e porosos. Como não há a presença de dor entre seus sintomas, na maioria das vezes, as pessoas só descobrem quando há alguma fratura. No Brasil, a cada ano ocorrem cerca de 2,4 milhões de fraturas decorrentes da osteoporose.
A osteoporose é caracterizada pela perda progressiva de massa óssea, o que faz com que os ossos se tornem mais suscetíveis a quebra. Por ser silenciosa, o paciente só toma conhecimento sobre a doença em consultas de rotina, quando o médico avalia esse aspecto, ou infelizmente, com a primeira fratura – que pode ocasionar uma enorme perda de qualidade de vida, aumentar as internações e até levar a óbito.
A primeira fratura é muitas vezes a porta de entrada para investigar a osteoporose. Na maioria dos casos, a doença só é identificada após a primeira fratura. Portanto, fazer o acompanhamento médico preventivo, incluindo o exame de densitometria óssea, é fundamental para o diagnóstico precoce e evitar a progressão e as consequências da doença à longo prazo”, explica Ben-Hur Albergaria, ginecologista e vice-presidente da Comissão Nacional de Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Conheça os dois tipos de osteoporose
Existem dois tipos de osteoporose: a primária, que é relacionada ao envelhecimento e a menopausa, mais conhecida entre a população; e a chamada de osteoporose secundária, que os jovens podem desenvolver, quando ocorre a diminuição da massa óssea em decorrência de medicações ou outras doenças, como diabetes, hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, insuficiência renal crônica, cirurgia bariátrica, doença celíaca, anorexia, artrite reumatoide e uso de glicocorticoides.
Por isso, a importância de também cuidar da saúde dos ossos. Além da prática regular de atividade física desde cedo, um dos elementos fundamentais para garantir a saúde dos ossos e reduzir o risco de fratura ao longo dos anos, e a correta suplementação de cálcio e vitamina D, pois, o cálcio faz parte da composição básica dos ossos e, a vitamina D, por sua vez, promove absorção do cálcio e mantem equilibrada a quantidade de mineral que o corpo precisa.
Mesmo sendo uma doença sem cura e progressiva, atualmente temos diversas formas de lidar com a condição – inclusive, medicamentos biológico, que podem ser uma alternativa para os pacientes com o objetivo de desacelerar o ritmo da doença e evitar uma fratura ou complicações severas para o paciente, que impactam não apenas o indivíduo, mas toda sua família, considerando que a fratura pode ser incapacitante e traz consequências na qualidade de vida, independência e até improdutividade”, alerta Dr. Ben-Hur Albergaria.
7 mitos e verdades sobre a osteoporose
Ulisses dos Santos, diretor médico do Hospital HSANP, esclarece o que é mito ou verdade:
– A osteoporose atinge mais o sexo feminino.
VERDADE. A doença atinge mais mulheres após os 50 anos devido à queda brusca de estrogênio, hormônio que ajuda a manter o equilíbrio da estrutura óssea.
– Quem tem a doença não pode praticar atividades físicas.
MITO. O exercício físico estimula a formação e fortalecimento ósseo, por isso, a prática é indicada. Contudo, recomenda-se que a atividade seja acompanhada por um educador físico.
– A enfermidade não tem cura.
VERDADE. Embora não tenha cura, existem diversos tratamentos incluindo medicamentos e medidas não medicamentosas. O tratamento varia de paciente para paciente, por isso, é essencial o acompanhamento médico.
– A principal forma de prevenção é aliar uma alimentação saudável com a prática de exercícios físicos.
VERDADE. As medidas de prevenção contra a osteoporose podem e devem ser realizadas durante a vida toda, pois cerca de 90% da estrutura óssea é formada até os 20 anos de idade. Portanto, é fundamental a ingestão de alimentos ricos em cálcio, além de manter uma dieta equilibrada. Já as atividades físicas são importantes para fortalecer e formar o tecido ósseo. Outro benefício dos exercícios é o desenvolvimento do reflexo e equilíbrio, prevenindo as quedas.
– Hábitos alimentares na infância podem impactar no desenvolvimento da osteoporose.
VERDADE. A massa óssea é formada na infância e adolescência e necessita do cálcio e da vitamina D para sua formação. Por isso, é importante adotar uma alimentação saudável, com alimentos ricos em nutrientes desde a infância, para que a estrutura óssea seja forte quando adulto. Quanto mais sólido o processo de calcificação do osso, menor será a probabilidade de desenvolver a doença.
– Apenas os laticínios são fontes boas de cálcio.
MITO. Existe cálcio também de origem vegetal, como nozes, sementes, alho e vegetais de folha verde escura. É importante a consulta com o nutricionista para adaptar fontes variadas de cálcio no cardápio.
– A doença pode afetar diversas partes do corpo.
VERDADE. Ela pode atingir diversas partes do corpo, tais como: coluna, punho, braço e fêmur, sendo que este último membro citado é considerado bastante perigoso, pois pode colocar em risco a vida do paciente, em função das complicações do trauma.