No mundo, cerca de cinco milhões de mortes acontecem todos os anos devido ao tabagismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que também inclui na conta os fumantes passivos, aqueles que respiram a fumaça. No Brasil, já são 32 milhões de fumantes. Mas quem não sabe que o cigarro faz mal? E por que não para? Porque é um vício, gente! E como tal, merece ser encarado também como dependência química.
Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto), o Blog Vida & Ação destaca a campanha “E se eu parar de fumar?” promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, para ajudar a mostrar os benefícios de deixar o cigarro. A iniciativa tem apoio do Instituto Oncoclínicas – do Grupo Oncoclínicas e das suas clínicas do Rio de Janeiro (Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico e Centro de Excelência Oncológica).
“A campanha ajudará a mudar e salvar vidas, principalmente ao conscientizar as pessoas em relação aos benefícios imediatos e em longo prazo do abandono do cigarro. A maioria das pessoas, inclusive o fumante, tem consciência desses prejuízos, apesar do amplo acesso à informação. No entanto, muitos desconhecem os benefícios instantâneos à saúde do organismo”, observa o oncologista e diretor da Oncoclínica, Carlos Augusto Vasconcelos de Andrade.
Disponível nas redes sociais e nos sites do grupo, a campanha analisa as alterações na saúde da pessoa que interrompe o fumo em uma linha de tempo contínua. Por exemplo:
Após oito horas – o monóxido de carbono no sangue chega a níveis normais e, em contrapartida, o de oxigênio aumenta.
Após 24 horas – o risco de um evento cardíaco relacionado ao fumo diminui.
Após 15 anos – os riscos de desenvolver câncer de pulmão podem ser igualados aos dos não fumantes.
Calculadora virtual da vida
Além da mensagem positiva para orientar o fumante sobre as vantagens do fim do hábito de fumar, a campanha traz, ainda, uma “calculadora virtual da vida”. O objetivo da ferramenta será calcular financeiramente o que a pessoa que cessa o hábito de fumar poderá conquistar, como carros e viagens, caso renuncie ao fumo. Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), afirma que o vício do cigarro exerce um impacto negativo muito importante na saúde financeira do fumante.
“A pessoa que para de fumar terá também o benefício econômico com a redução dos gastos com o produto e com os tratamentos de saúde”, afirma. A conta é simples, considerando que um cigarro custe R$ 5 (hoje a maioria das marcas custa muito mais), um fumante que consome dois maços de cigarro por dia gastará por mês R$ 300. Por ano o valor vai para R$ 3.600, e isso sem utilizar nas contas ganhos com investimentos. Mas, se esse dinheiro for investido por dez anos em uma aplicação com rendimento de 0,6% mensais e sem considerar a inflação, ao fim do período o ex-fumante terá de R$ 52.500 e em 30 anos serão R$ 380.767,63.
“Esse custo no orçamento mensal das pessoas com certeza fará com que muitos repensem sobre a importância de manter esse vício. É lógico que esse risco é muito menor do que os físicos, entretanto, não podem negar que esse impacto reflete na economia diária do viciado e, aumentando o valor do produto, todos sentirão esse impacto. Isso sem contar os gastos que um fumante terá nesse período com problemas de saúde, ocasionado pelo cigarro, e da perda de rendimento no trabalho em função do cansaço que esse vício proporciona e as famosas ‘paradinhas’”, ressalta o especialista.
Motivos para deixar de fumar
Para o diretor da Oncoclínica, é crucial que o fumante esteja ciente de que entre os prejuízos do tabagismo, além da redução do orçamento, estão outras doenças silenciosas e irreversíveis. “Antes de prejudicar o bolso, o hábito de fumar afeta o bom funcionamento de todo o organismo, uma vez que está relacionado a doenças crônicas não transmissíveis, como enfisema pulmonar, sendo, ainda, uma importante condição de risco para o desenvolvimento de outras enfermidades, tais como – infecções respiratórias, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral”, esclarece Carlos Augusto.
Confira alguns números:
– O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 28.220 novos casos de câncer de pulmão até o fim de 2016.
– O tabagismo está na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença.
– Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, sendo responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis.
– Dentre estas, o tabagismo é responsável por 85% das mortes por doença pulmonar crônica (bronquite e enfisema), 30% por diversos tipos de câncer (pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado), 25% por doença coronariana (angina e infarto) e 25% por doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral).
Ações no Cristo Redentor, Casa Brasil e Copa D´Or
– Das 18h às 19h desta segunda-feira (29), o Cristo Redentor será iluminado com as cores vermelha e azul, com objetivo de abraçar a causa do antitabagismo, conscientizando sobre a importância de parar de fumar.
– Também hoje, às 14h30, o Inca e o Ministério da Saúde lançam a campanha “#MostreAtitude: sem o cigarro, sua vida ganha mais saúde”, na Casa Brasil, na Região do Porto Maravilha. Em talk show com atletas e especialistas da área de saúde, será lançado estudo inédito que apontará uma importante reversão na trajetória das taxas de mortalidade por câncer de pulmão no Brasil.
– De 29 de agosto a 2 de setembro, o pneumologista Alberto Araújo organiza a exposição “O tabaco e seus disfarces: mitos, crenças e verdades”, no Hospital Universitário. A mostra pretende ser itinerante na UFRJ e, posteriormente, as imagens ficarão disponíveis no site da SOPTERJ.
– Nesta terça-feira (30), o Grupo Oncologia D’Or realiza às 18h, no auditório do Hospital Copa D’Or, um ciclo de palestras para quem deseja parar de fumar. O oncologista clínico Rafael Jacob é um dos palestrantes convidados – ele fará uma análise sobre a ligação entre o tabaco e o câncer. Já o pneumologista João Pantoja irá abordar a consequência respiratória do tabagismo. Informações pelo telefone (21) 97162-5655.
Confira o depoimento: Cigarro: ‘Me livrei do vício que me aprisionava’